Volta Redonda – Após a repercussão das informações trazidas pelo jornalista Aurélio Paiva em sua coluna “Bastidores & Notas” na edição deste domingo do DIÁRIO DO VALE, a médica-veterinária Janaína Soledad e coordenadora da Vigilância Ambiental de Volta Redonda, esclareceu algumas dúvidas de leitores e internautas sobre a leishmaniose. Segundo ela, não há motivos para se ficar alarmado já que a doença está sob controle no município e também na região.
– A leishmaniose está totalmente sob controle, não há motivos para a população ficar alarmada. Em 2011, quando tivemos os primeiros casos registrados da doença, nós realizamos um plano de contingência e essa estratégia deu certo. Tanto que isso se reflete na baixa incidência de casos em seres humanos. Outros municípios, inclusive, vieram nos procurar para conhecer o nosso plano – disse Janaína, tranquilizando sobre um possível surto da doença, acrescentando ainda que hoje há ações integrados até mesmo com Barra Mansa.
– Nós temos uma integração muito boa, até mesmo com outros municípios, como acontece com Barra Mansa, que é limítrofe de onde está a nossa área de vigilância, formada por 13 bairros (Jardim Belmonte, Padre Jósimo, Siderlândia, Belmonte, Eucaliptal, Conforto, Jardim Europa, Jardim Suíça, São Carlos, São Cristóvão, Minerlândia, Jardim Ponte Alta e Ponte Alta). Além disso, realizamos palestras com profissionais da saúde, conscientização com a população. Hoje estamos muito bem estruturados, incluindo nossos médicos, que estão aptos a atender casos da leishmaniose – enfatizou.
A médica-veterinária ainda esclareceu algumas dúvidas levantadas por internautas e pessoas, que segundo ela, entraram em contato com o Centro de Zoonoses após a divulgação da coluna.
Janaína explicou que existe no mercado uma vacina para os cães ainda não infectados pelo mosquito palha – transmissor da leishmaniose -, e que ela é encontrada em pet-shops e clínicas veterinárias, no entanto, frisou que o ideal é que o ambiente seja tratado, já que o uso indiscriminado da vacina pode gerar uma resistência à doença.
Outro assunto muito questionado pelos donos de cães nesta segunda-feira foi como proceder em casos de suspeita de infecção. A veterinária disse que o primeiro passo é que a suspeita parta após uma análise de um médico-veterinário. Depois a pessoa deve entrar em contato com o Centro de Controle de Zoonoses e Vigilância Ambiental de Volta Redonda, através do número 0800 025 1666.
– É muito importante frisar que a suspeita normalmente ocorre quando a pessoa mora na área prioritária, formada por àqueles 13 bairros. Depois da suspeita do médico-veterinário, a pessoa pode ligar para o 0800 que nós vamos com uma equipe até a residência e fazemos um teste rápido, onde o resultado sai na hora. Se der positivo nós encaminhamos (uma amostra de material) para o Lacen (Laboratório Central Noel Nutels) – laboratório de referência do estado – onde passará por outra análise, e somente depois disso, nós confirmamos a presença da doença ou não. Em caso de haver um resultado negativo de um desses exames, nós descartamos imediatamente a leishmaniose – afirmou Janaína, lembrando que pela precisão e sensibilidade dos testes (criados pela Fiocruz) é “muito improvável algum equívoco no resultado”.
Então após todo esse processo de testagem, é que entra em cena o protocolo do Ministério da Saúde, que estabelece a eutanásia para o cão comprovadamente infectado com a leishmaniose visceral.
Questionada sobre o que acontece em caso de recusa do dono em mandar o cachorro para o sacrifício, Janaína disse que nunca ocorreu, mas que o município pode solicitar ajuda jurídica para solucionar o problema.
Apesar disso, Janaína é enfática ao dizer que o sacrifício do animal não é a forma de tratamento.
– Só matar cachorro não é a solução, mesmo porque quem gosta de animal vai acabar arranjando outro e o problema pode continuar. Temos é que priorizar o tratamento ambiental. Para isso nós já realizamos a conscientização da população sobre os hábitos do mosquito, que gosta de ambientes úmidos, com árvores e escuros e de material orgânico, como fezes de animais (principalmente de galinheiros) – falou.
Os sinais clínicos da leishmaniose nos cães
A Leishmaniose Canina é uma doença crônica, cujos sinais clínicos são muito variáveis e que geralmente se iniciam com uma apatia progressiva e uma intolerância insidiosa ao exercício. Mas os principais sintomas são:
– As lesões da pele são das mais frequentes, geralmente não causam prurido (comichão) e começam com uma perda de pelo progressiva acompanhada de caspa, que se inicia na cabeça e posteriormente se estende ao resto do corpo.
– Alguns animais desenvolvem ulcerações (feridas) no nariz e pavilhões auriculares.
– Entre 20 a 40% dos cães com Leishmaniose Canina desenvolvem lesões oculares.
– O crescimento exagerado das unhas e o corrimento nasal sanguinolento são também sinais muito frequentes.
– A perda de peso e a atrofia muscular são dos sinais mais frequentes quando existe um comprometimento visceral. Alguns animais podem perder peso, mesmo que tenham o aumento do apetite
– Quando os cães desenvolvem insuficiência renal crônica, o seu estado geral agrava-se bastante. Nesta fase, os animais podem apresentar perda de apetite, , emitem grandes volumes de urina e ingerem mais água. Nas fases mais adiantadas desta insuficiência podem também apresentar vômito e episódios de diarreia.
– A imunossupressão, causada pela própria doença, pode promover a ocorrência de infecções concomitantes, logo o quadro clínico pode ser complicado por condições como sarna demodécica, dermatite, gastroenterite e pneumonia.
*Fonte: Onleish
4 comments
Eu vivi essa experiência com uma cadela que eu tive. os procedimento foram esses citados acima, encaminhada veterinário e depois de comprovado, tive que me despedir da pior forma possível dela para ser encaminhada para Fiocruz. Isso a 2 anos atrás. Realmente não pega por contato. Tratei dela até os últimos minutos, realmente o animal fico horrível, apático, caspa, cai pelo, feridas por todo corpo, febre, ressecamento nasal, unhas grandes. Ela tinha muita fome, e tive de dar comida para ela a todo instante e água numa seringa, pois tinha sede. Foi muito sofrimento. Sei que fiz o que podia. Infelizmente teve que ser sacrificada.
Atenção proprietários de animais, lembrem-se , estamos resguardados pela lei!ninguém é obrigado a sacrificar, a não ser que deseje. O tratamento já é permitido.
Esqueceram de falar que uma decisão de um tribunal federal vale em todo território nacional. Então o sacrifício está suspenso em todo Brasil. Região sul fluminense continua no Brasil! correto?
Isso ai Suzi, essa medida do ministério da saúde citado pela veterinária da Zoonoses não existe mais, visto que o Dr Wagner Leão, no caso do Scooby no Mato Grosso do SUl, conseguiu derrubar a portaria em âmbito nacional, decisão do STF. Portanto ainda há informações mal divulgadas aqui no jornal.
Porque quem tem que morrer é o mosquito,o controle do ambiente, vacinas e coleiras contras os mosquitos, isso sim é eficaz.
A matéria anterior só serviu para levantar uma onda de pânico, principalmente de pessoas que acham que o cão infectado, pode transmitir a doença através de contato.
Palestras e esclarecimento à população, eutanásia não!
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