O Branco na terceira idade

by Diário do Vale

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Meu cachorro, o Branco, completou 13 anos recentemente. É muita idade para um cão. Antes dele o cachorro mais velho que eu tive morreu com 12 anos, depois de uma cirurgia. Com 13 anos o Branco continua saudável e cheio de disposição. Todo dia pela manhã ele me chama para uma caminhada e percorremos uma distância de dois quilômetros, em torno do campus da Escola Agrícola. Com isso ele me ajuda a ficar em forma, se bem que, comparado com ele, o meu estado físico deixa um pouco a desejar. Já tenho dores de coluna, coisa que o Branco parece ser imune.

Existe um cálculo, que nem todos os veterinários aprovam, que compara a idade dos cães com a idade dos seus donos. A fórmula considera que um ano de vida do cachorro corresponde a sete anos de vida humana. Por este cálculo a idade do Branco corresponderia a 91 anos de vida humana. E quantas pessoas o leitor conhece que conseguem correr e pular aos 91 anos de idade? O Branco faz tudo isso.

Antes de morar comigo ele foi cachorro de rua. E costumava pegar sobras de comida no refeitório do Colégio Agrícola. Até hoje, quando encontra o cozinheiro ele abana o rabo e se esfrega nas pernas do homem. Que conhece ele desde que era um filhote, aí por volta de 2005. Foi uma distensão muscular na perna traseira que levou este simpático animal a procurar abrigo no meu quintal. O problema provocava dores fortes e ele gania quando se levantava. Dei comida para ele, levei a um veterinário e o Branco não saiu mais lá de casa.

Há oito anos que ele dorme no meu quintal, acompanha-me aonde vou e costuma passar as manhãs tomando banho de sol na calçada em frente ao portão. Que tem uma portinhola daquelas de cachorro para ele sair para a rua quando quiser.

Saúde

Há alguns anos fiz um checkup em um cardiologista que incluía um exercício de esteira. O médico ficou surpreso com meu desempenho e perguntou que tipo de exercício eu fazia para me manter em forma. Passear com o cachorro foi a minha resposta. “Então, continue fazendo isso”, aconselhou o médico. Ter um cachorro pode ser muito bom para a nossa saúde.

A maioria dos donos de cães leva os animais para passear presos em uma coleira. O Branco caminha livre, geralmente uns 20 metros na minha frente, e sou eu que tenho que correr para manter o passo com ele.

Apesar de ter duas refeições diárias lá em casa meu amigo não perde os hábitos e as manhas de quando era um cachorro de rua. Outro dia eu fui ao restaurante, que fica na praça principal da cidade. Branco me acompanhou como de costume. Ele sabe que não pode entrar no restaurante e, geralmente, fica me esperando, deitado perto do coreto. Mas naquele dia passamos por três estudantes que comiam salgados em um banco da praça. Eu já sabia qual seria a reação do Branco. Ele parou diante das meninas e fez uma cara de cachorro abandonado e com fome. As garotas o ignoraram. Branco não se deu por vencido, sentou diante delas e assumiu uma expressão de “olha como eu sou bonitinho”.

Não sei se deu certo. Deixei ele lá com as meninas e quando voltei do restaurante ele estava sozinho. Se ganhou um salgadinho não sei, mas a performance valia uma recompensa. Voltamos juntos para casa onde o almoço dele estava garantido. Fui para o trabalho e ele ficou dormindo no quintal. De noite caminhamos sob o céu estrelado. Alguns cachorros com a idade do Branco perdem a visão ou ficam com problemas de urina e artrite como os seres humanos. O Branco não dá sinais de ter esse tipo de problema. Na verdade a visão e o olfato dele são muito bons.

Espero que ainda dure mais alguns anos. Sei que ele não vai durar para sempre e vou sentir falta dele nas minhas caminhadas.

Velho: Em forma na terceira idade

Velho: Em forma na terceira idade

 

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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9 comments

Rocinante 23 de outubro de 2017, 19:26h - 19:26

Bacana. Agora, mantenha-se nessa linha de falar de pets, aeronaves das antigas, lendas das antigas fazendas de Piraí e devaneios do espaço sideral, que vc não vai mal. Porque, olha, quando se mete a falar de Educação, Cultura, Economia, Juventude, Política, Sociedade e História, é aquele desastre.

Freud 23 de outubro de 2017, 12:29h - 12:29

Eu adotei uma gata, 19 anos, morenaça, olhos cor de mel…………….

Anderson 23 de outubro de 2017, 09:50h - 09:50

Muito bom! Todos deveriam adotar um vira-latas da rua. Tenho três cachorros e um gato preto adotados e são os melhores amigos que eu já tive nesta vida.

morador 22 de outubro de 2017, 14:57h - 14:57

impossível não chorar. l

Cantinflas 21 de outubro de 2017, 09:58h - 09:58

Parabéns ! Eu tenho um Branco também. Só que é gato.

Alberto 20 de outubro de 2017, 18:20h - 18:20

Belíssimo artigo. Quem não ama os animais, não é gente. Tenho um cão e uma gata, e por incrível que pareça eles se combinam. São a alegria de minha casa, e quando os netos chegam, eles fazem a festa. O cão tem o o nome de Trambique e a gatinha de Mimosa. Já estão na contagem regressiva para nos deixar, o que será uma lástima. Mas a vida é assim mesmo.

Maniac 20 de outubro de 2017, 17:07h - 17:07

Hehehehehe, o branco é muito simpático! Ainda vai longe.

Ely Marques dos Santos 20 de outubro de 2017, 12:11h - 12:11

A presença de um animal, principalmente um cão, é salutar na nossa vida. Recentemente perdi um, o Nero, um vira-latas, também encontrado na rua, com 13 anos de idade. Fora nosso companheiro inseparável, meigo, e, mesmo sem adestramento, obedecia-nos com muita fidelidade. Um câncer generalizado o levou e o que resta agora são as inúmeras fotos que guardamos como lembrança. Que seu Branco viva por muitos anos para ajudá-lo com suas artroses. Um abraço.

valenciano 20 de outubro de 2017, 10:48h - 10:48

Parabéns Sr. Jorge Calife, pela excelente reportagem sobre seu querido Branco, só que ama esses peludos sabe de seu valor em nossas vidas. Não deixei de me emocionar com sua narrativa. Faço votos que ainda faça-lhe companhia por muitos e muitos anos, por sinal, acho que deveriam viver mais tempo, pelo bem que nos proporcionam.

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