Pão e circo

by Diário do Vale

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“Se não têm pão, comam brioches”. Atribui-se à rainha Maria Antonieta esse “conselho” aos franceses que com fome estavam em busca de alimento. Nunca se teve a certeza de que esta frase saiu mesmo da boca da rainha, mas mesmo assim a incerteza ajudou, e muito, a provocar uma enorme insatisfação no povo, o que acabou por culminar com a Revolução Francesa, já no fim do século XVIII. Dita ou não, a tal frase mostrou para um país inteiro o que seus governantes pensavam do povo e de suas necessidades. Onde há fumaça, há fogo.

Outra expressão que marcou um tempo, mais especificamente o passado em Roma, mais ou menos em 70 d.C.: “Pão e Circo”. Esta deu pano para manga e mostrou que essa política havia sido criada de forma a manipular o povo romano, onde a aristocracia buscava fazer a plebe não dar a menor atenção a política, e sim para tudo o que tivesse haver com comida e divertimento. O resto era “perfumaria barata”, é bom que se diga que esta expressão não era daquela época.

Expressões estas ditas ou não ditas, de tão forte que eram acabaram se imortalizando e atravessando os séculos, ganhando força e verdade, nunca tendo saído da boca do povo, que hoje tal qual naquela época ainda vive sob a égide do governo em todas as suas esferas.

E o governo continua a agir como se nunca tivesse sido povo e dá sinais claros de que nunca pretende sê-lo, ele e seu séquito são seres surreais oriundos de algum planeta que ainda não foi descoberto no sistema solar.

Em ciência política, chama-se forma de governo o conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza objetivando exercer o seu poder sobre a sociedade.

E isto, de exercer o poder sobre a sociedade, que ele, o governo, leva muito a sério, toma isso como objetivo número 1 e o faz em muitos casos como em inúmeros países com requinte e crueldade. Eis aí um ditador disfarçado de governo, buscando exercer seu poder custe o que custar, a “ferro e fogo”. Esta, outra expressão marcante e dolorida, que na verdade é sentida em sua totalidade pelo povo, sempre ele.

Um velho ditado Taoista diz que “Quanto mais instruído o povo, tanto mais difícil de o governar…”, algo que muitos dos governantes de Roma e tantos outros dos dias atuais, abominam por completo.

Em Roma, no tempo de crise, as autoridades mantinham a população sob controle, construindo e oferecendo para sua alegria grandes arenas, onde se realizavam os mais terríveis e sangrentos espetáculos. Local onde se via a morte de homens e animais, corridas de bigas, espetáculos com música e animadores, além de artistas e corridas de cavalos e leões.

Hoje, estes espaços já não mais existem, os que ainda estão de pé, servem de museu a céu aberto, mas é bem verdade que foram criadas inúmeras outras formas de cabrestrar o povo, algo que vai das velhas e conhecidas dentaduras até as camisas, passado pelo tijolo e o cimento, e ainda o dinheirinho fácil. Também o sapato, o churrasco, o jogo de camisas para o time local, o remédio, a cervejinha, a ajudinha nas festas de rua e por aí vai.

O Pão e o Circo continuam firmes e fortes, capazes de seduzir aqueles que muitas vezes trocam o voto achando que usufruíram de vantagens, mas quando descobrem, algo que nem sempre acontece, sentem-se como palhaços na sua expressão menos engraçada, plantados em uma arena, cercados por leões famintos, animais que não pretendem comê-los, mas sim amedrontá-los, deixando-os suficientemente acuados para que daqui há quatro anos possam mais uma vez dar os seus votos em troca de um badulaque qualquer, permitindo que o governo e sua horda façam deles, meros objetos de desejo.

O Pão e o Circo, nunca terão fim, será algo eternamente passado de pai para filho, enquanto nos comportarmos como adestrados silvícolas, prontos para dizer sim, apertando a tecla verde CONFIRMA, sem jamais conhecermos de verdade aquele a quem elevamos à condição de nosso governante.

 

 

ARTUR RODRIGUES | [email protected]

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4 comments

VAI VENDO 22 de janeiro de 2018, 00:41h - 00:41

Eu não entendi: “Em ciência política, chama-se forma de governo o conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza objetivando exercer o seu poder sobre a sociedade.”

Neste caso o autor quis dizer SISTEMA DE GOVERNO que a Ciência Política reconhece como presidencialismo ou parlamentarismo. FORMA DE GOVERNO é Monarquia ou república. Parece que a informação é uma república por ser tudo uma bagunça só.

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Outra questão é: “Um velho ditado Taoista diz que “Quanto mais instruído o povo, tanto mais difícil de o governar…”

Se o ditado é dessa autoria não é a questão, mas se povo instruído fosse difícil de governar, o que diz dos países MONÁRQUICOS, cujo povo é o mais instruído do mundo? Podemos citar alguns como Noruega, Austrália, Dinamarca, Suécia (diferente da Suíça) e Nova Zelândia, todas entre o 1º e 2º lugar no ranking mundial em IDH, MAIS FELIZES, MENOS CORRUPTOS e MELHORES PARA VIVER

Só para lembrar: NOVA ZELÂNDIA era pior em tudo do que o Brasil até 1960. A diferença é que o povo escolheu o caminho da MONARQUIA. Aqui não sabemos nem o que é MONARQUIA até hoje. kkkkkkkkkkkkkkk

Só para fechar: parar de promover esses ditados que denigrem e ajudam a afundar ainda mais um povo é bom. Com certeza o jornalismo brasileiro (e o DV) se tornará um jornalismo de primeiro mundo como o que existe nos países acima, e que faturam fortunas em Euros. Só para ter uma ideia, uma notícia da Rainha Elisabeth II rende fortunas para eles.

Eu já desafiei aqui a ajudarem a instruir o nosso povo (só trazendo escolas para visitar o DV é uma ótima iniciativa, mas é muito pouco). Ou será que queremos continuar jornalistas de terceiro mundo e promovendo esses ditados destrutivos?

Para não perder o costume: VAI VENDO Aí o que dá votar em candidatos que NÃO CONHECEM a Administração Pública e NÃO ENTENDEM de Gestão Pública.

Artur Rodrigues 26 de janeiro de 2018, 07:58h - 07:58

Prezado Vai Vendo, bom dia. Como não lhe vi apenas respondo as suas colocações pertinentes e as respeito como um leitor que dissecou a coluna de maneira brilhante. Se todos no mundo fossem iguais a você. Mesmo que vc não goste de ditados ou similares como falei antes dessa frase, eles servem muitas vezes para explicar e até provocar. Fique com meu melhor abraço. Artur Rodrigues

ZAMBE 21 de janeiro de 2018, 10:51h - 10:51

E vai continuar existindo amigo. Enquanto analfabeto votar, e pessoas mais humildes que você ” compra ” com telhas, tijolos, areia, etc, esses políticos vagabundos permanecerão no cenário. Infelizmente.

Artur Rodrigues 26 de janeiro de 2018, 08:00h - 08:00

Zambe, bom dia. Concordo com você, enquanto essa troca estranha e que só ajuda a um determinado lado continuar a existir, nós existiremos assim sempre a mercê de políticos sem talento e caráter. Grande abraço

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