Cinco meses depois de sancionada, lei da sacola plástica ‘pegou’

Conscientização ambiental é um dos maiores ganhos com a aplicação da nova lei
(Foto: Arquivo)

Volta Redonda– A chamada “Lei da Sacola Plástica” entrou em vigor no dia 26 de junho. De lá para cá, ou o consumidor leva sua própria bolsa ou paga em média R$ 0,05 por sacolas de material biodegradável. Apesar de ainda dividir opiniões, ao percorrer os mercados do Sul Fluminense constata-se: a lei pegou.
Na opinião do gerente de um supermercado no bairro Voldac, Vanderley José Martins, a lei deu certo. No início, conta ele, alguns clientes até reclamavam, mas depois perceberam que a iniciativa tem um objetivo maior e pela coletividade. “Os clientes agora estão mais conscientes e alguns até trazem suas próprias sacolas. E os que não trazem fazem o possível para levar só as duas sacolas a que têm direito. Outros optam ainda por caixas de papelão. O gasto do supermercado também está menor devido a diminuição na distribuição das sacolas para os clientes – disse ele.
Quem também gostou da lei foi a cabelereira Célia Maria. “Gostei da lei, pois antes dela entrar em vigor as pessoas jogavam muitas sacolas nas ruas. No meu caso, costumo trazer a minha ecológica. Só quando eu esqueço é que aceito as do supermercado, mas faço o possível para levar apenas as duas que tenho direito”, destacou.
A atendente de serviços gerais Cristiane Barros, que mora no Santo Agostinho, também diz ser a favor da nova lei, mas questiona a cobrança pelas sacolas biodegradáveis extras. “Às vezes trago a ecológica, mas quando esqueço opto por utilizar caixas de papelão para não ter que pagar pelas sacolas excedentes”, comentou.
A cobrança, aliás, é um ponto comum para quem se queixa das novas regras. A aposentada Rosiléia Rodrigues não aprovou a cobrança de R$ 0,05 para quem faz compras maiores e não costuma levar sacola extra. “Acho que tem que ser de graça. Às vezes eu trago uma ecológica, mas quando esqueço tenho que pagar pelas sacolas que excedem as duas gratuitas e eu não gosto”, reclamou.

Especialistas aprovam

O analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Sandro Alves, disse que o consumo desenfreado de sacolas plásticas gera um impacto negativo gigantesco no meio ambiente. Ele aponta que o material polui o solo, entope bueiros e contribui para as enchentes na época das chuvas. Isso sem falar na poluição de rios e do oceano.
– Na verdade, o mais importante nessa questão e que vem sendo pouco discutido é que a legislação não proíbe completamente o uso dessas sacolas, mas sim obriga o comércio a oferecer para a população sacolas biodegradáveis, que se decompõem no ambiente em apenas 18 meses. Acredito que a medida é uma tentativa de provocar uma mudança de mentalidade da população, que deveria passar a solicitar sacolas apenas quando é realmente preciso. Em caso de necessidade, as pessoas podem pagar pelas sacolas biodegradáveis. Ou ainda retomar atitudes ambientalmente sustentáveis, como a de usar sacolas retornáveis feitas de materiais recicláveis, tais como garrafas PET e lona – concluiu.
Para o técnico ambiental Rynaldo Santos, coordenador do Núcleo de Educação Ambiental do Centro Universitário de Valença, mesmo no curto prazo já é possível ver o ganho. “A lei em si vai promover um processo de conscientização para que as pessoas tomem isso como uma mudança no comportamento, uma mudança de cultura. Então, acredito que possa vir a gerar o início de um processo, porque isso demanda muito tempo. Toda mudança de comportamento é um pouco traumática no início. No caso da questão ambiental não é diferente, ela também precisa de um tempo para que as pessoas se adaptem”, disse.