Uma história do primeiro mundo

by Diário do Vale

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Semana passada andei lembrando do acidente com o Boeing da United Airlines, no dia 24 de fevereiro de 1989. E já vou explicar porquê. O avião tinha decolado de Honolulu no Havaí com destino a Auckland na Nova Zelândia com 337 passageiros e 18 tripulantes a bordo. Quando atingiu a altitude de 7 mil metros o inimaginável aconteceu. A porta do compartimento de carga dianteiro se soltou, provocando uma descompressão explosiva. Toda uma fileira de assentos, com oito pessoas sentadas, foi sugada pelo buraco e desapareceu. Um nono passageiro foi aspirado pela turbina quando seu cinto de segurança falhou.

O comandante conseguiu retornar com o avião para Honolulu, e começaram as investigações sobre a causa do acidente. Teve a investigação oficial do governo americano, feita pela NTSB (o escritório nacional para segurança dos transportes), e uma investigação independente, feita pelos pais de um dos passageiros mortos. A primeira teoria foi de que a porta se abrira porque não fora fechada adequadamente, pela equipe encarregada de colocar as bagagens no avião. Mas a investigação independente concluiu que um erro no projeto da fechadura poderia fazer com que a porta se abrisse em voo.

Para chegar a uma conclusão era preciso encontrar a porta arrancada pela descompressão. Ela tinha caído no Oceano Pacífico, em um local onde o fundo se encontra a mais de quatro quilômetros da superfície. O NTSB pediu a ajuda do Instituto Oceanográfico Woods Hole, a instituição que tinha encontrado os restos do transatlântico Titanic, no fundo do Atlântico. O Woods Hole enviou o submarino Sea Cliff, irmão gêmeo do Alvin, usado na exploração do Titanic. Em setembro de 1990 o Sea Cliff encontrou as duas metades da porta a 4.300 metros de profundidade e conseguiu resgatá-las.

O estudo da porta mostrou que a investigação independente estava certa. As trancas tinham uma falha de projeto e a Boeing teve que reforçá-las para evitar novos acidentes deste tipo. Submarinos como o Sea Cliff fizeram outros resgates fantásticos, como a recuperação da cápsula espacial Liberty Bell 7, do astronauta Virgill Grisson, perdida no Atlântico a 4.900 metros de profundidade. E que foi recuperada em uma expedição da revista National Geographic.

Lembrei de tudo isso na semana passada, enquanto assistia aos esforços das equipes da Marinha, Aeronáutica e Corpo de Bombeiros para retirar da baía de Angra dos Reis um aviãozinho Beechcraft, de uma tonelada e meia, que flutuava bem perto da costa de Paraty. Sim, estamos muito distantes do primeiro mundo, mas aquele era um resgate em águas rasas, que não envolvia submarinos ou outras tecnologias de ponta. Para retirar o aviãozinho da água foi preciso recorrer a uma barcaça que levou 20 horas para ir da baía de Guanabara até Paraty.

O que mostra como a nossa região decaiu nos últimos anos. Não faz tanto tempo assim a baía de Angra dos Reis era um grande centro da indústria naval. Lembro de passar pelo estaleiro da Verolme e admirar as enormes pontes rolantes, feitas para erguer as chapas de aço usadas na construção de embarcações de grande porte.

Mas isso foi antes da era das trevas, antes dos governos Lula/Dilma. Será que não existe mais, naquela região, uma barcaça capaz de resgatar um aviãozinho de pequeno porte? É preciso pedir ajuda no Rio de Janeiro? Talvez, já que a atual crise sucateou nossa indústria e os estaleiros da região sofreram muito com ela.

Pessoalmente acho que o acidente com aquela aeronave foi provocado pelo mal tempo e a desorientação do piloto. Mas que sirva de lição. Uma cidade turística como Paraty não pode ter uma pista de pouso sem recursos para socorrer as pessoas em um caso de acidente. E para isso não é preciso submarinos de alta tecnologia.

 

Boeing: Porta foi encontrada no fundo do oceano

Boeing: Porta foi encontrada no fundo do oceano

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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13 comments

Flavio 2 de fevereiro de 2017, 07:47h - 07:47

Fala Calife. Durante o governo passado em Pinheiral, vc sempre falava das coisas que considerava ruins no governo, mas agora, com o bicho pegando com esse processo seletivo absurdo do governo atual e você se omite??? voltou a falar só de disco voador e suas especialidades esquisitas???? muito estranho heim….

