Sonda vai procurar sinais de vida na lua Europa

by Diário do Vale

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A agência espacial americana Nasa está projetando uma sonda espacial para procurar por sinais de vida na lua Europa, do planeta Júpiter. Europa é coberta por uma crosta de gelo e tem um oceano de água líquida com duas vezes mais água do que a existente em todos os mares do nosso planeta. O projeto original previa que a nave apenas sobrevoasse a lua gelada. Mas o Congresso dos Estados Unidos exigiu a inclusão de um módulo de pouso para procurar por sinais de vida.

Os cientistas do laboratório de Física da Universidade Johns Hopkins estão enfrentando o problema de pousar um laboratório robô na superfície de uma lua que fica a meio bilhão de quilômetros de distância da Terra. A nave terá que manobrar no campo de gravidade de Júpiter e enfrentar a alta radiação dos seus cinturões de partículas atômicas. Além disso, é preciso encontrar um meio de fazer a nave pousar sem contaminar a região do pouso com os combustíveis usados em seus motores.

O projeto inicial previa que o módulo de pouso usasse motores movidos a amônia. Mas a amônia contém nitrogênio, como a maioria das criaturas vivas. Se o local de pouso for borrifado com amônia os instrumentos da sonda não poderão procurar por vestígios de moléculas orgânicas com base em traços de nitrogênio.

Tentando resolver o problema os engenheiros apelaram para a técnica do Skycrane, usada no pouso do robô Curiosity em Marte, em 2012. No método Skycrane a nave paira acima da superfície abaixa o módulo por um cabo, como se fosse um guindaste baixando uma carga. Outra solução é usar uma perfuratriz para furar o gelo e obter amostras não contaminadas.

Desde que a sonda Voyager revelou que Europa tinha um oceano, coberto de gelo, em 1979, que a ficção científica sonha com a descoberta de vida neste mundo aquático. No romance “2010”, que virou filme em 1984, o escritor Arthur C. Clarke imaginou um monstro marinho, na forma de uma alga ambulante, que destrói a espaçonave de uma expedição chinesa.

Mais recentemente, no filme “Europa Report” criaturas semelhantes a lulas atacam astronautas de uma missão tripulada. Na vida real os cientistas não esperam pescar nem um simples peixe nos oceanos de Europa. Eles ficarão contentes se encontrarem formas de vida microscópicas, como bactérias ou um tipo de plâncton.

O maior problema é que o oceano de Europa está coberto por uma calota de gelo com um quilômetro de espessura. Para chegar até ele seria preciso cavar um profundo poço no gelo. O que não está ao alcance da tecnologia atual. Uma sugestão seria usar um pequeno submarino robô que usaria o calor de uma fonte nuclear para derreter o gelo. Mas isso fica para um futuro mais distante.

Por enquanto já será um grande triunfo tecnológico pousar um robô na superfície gelada de Europa e usar uma perfuratriz para recolher amostras do gelo. Luas geladas como Europa e Encelado (que fica no sistema de luas de Saturno) costumam ter gêiseres. Buracos na crosta de gelo por onde saem jatos de vapor. Os projetistas da missão Europa estão contando com a existência deste fenômeno na lua de Júpiter. Se existir não será preciso cavar um poço profundo para chegar até o oceano oculto. A água e a vida microscópica que existirem lá embaixo poderão chegar a superfície através dessas fumarolas naturais.

Atualmente a agência espacial Nasa tem sondas robôs orbitando os planetas Marte, Júpiter, Saturno e o asteroide Ceres. Em 2004 a nave Cassini lançou uma sonda que desceu de paraquedas sobre uma praia de cascalho na lua Titã, do planeta Saturno. Titã tem mares feitos de gases líquidos, como metano, mas é muito fria para permitir a existência de vida como a conhecemos.

Ficção: Livro imaginou vida vegetal em Europa

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JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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2 comments

Anderson 1 de fevereiro de 2017, 09:45h - 09:45

Com a descoberta de gêiseres ativos em Europa, talvez não seja necessário perfurar o gelo para encontrar sinais de vida nesta lua. Pistas podem estar sobre a superfície, onde a análise seria bem mais simples. Vivemos uma era instigante!

Oiri 20 de janeiro de 2017, 16:02h - 16:02

Espero que o novo governo nos EUA invistam mais na NASA, pois o futuro da humanidade depende disso.

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