Motoristas apostam em estratégias para driblar crise e abastecer

Pesquisa de preço e qualidade se torna rotina em postos de gasolina (Paulo Dimas)

Volta Redonda – Driblar a crise econômica tem sido um exercício diário para os trabalhadores. Para quem não abre mão de usar o carro como único meio de transporte, na hora de abastecer, a atenção deve ser redobrada na procura pelo melhor preço sem perder na qualidade. Encher o tanque já não é mais um hábito entre os motoristas, que acreditam conseguir economizar no abastecimento por etapas. Segundo os que apostam nesse método, é uma alternativa para autocontrole e tem dado resultado.

Um posto de gasolina na Vila Santa Cecília tem sentido a queda do movimento nos últimos meses. Segundo o frentista Ederson Oliveira da Silva, houve uma redução de pelo menos a metade dos clientes. Ele afirmou que, em geral, os motoristas que ainda mantêm a preferência por esse posto não enchem o tanque. Muitos têm buscado completar o combustível em locais alternativos, que pode ter preço mais em conta, no entanto, com a qualidade que pode gerar gastos maiores no futuro.

– A gasolina normal está a preço de tabela, R$ 4,20, muitos clientes às vezes abastecem entre R$ 20 e R$ 30 e depois vão procurar postos alternativos, mais baratos, só que com gasolina adulterada. A gente percebeu a queda de pelo menos 50 por cento no movimento. Só mesmo os clientes mais antigos é que não deixam de abastecer – considerou.

Mas no caso da assistente administrativa Gislaine Souza, de 34 anos, deixar de lado o costume de abastecer o carro por completo fez com que ela tivesse mais noção do quanto estava gastando e muitas vezes, segundo ela, sem necessidade. Pela comodidade, Gislaine sempre saia de carro, mesmo que para distância curta. Agora, a moradora de Volta Redonda só dirige para ir trabalhar, em Barra Mansa, ou em casos de necessidade. E com essa contenção, ela garante que já percebeu uma diferença no orçamento.

– Quando a crise foi apertando, coloquei no papel todos os gastos para ver o que dava para cortar, ou pelo menos reduzir. Acabei percebendo que gastava muito com combustível e estava pegando o carro para ir do meu bairro, na Sessenta, para ir até a Vila, sendo que é possível ir de bicicleta, sem gastar nada. Acho que estou nessa adaptação há uns três meses e pelas minhas contas, já fez uma diferença de 15 por cento no fim do mês – afirmou, mas lamentou a falta de estrutura na cidade para trafegar com esse meio de transporte. “É perigoso. A gente tem que ficar sempre atenta, porque ninguém respeita e não tem ciclovia”, completou.

Outro caso inspirador para driblar a alta dos preços e também exemplo de sustentabilidade é de um grupo de amigos que são vizinhos e trabalham em locais próximos. Fábio Rocha, Aline Tolentino e Rogério Dutra enchem o tanque, mas racham a conta. Há um mês, Fábio deixou de andar de ônibus e Aline de moto para irem com Rogério de carro.

– Chegamos a nos culpar por não termos pensado nisso antes, não precisava nem de crise para pensar nisso – brincou Aline, que agora só usa a moto nos fins de semana quando sai. Fábio, que antes tinha que enfrentar os ônibus lotados, agora reverte o que gastava em passagem para o abastecimento do carro e se assustou com a diferença. “Com o nosso esquema, sinto que gasto um dinheiro mais justo, porque a passagem tem um preço fixo, independente da distância. Mesmo que em alguns momentos a gente desvie do nosso caminho, para sair depois do expediente, é bem mais em conta rachar assim”, avaliou.

Em Volta Redonda, o preço médio da gasolina gira em torno de R$ 4. De acordo com o Sistema de Levantamento de Preços (SLP) da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor mínimo é de R$ 3,799 e o máximo R$ 4,159, considerando dez postos de gasolina dos bairros São Lucas, Ponte Alta, Aterrado, Retiro, Niterói, Centro e Conforto.

Por Libânia Nogueira