Presidentes lideram em vez de mandarem

Por Paulo Moreira

Símbolo: Faixa presidencial denota a autoridade de quem foi eleito, não acesso a superpoderes
Ilustração: Reprodução Internet

Estamos todos de saco cheio com o Brasil. Corrupção, criminalidade em alta, economia andando de lado ou para trás, disputas ideológicas afetando a forma como as famílias são formadas e as crianças são educadas, tudo reclama uma solução urgente, pra ontem.
E tudo parece completamente fora do alcance do cidadão comum – a não ser talvez comprar uma passagem só de ida para os Estados Unidos e torcer para não ser deportado pelo Trump.
Aí surge a ideia de encontrar alguém capaz de resolver todos os problemas do país: um presidente genial, eleito com o apoio das massas, para “mudar tudo isso que está aí”.
É triste, mas é preciso dizer: não vai acontecer. Resolver os problemas do Brasil não é tarefa para um presidente, mesmo que ele tivesse, como algumas pessoas querem que tenha, os poderes de um ditador.
Os problemas do Brasil são uma tarefa para todos. É preciso, claro, que tenhamos no comando do país alguém que a maioria dos eleitores escolheu. Essa pessoa estará automaticamente comprometida com propostas feitas por ela mesma durante a campanha.

Nada de super-presidentes

Presidentes da República são personagens importantes, mas, embora tenham muito poder e autoridade, não podem acreditar que vão achar, sozinhos ou mesmo contando com a ajuda de seu ministério, as saídas para todas as encrencas em que este país está metido.
Um presidente precisa ser um líder, capaz de convencer até os que não votaram nele de que há um caminho, e também de ouvir até os que não votaram nele na hora de decidir o caminho a ser seguido.
Ele não pode ser um déspota, achando que os votos do povo lhe dão um cheque em branco para fazer um país de acordo com os seus próprios pensamentos ou pior, seus próprios interesses.
Ele não pode ser um ditador, achando que o fato de ter sido eleito o faz mais importante do que o Legislativo ou o deixa fora do alcance do Judiciário.

O (a) presidente de que precisamos

É preciso que a pessoa que elegermos presidente tenha a humildade e a grandeza moral suficientes para entender que não sabe as respostas para todos os problemas do país, e que descobri-las é uma tarefa coletiva.
Precisamos de alguém que queira um país forjado a partir de um grande acordo nacional, com os trabalhadores e com os empresários, antes de com “o Congresso, o Supremo e tudo”.
Precisamos de alguém que dê mais importância ao país do que aos interesses de partidos e de lideranças.

… e do que o presidente vai precisar

Mas essa pessoa precisará de um Congresso Nacional mais comprometido com a solução dos problemas do país do que com a nomeação de apadrinhados para cargos no segundo, terceiro, quanto ou quinto escalões ou com os ganhos financeiros e políticos que possam ser obtidos com essa “farra de cargos”.
Essa pessoa precisará de um Judiciário mais interessado em fazer cumprir a Lei do que em atender a interesses próprios ou de terceiros.
Essa pessoa precisará também de um empresariado que, mesmo visando o lucro e a sobrevivência de suas empresas, queira fazer isso à custa de uma administração bem feita, não de privilégios ou de protecionismo.
O Brasil precisa também de trabalhadores que, além de quererem melhores salários e benefícios, saibam que seu trabalho é um dos componentes necessários para o faturamento da empresa, e que é desse faturamento que tem que sair o seu salário.
Os servidores públicos precisam ter em mente que, embora tenham regime de contratação diferenciado, são trabalhadores como os da iniciativa privada, não seres adotados pelo Estado para serem sustentados o resto da vida sem terem de dar nada em troca.
Os militares precisam manter seu compromisso com a defesa do país e devem saber que cabe a eles cobrar do governo os equipamentos e condições para que sejam uma força efetiva, que pode passar um século sem ser acionada, mas não pode passar um segundo sem estar pronta.
Os estudantes precisam saber que cabe a eles fazer seu futuro, e que é da capacidade deles que surgirá as melhoras que tanto desejam.

