Os bonecos da Roberta e a ficção na TV

by Diário do Vale

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Os seriados de ficção mais famosos da década de 1960 foram “Jornada nas Estrelas” e “Perdidos no Espaço”. Mas houve muitos outros seriados hoje esquecidos, que serviram de influência para estas séries mais famosas. Um deles foi a “Patrulha do Espaço”, criada pela produtora inglesa Roberta Leigh. Até ela achava que o seriado não existia mais, até encontrar um pacote completo, com cópias em 16 mm de todos os episódios, em um cofre esquecido. Agora esse seriado infantil de ficção científica pode ser reencontrado em DVD de região 1 ou assistido no grande baú do YouTube.
“Patrulha do Espaço” (Space Patrol no original) foi parte de um fenômeno curioso, acontecido na Inglaterra dos anos de 1960. O encontro de uma das formas mais antigas de arte, o teatro de marionetes, com a ficção da era espacial. Dois produtores ingleses de filmes para a TV, Gerry Anderson e Roberta Leigh, tiveram a ideia revolucionária de fazer seriados futuristas com marionetes no lugar de atores humanos. Anderson produziu “Fireball XL-5” e “Thunderbirds”, Que virou até longa-metragem para o cinema. Roberta Leigh produziu os 38 episódios da “Patrulha do Espaço”.
A vantagem de fazer filmes com bonecos era o custo. Os cenários futuristas podiam ser miniaturizados. O interior das naves espaciais podia ser montado em cima de uma mesa. Sem falar que os “atores” de madeira não tinham crises de estrelismo, não pediam aumento de salário e não ficavam gordos nem envelheciam. Embora fossem feitos para o público infantil, os roteiros eram inteligentes e passavam noções de ciência que muitos filmes para marmanjo ignoram.
A televisão era em preto e branco, daí que as primeiras séries de marionetes, “Fireball XL-5” do Gerry Anderson e “Patrulha do Espaço” da Roberta Leigh eram em preto e branco. O que ajudava a tornar mais fantásticos os cenários em miniatura. Depois, em 1964, Gerry Anderson lançou os “Thunderbirds” em cores e foi um sucesso mundial. “Patrulha do Espaço” era bem mais modesta, mas não perdia nada no quesito imaginação.

Produção

O seriado foi produzido três anos antes da série adulta da “Jornada nas Estrelas”. Mas antecipou muitos dos conceitos que seriam adotados depois pelo criador de Jornada, Gene Robemberry. As naves da “Patrulha do Espaço” são pilotadas por seres humanos vindos de três planetas diferentes: Da Terra, de Vênus e de Marte. Os venusianos parecem elfos do “Senhor dos Anéis”, são loiros, de orelhas pontudas e possuem uma civilização centrada na lógica e na matemática. Já os marcianos são guerreiros, não levam desaforo para casa e possuem testas longas. Tem muita gente que jura que foi daí que o Rodemberry tirou a ideia dos vulcanos e Klingons de Star Trek.
Em outros aspectos “Patrulha do Espaço” é até mais científica do que suas sucessoras. Os personagens se preocupavam em descontaminar suas naves, na partida e na chegada da Terra para não levar micro-organismos terrestres para outros mundos, e vice versa. As naves levam meses viajando pelo espaço e os tripulantes usam a hibernação criogênica, dentro de uma câmara que eles chamam de “freezer” enquanto um robô pilota as naves para eles. As histórias se passam todas dentro do nosso sistema solar, o que é outro reconhecimento da vastidão do espaço sideral.
É claro que hoje, quando vivemos no futuro, essas ficções dos anos 60 parecem ingênuas. Todos os planetas são habitados e possuem o mesmo tipo de paisagem. Por medida de economia, não importa se os patrulheiros espaciais estão em Júpiter ou Urano, o cenário é sempre uma floresta pantanosa e nevoenta. Mas pelo menos eles usam capacetes e trajes pressurizados para se protegerem do ambiente alienígena. Coisa que os seriados mais adultos costumam ignorar.

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Salvos: Marionetes conquistam o sistema solar (Foto: Divulgação)

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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1 comment

ALEXANDRE 1 de outubro de 2015, 12:01h - 12:01

Mais uma vez… um texto fantástico. Parabéns, Calife!!!

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