Rumo à imortalidade

Por Paulo Moreira

Há algumas semanas, um vídeo divulgado na internet mostrou um homem que havia ficado tetraplégico voltando a caminhar. Em vez de usar as próprias pernas, seu cérebro comandava um exoesqueleto – uma estrutura artificial, externa ao corpo, que fazia os movimentos por ele. Ao mesmo tempo, embora enfrentando sérias restrições no mundo ocidental, as pesquisas com células-tronco chegam cada vez mais perto de conseguir uma forma de reconstituir tecidos nervosos, o que tornaria desnecessário o tal exoesqueleto.
A cena levou o colunista a pensar num futuro que parece distante, hoje, mas que, com a velocidade com que a ciência e a tecnologia avançam, pode se tornar real em vinte ou trinta anos – talvez menos. O momento em que as limitações da condição humana, em termos de duração e qualidade de vida, se tornarão problemas superáveis por quem tiver acesso aos métodos terapêuticos ou aos equipamentos adequados.
E aí surge uma pergunta: o que seria melhor? Viver muito mais – quase indefinidamente – repondo as células envelhecidas ou doentes com terapias de células-tronco ou outros métodos semelhantes, ou interligar o cérebro a máquinas que substituiriam seu corpo?

O ser biológico eterno

A primeira opção teria a possibilidade reconfortante de permanecer com as sensações que nos acompanham desde a infância, como sentir e satisfazer fome, sede e atração sexual. As terapias com células-tronco ou similares permitiriam a um ser humano com séculos de idade ter a aparência e as capacidades de um jovem.
A parte ruim disso é que esse semideus poderia morrer aos 250 anos de um acidente, ou ser facilmente assassinado. Seu corpo humano, embora jovem, continuaria tão frágil quanto os que temos atualmente.
Uma possibilidade é que a biotecnologia e as técnicas de clonagem se unam à ciência dos transplantes para permitir que partes desgastadas do corpo fossem repostas, sem necessidade de se aguardar que outro humano morra para doar o órgão.
É possível até imaginar atletas de alto nível com qualquer idade, permanecendo em atividade com o cultivo de ossos e músculos sempre jovens.
Indo além, é possível que as tecnologias de manipulação genética levem a seres humanos com habilidades que viriam de algo que, para nossa civilização ocidental, é um tabu: mistura genética com animais. Imaginem o que um homem seria capaz de fazer se tivesse a força de um gorila, o faro de um cão ou a agilidade de um felino?

Universo seria o ‘quintal’ de uma raça humana sem limitações de tempo de vida (Imagem: ESA/Hubble & NASA – Via Fotos Públicas)

Os homens-máquina

A segunda opção – interligar o cérebro a máquinas – resultaria em algo que habita nossas imaginações há décadas: o ciborgue, um organismo cibernético. Na verdade, muitos deles já caminham entre nós. Quem usa um aparelho de audição, ou uma prótese de algum membro – incluindo o exoesqueleto do início desta coluna, já pode ser considerado ciborgue.
Mas o conceito pode ser levado além: num futuro não muito distante, talvez a única coisa de humano que será necessária será o cérebro. O resto serão máquinas que manterão o cérebro vivo e cumprirão suas ordens – além de registrar o mundo exterior, talvez melhor do que nossos sentidos atuais. Um ciborgue poderia enxergar nas faixas de infravermelho ou ultravioleta, além de ouvir infra ou ultrassons, sem contar a possibilidade de sensores químicos nos dotarem de um olfato melhor do que o cães ou lobos.
E tem mais: se você tiver acesso irrestrito à tecnologia (e isso provavelmente significará dinheiro), poderá escolher que capacidades quer ampliar. De repente você poderá ter um corpo ciborgue capaz de correr a centenas de quilômetros por hora ou de voar por conta própria. Força física e resistência não serão problema, e você poderá até escolher se quer continuar parecendo um ser humano comum ou não.
Resta saber se nosso cérebro, acostumado por milhares e milhares de anos de evolução da espécie humana a viver num corpo biológico, iria conseguir se adaptar a um corpo humano virtualmente imortal. Imaginem um monte de ciborgues superpoderosos ficando malucos. Não seria bonito.

Homo Sapiens 2.0

O cúmulo dos homens-máquina, porém, não seria um cérebro cercado de equipamentos para mantê-lo vivo e lhe permitirem interagir com o ambiente. Já existem pesquisas que – num futuro muito, muito distante, com computadores milhares de vezes mais poderosos que os atuais – poderiam permitir que nossa mente fosse transferida para uma máquina, transformando-se em puro software.
Além de nos tornar eternos – dependendo apenas da existência de um hardware em que nós “rodaríamos” – poderíamos nos tornar quase onipresentes. Por que viajar fisicamente? Poderíamos nos transferir pela rede que terá substituído a internet, de um lugar (físico ou virtual) para outro.
Mais ainda: nossos softwares individuais poderiam habitar um único ambiente virtual em que interagiríamos uns com os outros sem limitações físicas. Seria algo parecido com a Matrix, sem nenhum computador malvado para nos manipular.

 

 

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7 Comentários

romildo-Tricolor 25 de outubro de 2019, 13:55h - 13:55

Que postagem xarope .. Meu Deusss….ainda ganha dinheiro com isso e eu aqui ralando no sol quente ….

Mariano 26 de outubro de 2019, 00:09h - 00:09

Está certo Romildo, pelo jeito o seu negócio é uma ” breja gelada e futebó”.

Pagador de impostos 22 de outubro de 2019, 09:41h - 09:41

Espiritualidade não tem relação com religiosidade ou com religiões.

Eder 22 de outubro de 2019, 15:33h - 15:33

Espiritualidade na análise fria do significado da palavra tem tudo a ver com crenças e religiões.

Eder 21 de outubro de 2019, 17:27h - 17:27

Não vou afirmar que a ciência nos levará a imortalidade, Mas que em um futuro não muito distante quem tiver acesso às novas descobertas científicas passará dos 200 anos fácil, aí a questão da espiritualidade já é outra coisa , apenas para início de conversa ( não início de agressão), em alguns países nórdicos a soma de agnósticosagnóstico e ateus já ultrapassa 50%.

Pagador de impostos 21 de outubro de 2019, 10:29h - 10:29

Acho que faltou mencionar a espiritualidade nessa abordagem. Sem uma “pitada” do “transcendente” tudo fica muito chato e mecânico e “animalesco”. E por fim, tudo o que é demais acaba enchendo e ficando chato. Imagina uma “vida eterna” nesse planeta, vendo sempre o do mesmo, piorado ou melhorado.

O Arauto 20 de outubro de 2019, 14:30h - 14:30

Pelo visto,o autor desse texto deve ter visto mt filme de ficção científica, como o “Exterminador do Futuro, Blade Runner o Caçador de Andróides, e todos os filmes de super-heróis da Marvel e DC comics para devanear e escrever esse artigo tendencioso que só visa negar a Deus como criador e sustentador da vida! Haja vista que o próprio autor se declarou “Agnóstico” no artigo anterior! O ser humano finito e mortal jamais poderá se equiparar a seu criador que é infinito e imortal!!! Fica a dica!

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