Será que estamos sós no Universo?

by Diário do Vale

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Galáxia: Bilhões de mundos e um grande silêncio  Foto: Divulgação

Galáxia: Bilhões de mundos e um grande silêncio
Foto: Divulgação

O físico brasileiro Marcelo Gleiser, que ensina física teórica no Darthmouth College, em Hanover, nos Estados Unidos, não acredita em extraterrestres. Em uma entrevista recente para o jornal Folha de São Paulo, ele lembrou o chamado “paradoxo de Fermi” para defender a ideia de que somos os únicos seres inteligentes do Universo. Os extraterrestres não existem porque se existissem estariam aqui na Terra, entre nós. É um raciocínio simplista e cheio de furos, mas vamos examina-lo por partes.
“O paradoxo de Fermi” tem este nome por ser obra do físico italiano Enrico Fermi. Fermi perguntou uma vez: “Se os extraterrestres existem, onde é que eles estão?”. Vivemos em uma galáxia, a Via Láctea, que tem 100 mil anos-luz de diâmetro e uns 10 bilhões de anos de idade. Suponha que outra civilização surgiu em um planeta orbitando uma das 200 bilhões de estrelas que formam a Via Láctea, há um milhão de anos. Se eles construíssem naves capazes de voar com 10% da velocidade da luz (300 mil quilômetros por segundo) eles poderiam colonizar toda a galáxia em um milhão de anos. Como eles não estão aqui na Terra, eles não existem.
O problema com o raciocínio de Fermi, e Gleiser, é o antropocentrismo. Ele supõe que uma inteligência extraterrestre vai se comportar exatamente como os seres humanos se comportam. Vai estar interessada em colonizar outros mundos e expandir seu império indefinidamente. Mas existem outras possibilidades.

Fator Calvin

Uma delas é o que chamo de “fator Calvin”. Calvin é aquele menino das histórias em quadrinhos, criado pelo cartunista americano Waterson. Em uma de suas aventuras Calvin comenta com seu amigo, o tigre Haroldo (Hobbs no original). “Uma prova de que os extraterrestres são inteligentes é que eles nunca desceram aqui na Terra.” Para exploradores galácticos inteligentes nosso mundo seria como uma ilha habitada por canibais. Um local a ser evitado. Marcado nos mapas estelares com a advertência: “Planeta dominado por espécie de primatas assassinos, perigo mortal para visitantes”.

Os cartógrafos da Idade Média marcavam os espaços vazios em seus mapas com a advertência: “Aqui há monstros”. Depois de observar as atrocidades cometidas pela humanidade, uma espécie inteligente concluiria que a Terra é dominada por monstros homicidas. E para conhecer a patética saga dos humanos os e.t.s não precisariam vir aqui. Eles poderiam observar de longe, captando a programação das nossas emissoras de TV, com seus noticiários cheios de imagens de guerras, massacres e crimes. Como diz o Calvin, se viessem até aqui eles não seriam extraterrestres inteligentes.

Sinal ‘Wow’

Carl Sagan dizia que vivemos nas margens do oceano cósmico e não podemos fazer afirmações sobre algo que não exploramos nem conhecemos. Há 30 anos que os astrônomos apontam antenas parabólicas para o céu, tentando captar sinais de rádio de outras civilizações. E só recebem estáticas. A única exceção foi um breve sinal, o sinal “Wow”, captado em 1974. Uma transmissão breve, claramente artificial, que não se repetiu. Mas o fato dos e.t.s não anunciarem sua presença não significa que eles não existem. Como diz o astrônomo David Brin, eles podem saber de alguma coisa que não sabemos.

Especulações

Brin acha que enviar sinais de rádio para o espaço é como gritar dentro de uma selva. Você pode atrair a atenção dos predadores. Alguma coisa como o Galactus, aquela criatura devoradora de planetas que apareceu no filme do Surfista Prateado. Também é possível que a inteligência extraterrestre seja tão diferente de nós que a comunicação seria impossível. Eles podem se comunicar por cheiros, como as formigas, ou por táquions ou outras formas de energia que não percebemos.
O fato é que no estado atual de nosso desenvolvimento não podemos fazer afirmações. Só especulações. E esta é a arena da ficção científica, não da ciência.
A ausência de evidência, não é evidência de ausência.

Jorge Luiz Calife | [email protected]

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1 comment

Zé do Bairro 31 de maio de 2015, 12:02h - 12:02

Ótimo artigo. Parabéns!

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