Problemas no caminho do futuro

by Diário do Vale

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O futuro está nas nossas portas, mas há alguns problemas no caminho. Está é a conclusão do livro “Soonish – Ten Emerging Technologies that will improve or ruin everything” (“Logo! Dez tecnologias emergentes que podem melhorar ou arruinar com tudo”), do casal britânico Kelly e Zach Weinersmith, que saiu este mês pela Penguin Books. Zach é cartunista e sua esposa é bióloga da universidade do Texas. Os dois têm um blog sobre novas tecnologias e resolveram pesquisar fundo nos problemas em torno das novidades que andam sendo anunciadas na internet.

O livro critica, por exemplo, o projeto do bilionário Elon Musk, que pretende inaugurar um serviço de transporte intercontinental com foguetes na próxima década. Os autores do livro lembram que o combustível dos foguetes atuais é altamente poluidor. Eles não causam grande impacto sobre o meio ambiente porque são lançados relativamente poucos foguetes ao longo de um ano. Mas, se as pessoas começarem a lançar foguetes todo dia, para ir para Nova Iorque ou para o Japão, a poluição será um problema.

Além disso, a aceleração desses foguetes fará com que os passageiros se sintam em uma montanha russa infernal. Uma solução seria usar combustíveis não poluidores, como o hidrogênio e oxigênio. Mas, para isso, Elon Musk e sua Space X terão que modificar os motores de seus foguetes que, atualmente, queimam querosene e gás metano. O transporte hipersônico ideal seria um avião de asas delta, como o Expresso do Oriente proposto pelo governo George Bush na década de 1980. Só que a tecnologia para esse tipo de aeronave ainda não está tão desenvolvida quanto a dos foguetes poluidores de querosene.

Outra ideia criticada no livro é a da energia solar vinda do espaço. Na década de 1970 cientistas espaciais lançaram um plano para a construção de enormes satélites para captar a energia do Sol no espaço. Alguns desses satélites teriam mais de um quilômetro de diâmetro e a eletricidade gerada seria enviada para a Terra em um feixe de micro-ondas. Na época se acreditava que o projeto seria viável agora, no século XXI.

Mas o custo é o grande problema. Um painel solar, no espaço, gera 40 vezes mais energia do que o mesmo painel colocado na superfície da Terra. Mas o custo de uma usina solar orbital está na casa das centenas de bilhões de dólares. É mais econômico instalar 40 painéis solares aqui na Terra e conseguir a mesma quantidade de energia. Uma usina solar na Terra é bem menos perigosa do que uma no espaço. O tal raio de micro-ondas, que enviaria a energia para a Terra, poderia fritar pessoas e aviões se saísse fora do rumo.

Outra ameaça para o nosso futuro, segundo os autores do livro, são as tecnologias de interface cérebro-computador. Em uma entrevista para o site Space.com, Kelly Weinershmith resumiu bem o problema: “Se você colocar uma colônia de pessoas em um planeta de Alfa Centauri e elas ainda forem capazes de ler Shakespeare, e entender do que ele está falando, essas pessoas ainda são humanas para mim. Mas quando falamos de tecnologias que alteram o cérebro entramos em um mundo totalmente novo. E deixamos de ser pessoas”, disse a autora.

Para ela a solução para o problema das viagens espaciais seria o elevador orbital. Previsto pelo escritor Arthur C. Clarke em seu romance “As fontes do paraíso”. A ideia é estender um cabo de nanofibras de um satélite no espaço até a superfície da Terra. Depois de solidamente ancorado o cabo serve de suporte para elevadores de propulsão elétrica que passam a levar pessoas e carga para o espaço. Sem o estrondo e a poluição dos foguetes.

Como no caso das usinas solares espaciais, o elevador espacial ainda implica em um alto custo para construção e desenvolvimento. O que adia o projeto para o final deste século. E quanto aos androides do Blade Runner? Esses vão continuar a ser fantasia ainda por muito tempo.

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JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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1 comment

Anderson 27 de outubro de 2017, 09:49h - 09:49

Interessante este livro. Nossos descendentes terão que usar com muita sabedoria estas tecnologias, pois caso contrário arruinarão o planeta. É como colocar uma espingarda nas mãos de um chimpanzé.

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