O país que anda para trás

by Diário do Vale

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A novidade da semana passada, na área da economia, foi a notícia, já esperada, de que o Brasil perdeu o grau de investimento de todas as agências avaliadoras de risco. Depois da Fitch e da Standard & Poors agora foi a Moody´s que passou a considerar o nosso país um lugar perigoso para investidores estrangeiros. Lembram do trem bala do Lula? Aquele que seria construído com capital estrangeiro? Pois podem esquecer dele. Melhor assim, afinal, as obras da era Lula/Dilma estão virando um fator de risco. Semana passada desabou mais um viaduto daqueles que foram construídos para a Copa do Mundo de 2014 (aquela do inesquecível sete a um). E o canal para a transposição do Rio São Francisco também está desmoronando que nem a represa da Samarco.

Alguém comentou outro dia que o Brasil é um país que dá um passo para frente e dois para trás. É pior gente, é muito pior do que isso. Em um ano perdemos o que levou décadas para ser construído. Vejam o caso do real, que foi criado para ser uma moeda forte. E assim substituir o cruzado do tempo do Sarney, que perdera todo o valor com a hiperinflação dos anos 80. Houve época em que o real valia quase um dólar. Hoje em dia, depois do apocalipse da Dilmalândia, o valor do real anda oscilando em torno dos quatro dólares.

Tem gente que acha que isso é bom. Ajuda a atrair turistas argentinos e nas exportações. Mas a moeda desvalorizada prejudica mais do que beneficia. Afinal, somos um país que importa até trigo para fazer o pão. Sem falar em remédios, componentes eletrônicos e outros insumos. Até o remédio para as pulgas do Branco, meu cachorro, é importado e subiu com a alta do dólar. País desenvolvido tem moeda forte, o resto é conversa para enganar o povo.

No passado…

Lembro do tempo em que trabalhei na editoria de ciência do antigo Jornal do Brasil, lá no Rio de Janeiro. Naquela época a Petrobrás era uma das empresas de maior prestígio no mundo. E investia pesado na tecnologia da exploração de petróleo em águas profundas. Tinha uma empresa que funcionava ali perto da ilha da Fundão, e que estava projetando submarinos e robôs subaquáticos para a nossa estatal do Petróleo. Como repórter especializado em ciência e tecnologia eu adorava ir aos laboratórios da empresa e ver os modelos do robô funcionando dentro de um tanque de água.

Foi com esse tipo de tecnologia que a Petrobrás encontrou óleo na camada do pré-sal. E a propaganda do governo Lula anunciou uma era de riqueza e prosperidade inimagináveis. Íamos virar uma Arábia Saudita da América Latina. E os prefeitos aqui da região brigavam pelos royalties do Petróleo. Só não contavam com a roubalheira e com a queda do preço do petróleo que quase levaram a empresa à falência. Hoje nem se fala mais em lucros com o óleo do pré-sal. Com o preço do barril de petróleo em torno dos dez dólares seria jogar dinheiro fora.

A situação anda tão ruim que tem gente com saudade do regime militar. Não é por aí. Os militares foram responsáveis pelo desmonte da nossa infraestrutura dos transportes. Que começou com as empresas de navegação de cabotagem, ainda na década de 1960 e continuou com o desmonte das ferrovias nos anos 70. Os milicos não gostavam de trem nem de navios. Em plena região Amazônica, que tem uma das maiores hidrovias do mundo, eles cismaram de construir uma estrada. A Transamazônica, que meu professor de geografia chamava de “estrada que liga o nada a coisa nenhuma”.

Virou um imenso atoleiro. Talvez por ter sido projetada pelos militares, é preciso um tanque de guerra para trafegar lá. Com os trens fizeram coisa parecida. Quando eu era criança a gente pegava um trem em Niterói e ia até Campos. Também era possível ir de trem do Rio para São Paulo e Belo Horizonte. De Pinheiral a Volta Redonda levávamos dez minutos em um trem elétrico. Hoje levamos 45 minutos em um ônibus que pula por cima de 33 quebra-molas.

Não, o governo atual não é o responsável por tudo isso. Ele só deu o golpe de misericórdia no gigante adormecido.

Branco: Até as pulgas ficaram muito caras (Foto: Arquivo)

Branco: Até as pulgas ficaram muito caras (Foto: Arquivo)

 

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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3 comments

Al Fatah 3 de março de 2016, 07:18h - 07:18

Belíssima crônica! Só não concordo com o cara que disse que avançamos uma casa para recuar duas. O padrão de vida médio do brasileiro, mesmo com a crise, melhorou muito, e nem é preciso voltar tanto no tempo para lembrar o que as pessoas não tinham há 15 ou 20 anos e têm hoje com mais facilidade… O problema todo vem sendo o governo Dilma, que rouba e nada faz. Ela vem minando todas as conquistas dos governos anteriores sem acrescer nada, além de não ser nada carismática. Nisso, se parece com os militares que tivemos no governo…

Carlos 3 de março de 2016, 05:54h - 05:54

Desvalorização[editar | editar código-fonte]
No dia 13 de janeiro de 1999, o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, pede demissão. Francisco Lopes, seu sucessor, anuncia a criação de uma nova modalidade de controle cambial, denominada “banda diagonal endógena”. Como o Banco Central estava com as reservas cambiais baixas, ele não conseguiu manter o dolar no limite da banda, que era R$ 1,32, e foi obrigado a permitir a flutuação do câmbio. Com isto, o Real desvaloriza-se rapidamente, chegando a um pico de R$2,16 em marco de 1999.

Em 2 de fevereiro de 1999, o Ministro Malan demite Francisco Lopes e o substitui pelo economista Arminio Fraga, que então trabalhava para George Soros, em Nova York. Considerado por alguns como a “raposa que vai tomar conta do galinheiro”,[6] torna-se respeitado após conseguir estabilizar o câmbio no patamar de R$1,75, embora a um custo elevado para o país. E em outubro de 2002, dentro da flutuação cambial, chegou ao patamar de R$3,82 e, no fechamento do dia, a R$4,00.

Em 2002, a cotação livre do dólar no mercado financeiro iniciou o ano a R$ 2,60. Em outubro, mês da eleição presidencial, a venda do dólar chegou a R$ 4,00, a mais alta cotação da moeda norte-americana desde a criação do Plano Real, em 1994. Era o chamado “efeito Lula”, ou seja, o pânico criado no mercado em face ao favoritismo do candidato do PT para a sucessão do tucano Fernando Henrique, que artificialmente mantivera a igualdade entre o valor do dólar e o do real até a adoção do câmbio flutuante em janeiro de 1999, três meses após a sua reeleição para a Presidência da República. Livre, o dólar chegou R$ 2,16 em março de 2002. [carece de fontes]
JOGA NA REDE, E ACHA, QUE DO LADO DE CÁ, SÓ TEM IDIOTAS. VÁ PASTAR. OPS: UM PROBLEMA; MARTE TEM CAPIM?

Pagador de impostos 2 de março de 2016, 09:45h - 09:45

É isso mesmo. Todo o esforço que foi exigido da população para a estabilização da moeda e da economia ( e as perdas perdas econômicas que tivemos na transição), tudo isso foi perdido por essa administração populista e demagógica e estamos vendo agora, mais corrupta do que tudo. Voltamos uns 30 anos atrás. Só quem viveu os anos 1980 conhecem essa realidade. Para a as “incelências” está tudo muito bem. Afinal, eles vivem num mundo paralelo e só fazem contato com a nossa realidade quando precisam se abastecer. De votos, de afagos, e de dinheiro da população. Aff…….esse país já está cansando……………Até quando ?

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