O desabafo de um ex-embaixador da Rússia

Por Diário do Vale

A guerra na Ucrânia já completou quatro meses e o massacre da população civil continua. Na semana passada um míssil Raduga, lançado de um velho bombardeiro Tupolev TU-22, caiu sobre um shopping center cheio de gente na cidade de Kremenchuk. O resultado foram 20 mortos, 60 feridos e 36 desaparecidos. Um bombeiro da cidade declarou que o mais difícil era achar os corpos das crianças em meio aos destroços. Os militares russos, que dispararam o míssil, alegam que visavam um depósito de armas perto do shopping. Já os moradores da cidade negam, e dizem que nunca houve instalações militares naquele bairro.

Nesses quatro meses de invasão russa as estatísticas já somam 6 milhões de refugiados, 5 mil mortos e um país arrasado. Tudo porque os gangsters do Kremlin resolveram retomar, em pleno século 21, a antiquíssima prática da guerra de conquista. Na qual um país invade seu vizinho para tomar suas terras e escravizar sua população. Coisa que era comum nos tempos bíblicos, quando antecessores de Vladimir Putin, como Nabucodonosor da Babilônia, buscavam expandir seus impérios.

Um retrato da decadência da elite russa esta em uma carta escrita pelo ex-embaixador russo em Genebra, que pediu demissão no dia 23 de maio. Boris Bondarev trabalhava junto a representação das Nações Unidas na Suíça e deixou o cargo afirmando que “nunca se sentiu tão envergonhado de seu país”. A carta de Bondarev é tão esclarecedora que acho importante reproduzir alguns trechos aqui nesta coluna.

Diz o diplomata russo: “A guerra agressiva iniciada por Putin contra a Ucrânia, e de fato contra o mundo ocidental, não é apenas um crime contra o povo ucraniano, mas também, e talvez o mais grave crime contra o povo russo. Com aquela letra Z riscando todas as esperanças de uma sociedade livre e próspera no nosso país.”

E Bondarev acrescenta: “ Aqueles que conceberam esta guerra só querem uma coisa: Permanecer no poder para sempre, vivendo em seus pomposos palácios de mau gosto  e navegando em iates, comparáveis em tonelagem e custo a toda a marinha russa.” E Bondarev não perdoa seu ex-chefe, Serguei Lavrov: “O ministro Lavrov é um bom exemplo da degradação da nossa diplomacia. Em 18 anos ele passou de um bom profissional a uma pessoa que, constantemente, faz declarações conflitantes e ameaça o mundo (e a Rússia também) com armas nucleares. Hoje o Ministério de Assuntos Exteriores da Rússia não trata de diplomacia e sim de mentiras e ódio”.

Na verdade ultimamente Lavrov anda sumido e as ameaças nucleares ficam por conta de uma de suas auxiliares. Puro blefe. A elite russa sabe que uma guerra com armas atômicas transformaria em poeira os seus iates e palácios bilionários. E isso é uma coisa que eles não querem. Mas o mal já esta feito e o mundo embarcou em uma nova corrida armamentista, numa época em que as nações precisavam voltar seus recursos para o combate ao aquecimento global e aos novos vírus.

Enquanto a guerra se arrasta, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, criada na guerra fria para proteger a Europa de uma invasão soviética, ganha novos membros. Diante do massacre na Ucrânia até os pequenos principados europeus querem ficar sob a proteção da OTAN. Esta semana a Finlândia e a Suécia formalizaram seu pedido de ingresso na organização. E com isso a Rússia de Putin e seus amigos magnatas vai ficando cada vez mais isolada.

 

Míssil: Alvo, um shopping center lotado de gente

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