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6 Comentários

Fernando 8 de agosto de 2018, 09:44h - 09:44

Em resumo, o que o país vai ser é a soma das responsabilidades para com o Brasil, de cada um.

MAURO 7 de agosto de 2018, 12:23h - 12:23

BOLSONARO PRESIDENTE.

Smilodon Tacinus 7 de agosto de 2018, 07:34h - 07:34

Perfeito! Eu sempre digo que não há salvadores da pátria. Ainda que tivéssemos um poder público probo, eficiente e atuante, seria como atirar pérolas aos porcos… O país é feito por mais de 210 milhões de pessoas, não por um punhado de políticos…

O povo brasileiro é cultural e economicamente subdesenvolvido. Se quisermos mesmo um país melhor, a meta a ser perseguida é a educação, assim como fizeram os tigres asiáticos, que têm estudos sociais e morais no currículo, assim como tínhamos aqui até antes da democratização. Comparar o nível de conhecimento de um estudante dos anos 80 e outro dos anos 2000 chega a ser vergonhoso… Pessoas educadas vão menos a hospitais, isso é um fato…

CEM Reais para votar, SEM candiatos éticos depois 7 de agosto de 2018, 01:08h - 01:08

Concordo! … ou seja, o Brasil e nos governos precisam é de quem CONHEÇA a Administração Pública e ENTENDA de Gestão Pública. Colocar um veterinário como secretário de saúde ou colocar um ministro de esquerda na defesa do país é o fim da picada. Ou então aquele candidato que disse que não entende nada de economia e se quiser saber do assunto pergunte ao seu economista. Economista este que tbm não entende nada de Gestão Pública.
Com certeza o economista não saberá o que precisa fazer diante de mais uma dívida de 250 bilhões de Reais SEM aumentar os impostos. Até o Samuca que é um contador, exímio conhecedor de contabilidade aumentou os impostos em VR.

Muitos escolhem o governante achando que ele será um ditador, que vai obrigar os deputados a fazerem isso e aquilo, que vai dar ordens como os eleitores dão em suas casas. Não é assim!

Os brasileiros não sabem votar. Desculpe: Vc que me lê, tbm, caso não conheça a Administração pública (muitos trabalham nela até morrer , mas não conhecem o que faz a pasta ou secretaria do lado). Vamos procurar estudar o que é política (e a politicagem tbm), o que é cidadania e ser cidadão; o que é Administração Pública (Estado para muitos); e o que é Gestão Pública, além, claro de estudar o que é “gestão pública” inaugurada pelo Samuca.

Sem este mínimo conhecimento de seus conceitos é ôba ôba de analfabeto político escolhendo candidatos. 99,9% deles se iludirão com a política para depois vir aqui falar que irão votar nulo/branco ou pagar a multa.

Zezin 6 de agosto de 2018, 18:49h - 18:49

Desde criança prestando atençao nos discursos de nossos politicos, cheguei aos 70 anos com a seguinte conclusão: A democracia verdadeira são aquelas que os politicos legislam para eles mesmos. Tenho forte tendência nesse pleito ANULAR meu voto.

guto 6 de agosto de 2018, 13:51h - 13:51

Excelente análise, pois não adianta eleger um presidente com uma proposta de reduzir a presença do Estado e eleger deputados federais e Senadores que queiram mais Estado, ou seja, temos que ter muito cuidado e atenção para quem estamos votando para o Senado e a Câmara Federal!
Logo, temos que pesquisar bem o passado dos candidatos, como se posicionaram perante os temas importantes na política brasileira, como votaram em assuntos estratégicos para o bem estar da população. E se são novatos, devemos saber como se portaram em suas vidas privadas como advogados, administradores, empresários, líderes comunitários, jornalistas, etc…
Isso tudo envolve muita consulta nas mídias tradicionais e tempo de leitura, contudo como ainda temos mais de 40 milhões de analfabetos funcionais no Brasil, logo muita gente incompetente e inapta será eleita nas próximas eleições!
Como diria o jornalista Boris Casoy: “Isso é uma vergonha!”…

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