Os melhores planos dos ratos e dos homens

by Diário do Vale

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“Os melhores planos dos ratos e dos homens frequentemente fracassam. Não importa o quão cuidadoso seja o projeto, algo sempre pode sair errado”. A frase foi tirada da obra “Para um rato” que o poeta escocês Robert Burns escreveu no século XVIII. Ela sempre vem à minha mente quanto assisto ao noticiário político nos telejornais da noite. Como os ratos de Robert Burns os políticos brasileiros criam esquemas bilionários para se locupletarem e permaneceram no poder. Mas algo sempre dá errado, para desespero dos homens e dos ratos.

Vejam o caso da dupla Lula/Dilma. O PT tinha um plano perfeito para se perpetuar no poder durante 70 anos. O plano incluía “programas sociais” como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e outros, para manter uma boa parcela da população subjugada e dependente. Na última eleição os cabos eleitorais do PT ficavam de plantão perto das zonas de votação avisando: “Tem que votar na Dilma, se não votar na Dilma o bolsa família acaba”. Era o maior esquema de compra de votos da história desta terra de palmeiras e sabiás.

Antes da queda da Dilma, falava-se até mesmo no “bolsa novela”. O governo ia comprar milhares de conversores de TV digital para distribuir entre as famílias de baixa renda. Para os pobres assistirem a novela das oito em alta definição. O que em um país como o nosso, onde metade dos doentes de câncer interrompe o tratamento por falta de medicamentos nos hospitais públicos, é um desperdício que beira a irresponsabilidade criminosa.

Mas o povo estava satisfeito e o PT continuava no poder. Era um plano perfeito, mas como diria o Robert Burns algo sempre sai errado. Os planos no PT não contavam com a insatisfação de seus aliados do PMDB. Como o deputado Eduardo Cunha, que iniciou o processo de impeachment contra a sucessora de Lula. Ou como o vice-presidente Michel Temer, que não se conformava com o desprezo que recebia no planalto e apoiou a destituição da “presidenta” como diziam seus correligionários. Outra coisa que não foi levada em consideração nos planos dos ratos e dos homens foi o alcance da Operação Lava Jato. Que revelou a dimensão da corrupção nos corredores do poder. Que os nossos políticos são corruptos isso todo mundo já sabia. O que a Lava Jato fez foi dar nome aos bois.

Outro plano perfeito, que também não deu certo foi o do ex-governador Sérgio Cabral, atualmente residindo no presídio de Bangu 8. Seu esquema de corrupção era fantástico e envolvia a lavagem de dinheiro através da compra de joias e o envio de somas milionárias para bancos situados na Suíça e nas ilhas Bahamas. Até o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, que supostamente deveria vigiar os gastos do governo, fazia parte do esquema. Semana passada foram presos nada menos do que sete conselheiros. A falha no plano foi não levar em conta as delações premiadas e a ação da Lava Jato. Que até hoje os nossos políticos tentam barrar sem sucesso.

Atualmente assistimos a execução de outro “plano perfeito”, o do governo Temer. Depois de chutar a Dilma para escanteio, Temer anunciou seu plano de “salvar o Brasil” através do corte de gastos e despesas. Na verdade é outra desculpa para aumentar impostos e massacrar a população, principalmente os aposentados e os assalariados. O povo anda desapontado com o novo salvador da pátria, mas, afinal, o que vocês esperavam? Se Temer fosse bom não tinha sido vice da Dilma.

Semana passada o governo anunciou um novo rombo bilionário. E decidiu aumentar os encargos sobre a folha de pagamento das empresas. E depois dizem que querem acabar com o desemprego. Mas não se desesperem. Temer só tem mais um ano e meio para implementar seu plano “perfeito” de salvação nacional. E muita coisa pode dar errado.

Como nos planos mais elaborados dos ratos e dos homens.

 

Imprevisto: Políticos não previram a dimensão da Lava Jato (Foto: ABr)

Imprevisto: Políticos não previram a dimensão da Lava Jato (Foto: ABr)

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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2 comments

GUEVARA 4 de abril de 2017, 21:44h - 21:44

No entanto, os ratos são mais honestos e dotados de caráter, qualidades não encontradas nos políticos de Brasília. Merecem eles, os “insolências”, o que há de pior em uma sentença criminal.

Anderson 4 de abril de 2017, 16:44h - 16:44

Dizem que todo momento de crise pode ser uma oportunidade para mudanças. No caso do Brasil foi o momento de retirar do poder uma quadrilha que assaltava os cofres públicos há 13 anos. Foi um passo extremamente necessário, mas não a solução imediata de todos os problemas, o que vai levar pelo menos uma década dado o estrago causado pelos petralhas.

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