Telescópio Hubble revela o segredo dos quasares

by Diário do Vale

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Quasar: Os buracos negros no centro da Markarian 231 (Foto: Divulgação)

Quasar: Os buracos negros no centro da Markarian 231 (Foto: Divulgação)

Graças ao telescópio espacial Hubble, astrônomos americanos, europeus e chineses, conseguiram desvendar um enigma do espaço. Eles descobriram qual é a fonte de energia do quasar mais próximo da Terra. No centro do Markarian 231 existem dois buracos negros gigantes, girando um ao redor do outro, como dançarinos em uma valsa cósmica. O Markarian 231 fica a 600 milhões de anos luz da Terra. A pesquisa foi publicada no último número do Astrophysical Journal e acaba com um mistério que empolgou os astrônomos do século passado.
Os primeiros quasares foram descobertos no início da década de 1960. O nome quasar quer dizer “quase estrela”. Porque esses objetos parecem estrelas quando vistos com telescópios convencionais. Quando os astrônomos mediram a distância da Terra a esses objetos quase estelares, descobriram que eles estavam muito distantes. A centenas de milhões de anos-luz da Terra. Para serem visíveis eles teriam que ser tão brilhantes quanto bilhões de estrelas. Um quasar típico é mais luminoso do que uma galáxia como a Via Láctea, que tem 400 bilhões de estrelas.
Mas o que deixou o mundo científico perplexo foi o tamanho desses objetos. Um quasar típico como o 3C273C parece ter o tamanho do nosso sistema solar. Que um objeto do tamanho de um sistema solar pudesse emitir mais energia do que uma galáxia inteira deixou os astrônomos atordoados. As revistas científicas publicaram artigos especulando sobre a origem dessa energia misteriosa, que parece ser milhares de vezes mais poderosa que a energia atômica.
Com o aperfeiçoamento dos telescópios o mistério começou a ser solucionado. Descobrimos que os quasares ficam no centro de galáxias muito distantes. Eles são o resultado da atividade de buracos negros gigantes, que se formam dentro dessas galáxias. Nossa galáxia, a Via Láctea, tem um buraco negro assim, o Sagitario A. Mas ele não é mais ativo e, portanto, a Via Láctea não hospeda um quasar.

Arquivo

Para descobrir o que estava acontecendo no centro da Markarian 231 os astrônomos da Nasa e da Agência Espacial Europeia Esa recorreram ao arquivo de observações na faixa dos raios ultravioleta, feitas pelo Telescópio Espacial Hubble. O Hubble se encontra no espaço desde 1991. Eles descobriram que o centro da Markarian 231 exibia “propriedades extremas e surpreendentes”.
Um buraco negro é o que restou de uma estrela que implodiu. Sua gravidade é tão intensa que nem a luz consegue escapar, por isso ele é negro. A maioria das galáxias tem buracos negros em seus centros. Eles são cercados por discos de matéria incandescente, que emitem radiação ultravioleta, raios X e gama.
Na Markarian 231 o brilho do disco cai abruptamente em direção ao centro. O que indica que ele tem a forma de uma rosca. Modelos dinâmicos indicaram que na verdade se trata de dois buracos negros, girando um ao redor do outro. O buraco negro maior fica no centro, e o menor orbita na borda interna do disco de acreção, com seu próprio minidisco brilhando na faixa do ultravioleta.
A Academia de Ciências da China também participou da pesquisa e considerou o resultado muito importante. “Ficamos muito empolgados com essa descoberta porque ela não apenas mostra a existência de um buraco negro binário, como abre caminho para uma busca de objetos semelhantes usando a radiação ultravioleta”, disse o astrônomo Youjun Lu do Observatório Nacional da China.
O buraco negro central da Markarian 231 tem massa estimada em 150 milhões de sóis e seu companheiro, menor, tem massa de apenas quatro milhões de sóis. Eles podem ser o resultado da colisão de duas galáxias espirais, que se uniram para formar a Markarian 231. A matéria engolida pelos buracos negros desaparece para sempre do nosso universo. O que cria um paradoxo quântico. Segundo a física quântica informação sobre o estado físico de uma partícula não pode ser perdida. Para o físico Stephen Hawking os buracos negros são passagens para outro universo, o que resolveria o paradoxo.

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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