Barra Mansa- O ano de 2019 será governado pelo orixá Nkisi, o grande guerreiro, lutador, forjador, senhor do ferro e da força, de acordo com Yá, Mam´etu SiáVanjú de Barra Mansa. Segundo ela, será um ano de lutas, conflitos e enfretamentos: “a presença de um forte combate está vindo por aí”.
– Será um ano difícil não só pelo resultado das eleições, que foram sujas, tanto de um lado quanto de outro. O desenho de 2019 já está sendo apresentado para gente, pois a regência de Nkisi é de força armada, de guerra e luta. Emocionalmente, as pessoas vão estar com os ânimos mais alterados e podem ocorrer conflitos gerais, será um ano de desinteligência, pressa, dificuldade de adequação – disse, acrescentando que as pessoas devem manter a calma em 2019 e não entrar em brigas desnecessárias que podem levar a conflito grave.
– O emocional precisa estar sereno, as pessoas devem ter paciência, não responderem de imediato, respirar fundo, contar até 10 para poder falar com o outro, pensar bem antes de qualquer tomada de decisão no calor das emoções. Devido à regência Nkisi, o índice de violência e homicídios tende a aumentar – comentou.
Para Mam´etu SiáVanjú, o lado positivo do ano será o estabelecimento do equilíbrio, busca e trabalho, pois, segundo ela, o ano de 2018 foi de justiça e da retidão, sob a regência do orixá Zazi. “Trouxe a seriedade e a queda das máscaras, as verdades por mais duras que sejam foram reveladas. Quem plantou bons frutos e foi justo pode criar boas expectativas em 2019”, disse.
– A justiça de Zazi veio à tona em 2018 vimos isso principalmente no campo político com muitas prisões e julgamentos. O ano de 2019 será delicado, mas não será ruim, o equilíbrio será reestabelecido, os conflitos serão necessários para ter essas mudanças, esse será o saldo positivo do ano – comentou.
O clima para 2019, de acordo com Mam´etu SiáVanjú, ainda será muito quente, o calor prevalecerá no ano. Para o Réveillon e durante 2019, todas as cores de roupas são bem-vindas, principalmente o branco para elevar a vibração, deve-se evitar o preto, que, na opinião dela, é um bloqueador de energias positivas e negativas.
– O branco está totalmente ligado à nossa ancestralidade, usamos para celebrar à vida, nascimento, casamento, e até a morte. Usamos o branco não para simbolizar a paz, mas para chegar até ela, essa cor é a união de todas as cores, e representa para nós do Candomblé de Angola, pureza, resguardo das energias negativas, energizando quem usa também, elevando as vibrações. Por isso, recomendo usar branco não só no réveillon, mas durante o ano e nas sextas-feiras – explicou.
Mam´etu SiáVanjú destacou que os rituais tradicionais de réveillon como, por exemplo, pular as sete ondas, comer lentilha e usar branco durante a virada do ano são válidas.
– Essas tradições são válidas, dentro da proposta de cada um, o que recomendo é que cada um que se propõe a pular as sete ondas, comer lentilha para ter um ano farto, que mantenha essa energia que está sendo captada com equilíbrio, sem exagero, após as práticas – salientou.
Intolerância religiosa
Em 2018, foram noticiados diversos casos de intolerância religiosa em templos de matrizes africanas, muitos deles foram invadidos e depredados, no estado do Rio de Janeiro. Em 2017, de acordo com a Secretaria estadual de Direitos Humanos do Rio de Janeiro, foram registrados 800 casos de intolerância religiosa no estado. Para Mam´etu SiáVanjú, esses atos de violência são puramente preconceito racial maquiado de religioso.
– É puro preconceito racial disfarçado de religioso, pois as religiões de matrizes africanas foram trazidas para nós dentro dos navios negreiros, depois que a senzala aprendeu a ler, escrever, a ter um título na frente do nome eles não suportam o preto falando dentro dos terreiros, tem uma visão errônea dessas religiões – desabafou, acrescentando que em seu templo nunca houve nenhuma tentativa de violência, mas conhece um caso em Barra Mansa, onde um terreiro foi depredado.
– Conheço um irmão de religião que teve seu terreiro violentamente depredado, por que as pessoas inventaram que ele estava fazendo um ritual com humano e chamaram a polícia, que quando chegou constatou que era um sacrifício animal, que é comum na religião, mas que não envolve de maneira nenhuma pessoas – disse.
Mam´etu SiáVanjú relatou que quanto tinha 16 anos foi apedrejada na rua por estar vestida com roupas do candomblé, mas que apesar disso, continua saindo às ruas a caráter.
– Ando com roupas do candomblé nas ruas quando tenho vontade, não sinto medo, até por ser muito conhecida no bairro e na cidade. Mas já fui hostilizada e sofri violência aos 16 anos sendo apedrejada na rua junto com a minha irmã, que também estava vestida com roupa do candomblé – contou.
Por Franciele Bueno
3 comments
O número de homicídios aumentará e os zumbis dirão,as pessoas do mal foram para o colo do capiroto.
Agora já sei como será o meu casamento.
Minha mameto
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