Ratatouille em Pinheiral

by Diário do Vale

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 Terrível: Matilda era da espécie Rattus norvegicus  (Foto: Divulgação )


Terrível: Matilda era da espécie Rattus norvegicus
(Foto: Divulgação )

Meu sobrinho adora aquele desenho da Pixar sobre os ratos franceses. O “Ratatouille”. Acho que assisti com ele umas cinco vezes. A história começa em uma fazenda a margem do Rio Sena, a oeste de Paris. A fazendeira, uma senhora idosa, encontra um rato na cozinha e perde o controle. Pega uma espingarda calibre 12 (que não é uma arma indicada para matar ratos) e começa a dar tiros. Um disparo abre um rombo no forro da casa e revela uma colônia de dezenas de ratazanas vivendo lá em cima. Os ratos fogem para o rio e vão parar na cidade de Paris.
No desenho animado é muito engraçado. Na vida real não tem graça nenhuma. Em Pinheiral os ratos são uma praga que atravessa gerações. Meu avô teve um armazém ali onde hoje é a Avenida Tancredo Neves, na década de 1940. Durante a Segunda Guerra Mundial. E já tinha problema com os ratos que queriam entrar no estabelecimento. Meu pai contava que os roedores atravessavam o Rio Paraíba andando em cima do cabo da balsa. E o pessoal atirava neles, da margem, com espingardas de ar comprimido.
Na época os ratos de Pinheiral tinham vários inimigos naturais. A margem do rio era cheia de cobras. E tinha as corujas, de grande porte, que se alimentam de roedores. Hoje em dia as cobras sumiram, as corujas ficaram reduzidas as pequenas. E os ratos, claro, proliferaram.
Sábado passado eu estava sentado na calçada, em frente à casa onde moro ali no centro, vendo o cair da tarde. No espaço de uns 30 minutos vi duas ratazanas saírem do quintal do vizinho que mora rua acima. Daí a pouco, outra representante da espécie conhecida como Rattus norvegicus saiu de um ralo de águas pluviais e entrou no quintal da vizinha que mora rua abaixo.

Inimiga Matilda

No final do ano passado travei um duelo com uma grande ratazana marrom que invadiu minha casa através do ralo do chuveiro. Ela veio pelo encanamento, arrancou o ralo do chuveiro e cismou de fazer um ninho lá em casa. Não sei se era macho ou fêmea, mas batizei a incomoda visitante com o nome de Matilda. Era um super rato. Primeiro tentei pegá-la com as ratoeiras convencionais. Não adiantou, Matilda desarmava a ratoeira e comia a isca. Aí apelei para a guerra química e espalhei uns blocos com veneno pela casa toda. Matilda sumiu com eles e continuou passeando pela casa de noite.
Uma mania dela era ir a cozinha, pegar a barra de sabão e levar para debaixo da estante de livros. Não sei como um rato conseguia arrastar uma barra de sabão da cozinha até a sala. Ela fazia isso enquanto eu estava no trabalho. Um dia cheguei em casa e o pano de chão, que tinha ficado na cozinha não estava mais lá. Matilda tinha arrastado o pano de chão até debaixo da estante. De dia ela se escondia, esperando para aprontar quando eu saia de casa. Depois de semanas dessa luta inglória apelei para um alçapão usado para pegar gambás.
Houve uma época em que os gambás faziam ninho no forro da casa. Eu os capturava com o alçapão e soltava em uma floresta, do outro lado do colégio agrícola. Daí armei a arapuca com uma isca de linguiça dentro e finalmente capturei a Matilda. Mas não tive coragem de mata-la. Era tão inteligente e esperta e fora uma inimiga a altura. Levei ela para um campo aberto, do outro lado do Rio Paraíba e soltei ela lá.
Desde esse duelo com a Matilda passei a colocar uma pedra em cima dos ralos do banheiro e da cozinha. E espalhar isca com veneno em lugares estratégicos do quintal. Atualmente existem umas iscas que vem dentro de um saco de papel amarelo. Não tem cheiro, não tem perigo do cachorro comer. Mas os ratos levam para o ninho e morrem todos. Nos últimos três meses já encontrei uns quatro parentes da Matilda mortos no meu quintal. Volta Redonda também teve uma infestação de ratos na década passada. Lembro da prefeitura colocando iscas de veneno em ralos e galerias. É um exemplo que Pinheiral podia seguir.

