O submarino que bateu em uma montanha

by Diário do Vale

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San Francisco

Estrago: Proa da embarcação foi esmagada

A internet está cheia de notícias que não chegam aos jornais diários. Outro dia eu navegava pela web quando topei com fotos de um moderno submarino nuclear em péssimo estado. Toda a proa do barco tinha sido esmagada pela colisão com uma montanha. Pode ser estranho para a maioria das pessoas que um submarino tenha batido em uma montanha. Acontece que existem tantas montanhas e cordilheiras no fundo dos oceanos quanto aqui em cima, na superfície dos continentes.
O barco acidentado é o USS San Francisco. Um moderno submarino nuclear classe Los Angeles da Marinha dos Estados Unidos. Ele navegava a toda velocidade perto da ilha de Guan, no oceano Pacífico quando bateu na montanha que não estava nos mapas. Um marinheiro morreu e 98 sofreram ferimentos. Costelas quebradas, ferimentos nas costas, lacerações. O comandante foi destituído. Embora a montanha não estivesse nos mapas, eles indicavam uma redução da profundidade do mar naquele local.
Os 125 tripulantes do San Francisco tiveram sorte. Por pouco o submarino não afundou. A colisão foi a 161 metros de profundidade, onde a pressão da água teria destruído tudo a bordo se o casco de pressão fosse rompido. Felizmente os submarinos da classe Los Angeles tem toda a proa ocupada pelo equipamento de sonar. Que foi esmagado pela colisão, atuando como um para-choque. Como se pode ver no diagrama aí ao lado, esses barcos tem um casco interno, pressurizado, onde ficam as cabines e salas de controle, e um casco externo, hidrodinâmico, normalmente cheio de água.
Faz 60 anos que o primeiro submarino de propulsão atômica, o Nautilus, foi lançado ao mar. Em 1955 ele representou uma revolução na tecnologia naval. E ficou famoso ao chegar ao polo norte, em 1958, navegando sob o gelo da calota polar. Uma façanha que inspirou o filme de ficção científica “Viagem ao Fundo do Mar”, que virou série de televisão. Atualmente existem centenas de submarinos nucleares navegando pelos mares do mundo. Eles pertencem às marinhas dos Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França e China. O Brasil tentou construir um submarino nuclear, mas depois de trinta anos de investimentos o projeto não teve sucesso. São embarcações caras, de manutenção difícil e operação complexa.

Sonho

Em 1955, quando o Nautilus foi lançado ao mar, os engenheiros sonhavam com versões civis dessas embarcações. A empresa General Dynamics, que constrói os submarinos americanos queria construir um enorme petroleiro submarino, de 120 mil toneladas, para carregar petróleo dos poços no Alasca para os portos americanos e europeus. A empresa também projetou um barco de 100 metros de comprimento para transportar gás natural. Até hoje os projetos não foram adiante devido ao alto custo de operação de um submarino de propulsão atômica.
A Rússia também desenvolveu projetos semelhantes, já que boa parte de seus portos fica bloqueada pelo gelo durante o inverno. Um submarino pode passar por baixo de gelo, além disso, ele não é afetado pelas condições do tempo. Pode soprar um furacão na superfície, o mar pode estar com ondas de dez metros de altura, mas a 100 metros de profundidade a calma é absoluta. O capitão só precisa ficar atento aos mapas para não bater nas montanhas submersas.
E antes de terminar esta aventura submarina é bom lembrar o que aconteceu com o Nautilus, o primeiro submarino atômico do mundo. Hoje, 60 anos depois, ele continua intacto e foi transformado em um museu flutuante. Lá em cima, no primeiro mundo é assim. Eles preservam a história. Não fazem como fizeram lá em Pinheiral, onde deixaram o passado virar um monte de entulho e depois colocaram uma placa comemorando.

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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4 comments

Ildefonso 10 de setembro de 2015, 20:52h - 20:52

Calife, gosto muito dos seus livros, principalmente a trilogia Padrões de Contato. Parabéns!
Só uma ressalva, “lá em cima” eles também pisam na bola, historicamente falando, desmontaram a torre dos ônibus espaciais. Uma pena.http://www.collectspace.com/news/news-082514a-shuttle-mate-demate-demolition.html
Abraço.

Ricardo o grande 9 de setembro de 2015, 16:20h - 16:20

Esse colunista, tem uma cara de desânimo do cacete!!!!!

Ednei 8 de setembro de 2015, 11:06h - 11:06

O Brasil ESTÁ construindo um submarino nuclear em parceria com a França.
Pesquise por PROSUB na internet.
Abraços

Machado 8 de setembro de 2015, 08:39h - 08:39

Esse acidente foi há mais de dez anos!

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