Freeman Dyson, um dos cientistas mais notáveis do século XX, morreu no dia 28 de fevereiro passado de causas naturais, aos 96 anos de idade. Professor emérito do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, Dyson devia ter recebido um Nobel de Física pelos seus trabalhos sobre as interações entre a luz e a matéria. Mas, foi esquecido pelo comitê Nobel. Matemático e físico quântico, ele ficou conhecido mundialmente por suas ideias fantásticas sobre o futuro. Não aquele futuro imediato do mês que vem ou da próxima década, mas o futuro distante do universo e dos seres vivos.
Em seu livro “Infinito em todas as direções”, que foi publicado no Brasil, ele defende a ideia de que a tecnologia do futuro vai ser biológica e não eletrônica, como a atual. Dyson acreditava que o progresso na engenharia genética permitiria criar formas de vida capazes de viver no vácuo do espaço sideral. O que seria importante para a colonização dos planetas. Uma dessas plantas imaginárias seria a “trepadeira de cometas”, uma árvore capaz de crescer na superfície dos núcleos cometários, criando um ambiente onde os seres humanos do futuro poderiam viver.
A ideia entusiasmou o astrônomo Carl Sagan, aquele da série “Cosmos”. Em seu livro “Cometa”, Sagan fala da importância dos cometas para o passado e o futuro da vida na Terra. E pediu ao artista Jon Lomberg que fizesse a ilustração aí ao lado, que mostra os cometas colonizados passando pelo planeta Saturno, em um futuro distante. Sagan comentou a ironia deste futuro possível: Se os antepassados do homem viveram em árvores, seus descendentes, simbiontes imortais, voltariam a viver nas árvores, nas florestas bioengenheiradas dos núcleos cometários.

Genial: O cientista morreu aos 96 anos
Outra ideia futurista do Dyson é a “Esfera de Dyson” que foi parar até em um episódio da série “Jornada nas Estrelas”. Durante a década de 1960 havia muita especulação sobre a existência de civilizações alienígenas mais avançadas do que a nossa. Dyson sugeriu que esses extraterrestres mais avançados iriam construir uma enorme concha esférica em torno das estrelas. Para aproveitar toda a energia que elas emitem e não uma fração como acontece com os habitantes da Terra. A ideia da “esfera de Dyson” foi lembrada no ano passado quando os astrônomos detectaram misteriosas flutuações na luz da estrela Tabby. Mas, a hipótese ainda não foi confirmada.
Na década de 1960, Dyson participou do projeto Orion, que previa o uso de explosões nucleares para impulsionar naves em altas velocidades pelo espaço sideral. A nave teria levado homens ao planeta Marte em 1965 e a Saturno em 1970. Devido a sua associação com o projeto Orion, Dyson foi um dos dois cientistas convidados a visitar o set do filme “2001: Uma odisséia no espaço”, em 1966. O outro foi o teórico da inteligência artificial Marvin Minsky, que quase morreu quando uma chave inglesa despencou do alto do cenário e caiu ao lado dele. Dyson teve uma impressão ruim do famoso cineasta e achou que ele estava mais interessado em engenhocas e mecanismos do que nas possibilidades da ciência.
Em um de seus últimos trabalhos, antes de morrer, o cientista defendeu a tese de que a vida pode sobreviver a própria decadência do Universo. Contrariando a maioria dos físicos que acredita que a vida está condenada a desaparecer à medida que o universo se expande e esfria. “A vida levou 10 bilhões de anos para evoluir do lodo primitivo ao Homo Sapiens. Nos próximos 10 bilhões de anos ela pode evoluir para além da carne e do sangue e se incorporar em uma nuvem de poeira interestelar ou em um computador sensível. Tornando-se imortal”.
Uma ideia que Kubrick defendeu no filme “2001”.

Sonho: A trepadeira de cometas na arte de Jon Lomberg
2 comments
Ótimo texto! A Esfera de Dyson foi proposta por ele!
ENQUANTO HOUVER VIDA TEM QUE HAVER ESPERANÇA . DESISTIR JAMAIS
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