O futuro próximo da indústria espacial

by Diário do Vale

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No último fim de semana o diretor da agência espacial americana Nasa, anunciou que astronautas voltarão a andar na superfície da Lua na próxima década. A última vez que isso aconteceu foi durante a missão da Apollo 17, em 1972. Na ocasião os astronautas Eugene Cernan e Harrison Schmit foram transportados até as montanhas lunares por um enorme foguete Saturno 5. O novo projeto envolve a construção de uma estação espacial em órbita lunar, o Deepspace Gateway. De lá os astronautas poderão ir e voltar da Lua regularmente, usando módulos de pouso.

Esse é o plano do governo americano. Mas a indústria privada pode chegar a Lua antes da Nasa. Duas empresas, a Moon Express e a Planetary Resources, estão investindo em tecnologia para explorar a Lua e os asteroides. Com fins lucrativos e não apenas científicos. A Moon Express foi fundada em 2010 no Vale do Silício. Aquela região da Califórnia famosa pelas indústrias de informática. Seu objetivo é a mineração da Lua em busca de recursos de valor econômico. Incluindo elementos raros na Terra como o nióbio, o ítrio e o disprosium.

A empresa já construiu e testou uma nave robô, o MX-1, que usa peróxido de hidrogênio como combustível. O veículo cilíndrico foi submetido a uma série de testes no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, e se tornou o primeiro módulo lunar construído por uma empresa particular.

A Agência Federal de Aviação americana já aprovou os planos da empresa de enviar veículos de carga para a Lua a partir deste ano. As naves lunares serão lançadas da Nova Zelândia, pelo foguete Electron, que usa um novo tipo de combustível.  Mas o céu não é o limite para a comercialização do espaço. Outra empresa com planos bem adiantados é a Planetary Resources. Que pretende ir além da Lua e explorar os metais e matérias primas existentes nos asteroides que passam perto da Terra.

Projeto: Nave vai procurar minérios na Lua

Projeto: Nave vai procurar minérios na Lua

Inicialmente os planos da empresa são mais modestos. Eles estão testando uma série de pequenos telescópios espaciais que serão usados para pesquisas astronômicas e monitoração da Terra. Eles também construíram pequenos satélites que foram lançados da Estação Espacial Internacional. Se tudo correr bem a empresa pretende enviar ao espaço uma série de telescópios para localizar os asteroides que possam ser alcançados e explorados na próxima década.

Tudo será feito por controle remoto, com naves robotizadas que serão montadas no espaço com a ajuda de impressoras 3D. Todos esses projetos receberam um grande impulso com o lançamento bem sucedido do foguete Falcon Heavy, aquele que enviou um carro para o espaço. Construído e operado pela empresa Space X, do bilionário Elon Musk, o Falcon Heavy pode ser usado para transportar módulos e estações comerciais para o espaço.

A ideia de uma indústria espacial não é nova, e existe desde a década de 1970. Na época a agência espacial americana desenvolveu projetos de fábricas orbitais. Estruturas com módulos capazes de alojar mais de cem operários, trabalhando na produção de ligas metálicas puras em um ambiente de gravidade zero. Esses projetos dependiam do desenvolvimento de um sistema de transporte mais barato do que os caríssimos foguetes da Nasa.

Com o desenvolvimento da tecnologia dos foguetes recuperáveis esses projetos antigos se tornaram economicamente viáveis. Ainda custa muito caro viajar para o espaço, por isso as empresas estão interessadas em obter minerais raros, que não podem ser encontrados com facilidade aqui no nosso planeta.

A nova corrida espacial envolve empresas do primeiro mundo que participam da nova revolução industrial. E os países da periferia, que não desenvolvem novas tecnologias, mais uma vez ficarão de fora.

 

 

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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1 comment

Anderson 3 de março de 2018, 23:57h - 23:57

O futuro da exploração espacial, ao que tudo indica, está na iniciativa privada. Porém, a maioria destas empresas são farsas, projetos megalomaníacos sem viabilidade econômica. No curto prazo o turismo espacial e o já tradicional mercado de lançamento de satélites pautarão a atividade destas empresas.

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