Os 45 anos das sondas Voyager

by Diário do Vale

Voyager: Visitando Júpiter e Saturno

Em uma manhã ensolarada, no dia 20 de agosto de 1977, os pântanos que cercam a base de Cabo Canaveral, na Flórida, estremeceram com o ronco de um foguete Titã-Centauro. Embrulhada no cone branco do foguete viajava a sonda espacial Voyager 2. Um robô movido a energia nuclear que iria revelar as maravilhas do espaço profundo. Um mês depois, no dia 5 de setembro, subiu sua irmã gêmea, a Voyager 1. A missão desses dois exploradores robôs era fotografar os gigantes gasosos, os mundos externo do nosso sistema solar e suas dezenas de luas. E depois mergulhar no espaço interestelar, para sondar as fronteiras da nossa família de planetas.

O projeto Voyager tinha começado com uma decepção. Na década anterior, durante os anos do projeto Apollo e das missões lunares, o cientista Gary Flandro, da Nasa, percebeu um fato curioso. Durante a década de 1970 ia acontecer um raro alinhamento dos planetas do Sistema Solar. Júpiter, Saturno, Urano e Netuno ficariam enfileirados no céu. E como num jogo de bilhar cósmico, uma espaçonave que viajasse para Júpiter poderia usar a gravidade deste planeta para tomar o rumo de Saturno. E uma vez em Saturno a gravidade do grande mundo anelado poderia empurrá-la na direção dos planetas mais distantes. Urano e Netuno.

A nave robô encarregada desta missão, batizada com o nome de “Grand Tour” (A Grande Excursão) seria chamada de TOPS (Sigla em inglês de Espaçonave Termoelétrica para os Planetas Externos). A TOPS usaria energia nuclear de geradores de plutônio e teria um computador dotado de inteligência artificial, para gerenciar a nave. Isso porque os sinais de rádio levariam quase uma hora para viajar da Terra até a espaçonave, quando ela estivesse perto de Saturno.

A TOPS seria lançada por um foguete Saturno 5. Do mesmo tipo usado para enviar as naves Apollo para a Lua. Infelizmente o projeto não teve a aprovação dos políticos norte-americanos. E foi cancelado. Mas os cientistas da Nasa não desistiram. Afinal, outro alinhamento dos planetas só aconteceria daqui a 175 anos. A equipe do Laboratório JPL criou duas versões reduzidas da TOPS, que foram batizadas com os nomes de Voyager 1 e 2. E que poderiam ser lançadas pelo foguete Titã-Centauro, muito mais barato do que o enorme Saturno 5. Desta vez a missão foi aprovada pelo Congresso e a partida marcada para 1977.

Um disco de ouro, concebido pelo astrônomo Carl Sagan, foi colocado nas duas naves. Ele contem imagens e sons da humanidade, que serão preservadas para a posteridade durante 5 bilhões de anos. Naqueles discos esta gravado o choro de um bebê, músicas de jazz, e até o Mick Jagger cantando “Satisfaction”. Também existem saudações em vários idiomas. A saudação em português diz “paz e felicidade para todos”.

Dois anos depois de partirem da Terra, em 1979, as duas Voyager sobrevoaram seu primeiro objetivo, o gigantesco planeta Júpiter. Aceleradas pela gravidade de Júpiter elas atingiram Saturno em 1980. As fotos que enviaram desses mundos e suas luas deixaram os astrônomos boquiabertos. Io, uma das luas mais próximas de Júpiter, tinha vulcões em constante erupção. E Titã, a maior das luas de Saturno, era coberta por uma névoa vermelha rica em compostos orgânicos. E os anéis de Saturno não eram apenas três, como os astrônomos pensavam até então. Eram dezenas, alguns enrolados como tranças cósmicas.

Antes de deixar o sistema solar a Voyager 2 enviou uma foto da Terra, como um pálido ponto azul perdido em meio a poeira cósmica. Foto que levou Carl Sagan a escrever seu famoso discurso, lamentando os rios de sangue derramados pelos ditadores humanos, em prol do domínio de partes insignificantes deste ponto azul.

 

Jorge Luiz Calife

 

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1 comment

Jorge Lucas 7 de setembro de 2022, 20:14h - 20:14

Bom trabalho de redação Calife

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