 

Jorge Luiz Calife | [email protected]

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5 comments

Al Fatah 17 de julho de 2015, 20:17h - 20:17

Achei muito curiosa essa história da “Matilda” e achei ainda mais digna a atitude do Calife em não eliminar essa criatura que demonstrou ser tão esperta. Imagino até que o bicho já conhecia o dono da casa e seus hábitos, tal qual um cachorro, mas evitava maior intimidade por saber que suas ações não eram aprovadas… Aliás, em matéria de instinto de sobrevivência e sair de situações de risco, ratos são muito mais aptos que os seres humanos…

ÊTA POVINHO 17 de julho de 2015, 16:43h - 16:43

Ele falou de Volta Redonda…Ele falou de Volta Redonda. rsrs É isso aí! Aqui há grandes histórias e estórias tbm.

Nada diferente de Pinheiral.

Se na sua casa e nas casas dos vizinhos têm ratos é porque estão agindo iguais aos moradores do Vila Rica/Jd Tiradentes e do Monte de Castelo descendo para o bairro Sessenta, perto daquela quadra coberta que é o maior exemplo de desperdício de dinheiro público em VR.

Os moradores desses locais jogam lixo na rua para o caminhão recolher e dentro dos sacos jogam tbm alimentos – o maior absurdo que um ser humano pode cometer, e são esses alimentos que os ratos vêm atrás.

Agora colocar veneno para ratos será bom até um deles morrer dentro da rede e obrigar Vc a quebrar tudo para tirar o rato que entupiu o cano.

O melhor é não deixar alimentos à disposição deles e no lixo nem pensar.

Al Fatah 17 de julho de 2015, 20:10h - 20:10

Ora, Êta! Se não jogar restos de comida dentro dos sacos de lixo, o povo vai jogar onde? No vaso sanitário? Na rua?… Deixe de ser cricri e dê graças a Deus por seus vizinhos colocarem lixo dentro de sacos, porque em muitos lugares as pessoas não se dão a esse trabalho…

ÊTA POVINHO 17 de julho de 2015, 23:12h - 23:12

Meu caro Al Fatah, a minha bisavó me puxou a orelha uma única vez quando eu deixei sobrar alimento no prato em almoço na casa dela numa de minhas férias.

Ela esbravejava e dizia para colocar pouca comida no prato e caso quisesse mais era só ir à panela no fogão de lenha. Veja a sabedoria e a consciência contra o desperdício de minha bisavó décadas atrás.

Quanto ao puxão de orelha: Naquele tempo os avós costumavam educar os netos independente dos pais. Hoje, em pleno século XXI, não existe mais isso, né?! Os atuais avós não tiram mais o direito dos pais de educar seus filhos. Quando eles veem que os netos saem da linha, chamam e orientam os filhos para corrigirem os moleques.

Puxão de orelha eu já levei uma única vez e muitos sermões, mas palmadas nunca.

Al Fatah 18 de julho de 2015, 12:42h - 12:42

Mas há muita diferença entre desperdício e descarte, não estou falando simplesmente de sobras…. Cascas de alimentos, ossos, guardanapos, embalagens, gordura e outros são descartes alimentares, e esses são muito difíceis de se evitar. Fosse assim não haveria lixo orgânico…

A própria rede de esgoto, por si só, já proporciona alimentação para vários tipos de praga, e não há nada que a tecnologia atual possa fazer para evitar. Bem, no caso específico do Calife, até poderia se seu ralo dispusesse de sifão, que além de bichos evita também o mau cheiro, mas infelizmente no Brasil quase nunca se usa o dispositivo nos encanamentos que drenam água do chuveiro…

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