Voando ao encontro do Sol

by Diário do Vale

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Na última quarta-feira a agência espacial americana anunciou seu plano para enviar uma sonda até a atmosfera do Sol. O projeto vem sendo desenvolvido desde 2010, como noticiei aqui nesta coluna, mas só agora vai decolar. Segundo a cientista Nicola Fox o motivo é que não existiam materiais capazes de proteger a sonda do calor de 1370 graus centigrados durante a aproximação máxima com o Sol. Agora existem e a nave de 1,5 bilhão de dólares vai viajar atrás de uma sombrinha de dois metros e trinta de largura feita com compostos de carbono.
Enviar uma nave até o Sol é um antigo sonho da ficção científica. Na década de 1950, no conto “Os frutos dourados do Sol”, o escritor Ray Bradbury imaginou uma espaçonave refrigerada com toneladas de gelo que sobrevoava o Sol para colher uma amostra de sua superfície. A mesma ideia reapareceu em 1964 no seriado de TV dos Thunderbirds e, em 2007, foi tema de um filme apocalíptico, “Sunshine-alerta Solar”, do diretor britânico Danny Boyle. Todas essas obras de ficção imaginaram uma nave tripulada para a missão. O que ainda está fora de cogitação.
A radiação intensa, perto do Sol, é muito perigosa para seres humanos. Mesmo aqui na Terra, a 150 milhões de quilômetros de distancia do Sol, não podemos nos expor impunemente aos raios desta estrela. Temos que usar filtros solares e reduzir o tempo em que ficamos debaixo de sua radiação ultravioleta. A sonda Parker vai chegar a uma distancia de 6,2 milhões de quilômetros da superfície do Sol, o que é bem dentro da atmosfera solar, conhecida como coroa. Lá a intensidade da radiação é 520 vezes maior do que a que recebemos aqui na Terra.
Só para comparar, Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, fica a 28 milhões de quilômetros do Sol no ponto mais baixo de sua órbita.
Os planos iniciais do projeto previam um sobrevôo do planeta Júpiter, de modo a usar a gravidade do planeta gigante para cancelar a velocidade orbital da sonda e lança-la ao encontro do Sol. O novo perfil da missão substitui Júpiter pelo planeta Vênus.
A nave robô de 610 quilos de peso vai passar por Vênus sete vezes até reduzir o raio de sua órbita e mergulhar em direção ao Sol. O campo de gravidade do Sol vai acelerar a nave, do tamanho de um carro, até uma velocidade de 700 mil quilômetros horários. Aqui na Terra seria possível ir do Rio de Janeiro até Tóquio no Japão em um minuto, se tivéssemos um avião capaz de voar a 700 mil quilômetros horários.
Até o mês passado a missão era conhecida como Sonda Solar Plus. Mas recebeu o nome de Sonda Parker, em homenagem ao astrofísico Eugene Parker, da universidade de Chicago, que previu a existência do vento solar em 1958. Atualmente com 89 anos de idade, Eugene Parker é o primeiro cientista vivo a batizar uma missão espacial. Ele pretende ir a Cabo Canaveral assistir ao lançamento da nave, por um foguete Delta Heavy, no dia 31 de julho de 2018. Vários engenhos espaciais, como o telescópio Hubble, receberam o nome de cientistas já mortos.
O interesse pelo estudo do Sol se deve a vulnerabilidade dos nossos sistemas de comunicação no caso de uma grande explosão na superfície solar. Um estudo recente da Academia de Ciências dos Estados Unidos previu que uma grande explosão solar poderia causar um prejuízo de 2 trilhões de dólares só nos Estados Unidos. Deixando a costa leste do país sem energia elétrica por um ano.
Para prever essas explosões precisamos conhecer mais sobre o Sol. Os cientistas não sabem explicar, por exemplo, porque a atmosfera externa do Sol tem uma temperatura de 1,7 milhão de graus enquanto a superfície da estrela, a fotosfera, é bem mais fria, com uma temperatura de apenas 5.500 graus. Descobrir este e outros mistérios é o objetivo da Sonda Solar Parker.

espaço aberto

Quente: A sonda vai se aproximar das labaredas solares
(Foto: Divulgação)

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6 comments

Anderson 9 de junho de 2017, 10:10h - 10:10

Que bom que apesar de toda esta crise econômica a NASA ainda investe nestas missões espaciais. Estes projetos são fundamentais​ para nossa compreensão do Cosmos e nosso futuro aqui na Terra e no espaço.

A César o que é de César 8 de junho de 2017, 23:20h - 23:20

Este picareta só fazia artigos criticando o governo federal, agora que o planalto está em um mar de bosta ele se cala, mais um que mostra claramente que nunca foi contra a corrupção, só foi contra o PT.

Anderson 9 de junho de 2017, 10:12h - 10:12

E petistas, que ficaram 13 anos se calando e virando as costas para os maiores esquemas de corrupção da história da civilização ocidental podem reclamar de alguma coisa?

الفتح - الوغد 6 de junho de 2017, 18:35h - 18:35

Será que o equipamento suportará os rigores da viagem?… Não percam a próxima emocionante aventura deeeeeeee… SPECTREMAN!

Zé da Roça 7 de junho de 2017, 11:34h - 11:34

Provavelmente não será um tiro no escuro, pois há anos estudam sobre isso e quem está investindo também precisa ter uma certa garantia, pois envolve muito dinheiro.
Só fiquei curioso sobre a comunicação com a sonda em um local tão severo, a Deep Space Network da NASA deverá ter grandes modificações. Gostaria muito de saber mais sobre isso.

الفتح - الوغد 7 de junho de 2017, 14:27h - 14:27

Depois das teorias conspiratórias de 69 (ano da alunissagem, não pense besteira), eu fico com um pé atrás… Mais recentemente, aquelas imagens da sonda em Marte parecem animação de computador…

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