Anderson 1 de fevereiro de 2017, 13:31h - 13:31

Ainda se morre de fome no Nordeste até hoje e a gangue que foi apeada do poder nos jogou na pior crise econômica da história do Brasil, os números estão aí para aqueles que não foram afetados pela cegueira ideológica poderem ver. E existe uma grande diferença entre ser pobre e ser burro, caso daqueles que não sabem nem mesmo definir o que é esquerda e o que é direita.

Osmar Madeira 1 de fevereiro de 2017, 14:11h - 14:11

Aliás, homologação das delações da Odebrecht está deixando Temer, Jucá, Geddel, Aécio e demais gangsters golpistas preocupados e os paneleiros histéricos com camisa falsa da CBF escondinhos.
Ademais, ser pobre de direita e burro é redundância: é o suíno que aplaude o abatedouro.

´Frankstein.. 1 de fevereiro de 2017, 16:21h - 16:21

Que gangue apeada do poder ?A gangue continua,foi retirada apenas a chefe do executivo mas o resto continua.Michel Temer,Eliseu Padilha,Moreira Franco,Renan Calheiros e vários outros que eram ministros da gangue . Todos delatados na lava jato.Como mostram as gravações,retiraram a chefe do executivo para parar a sangria da lava jato.São farinha do mesmo saco ! Tem muitos que ficam dizendo que uns são mortadelas, que outros são coxinhas, mas no fundo, quem se ferram são os trabalhadores honestos desse país que pagam impostos para sustentar essa quadrilha.

Anderson 2 de fevereiro de 2017, 09:36h - 09:36

Vendo em retrospectiva os 13 anos do PT no poder e os megaesquemas de corrupção do Mensalão e do Petrolão, a corrupção do governo Temer e de qualquer outro antes na história do país são fichinha. O PT levou a corrupção a outro nível, provando que quem ainda acredita em pleno século XXI que a esquerda é honesta e trabalha em prol dos mais pobres só pode ser muito inocente ou muito burro.

Anderson 1 de fevereiro de 2017, 09:34h - 09:34

Vamos torcer para que providências sejam tomadas e que um dia esta belíssima região se recupere. Bairros inteiros de cidades como Angra dos Reis e Mangaratiba se tornaram favelas gigantes assoladas pela violência A era das trevas do petismo acabou, mas ainda há muito trabalho a ser feito para estancar a sangria e consertar os estragos feitos nestes 13 anos do projeto criminoso de poder.

´Frankstein.. 31 de janeiro de 2017, 11:29h - 11:29

Quem destruiu a indústria naval Brasileira foi FHC.Não só a indústria naval como as ferrovias..

Astrólogo 31 de janeiro de 2017, 21:32h - 21:32

Saudades dos trenzinhos de viagem.
Trem de Juiz de Fora , Andrelândia…
Nostalgia…

Osmar Madeira 31 de janeiro de 2017, 09:11h - 09:11

O Donald Trump do Brejo segue nostálgico da gloriosa Era-FHC, que Temer há de resgatar para seu regozijo.
Era das Trevas deve ser aquela em que se depara em um único texto com erros elementares, padrão questão do ENEM, como “explicar porquê” e “mal tempo”; e cometidos por gente já de idade que abusa do chavão “ah, no meu tempo é que o ensino era bom…”

Astrólogo 31 de janeiro de 2017, 21:33h - 21:33

Tem gente que é chata…

Anderson 1 de fevereiro de 2017, 09:39h - 09:39

Entre a era FHC e a era Lula-Dilma, prefiro muito mais a primeira, que pelo menos teve o mérito de estabilizar a economia do país após décadas de caos. Quanto aos governos petistas, só restam as lembranças da maior crise econômica da história do Brasil, do maior escândalo de corrupção da história mundial e a vergonha de ter uma presidente afastado por impeachment.

Osmar Madeira 1 de fevereiro de 2017, 10:32h - 10:32

O que vc prefere é irrelevante diante dos índices históricos. Na Era FMI-FHC ainda morria-se de fome no Nordeste, e o Brasil foi jogado de joelhos 3 vezes diante dos credores internacionais, com o pires na mão.
Mas, fique tranquilo: Temer e sua gangue hão de nos fazer viver aquela Era gloriosa.
A NASA precisa estudar o pobre de direita, essa tipo de barata que aplaude o inseticida.

Anderson 1 de fevereiro de 2017, 13:32h - 13:32

Ainda se morre de fome no Nordeste até hoje e a gangue que foi apeada do poder nos jogou na pior crise econômica da história do Brasil, os números estão aí para aqueles que não foram afetados pela cegueira ideológica poderem ver. E existe uma grande diferença entre ser pobre e ser burro, caso daqueles que não sabem nem mesmo definir o que é esquerda e o que é direita.

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