Barra Mansa, Pinheiral e Barra do Piraí –
Após receber a liberação de verbas para melhorias na captação de água, municípios do Sul Fluminense explicam as medidas emergenciais que serão tomadas. Inicialmente a verba será usada para melhorias na captação de água, como a compra de bombas flutuantes, garantindo o fornecimento nas cidades após nova redução da vazão da bacia do Rio Paraíba Sul. Após o Ceivap (Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul) destacar que algumas cidades banhadas pelo Paraíba estão com problemas no abastecimento, representantes de Barra Mansa, Pinheiral e Barra do Piraí, falam de suas primeiras impressões.
O prefeito de Pinheiral, José Arimathéa (PT), destacou que a importância da conquista junto ao comitê auxilia a decisão de resoluções imediatas.
– Esta é uma ação que está acontecendo em tempo recorde, dada à gravidade do problema que estamos enfrentando. A liberação da verba demonstra que os envolvidos estão preocupados e atentos. Ao mesmo tempo dando atenção à necessidade de redução do Paraíba – disse.
De acordo com ele, a redução é um problema necessário, que deve ser enfrentado agora para posteriormente os município manterem a capacidade de agua nos reservatórios “Se não reduzirmos agora, quando chegar em agosto não teremos água nos reservatório. O reservatório é nossa segurança”, explicou, apontando que os estudos demonstram que os municípios deverão reduzir a vazão de 140 para 110 m³/s, segundo decisão da Agência Nacional das Águas (ANA), porém as cidades só poderão fazer a redução desde que a mesma não comprometa a normalidade do sistema de captação de águas.
O prefeito de Pinheiral ainda ressalta que a situação no município é regular, com a estiagem afetando apenas algumas áreas rurais isoladas.
– Estamos com uma situação confortável em Pinheiral e estamos aplicando a redução sem comprometer o abastecimento. No momento todas as cidades continuam com o sistema de captação normal e o abastecimento estável, pois ainda não sofreram diretamente. Porém, tudo depende de alguns fatores, como a localização do sistema de captação de cada município – disse, ressaltando que a redução para 110 não exigirá grandes manobras, não afetando o sistema de captação de Pinheiral.
O município, porém apresenta insuficiência no campo, no que Arimathéia chama de “desabastecimento de micro regiões”, principalmente em relação à área rural que têm recebido suporte de abastecimento com transporte de carros pipa.
– Há uma série de situações que podem ocorrer na região, e que não podemos nem prever. Um dos problemas sérios está relacionado à qualidade da água. Quando se diminui a vazão, aumenta a concentração de esgoto sem tratamento, podendo haver um prejuízo na qualidade. Assim todas as estações na região deverão ser monitoradas para sabermos se o protocolo das estações está de acordo com o padrão. Quando acontecer a redução, deverá ser observado o comportamento da água, do rio e os respectivos tratamentos – explicou destacando que a população deve colaborar para o sistema retirar menos água dos rios.
Segundo ele, o comitê da bacia já solicitou um retorno rápido dos municípios em relação aos orçamentos, para que o mecanismo de licitação seja agilizado o quanto antes. Assim que os municípios tiverem os orçamentos em mãos, os mesmos serão debatidos com a Agevap (Agência da Bacia do Rio Paraíba do Sul) que já está solicitando junto aos tribunais de contas, para os prefeitos não sejam penalizados pelas compras emergenciais já que a legislação ainda é burocrática.
Barra Mansa e Barra do Piraí
Em Barra Mansa, Horácio Delgado, diretor-executivo do Saae-BM, acredita que a liberação da verba pelo Ceivap vai contribuir para a melhoria da captação de água do município, garantindo o consumo humano e o fornecimento para todas as regiões da cidade.
– O recurso será investido na instalação de bombas anfíbias, orçadas em R$ 1 milhão, para garantir o abastecimento da população de Barra Mansa. Esses equipamentos vão ajudar na captação de água mais profunda, sem ter a necessidade de construir uma barragem – disse, destacando que é importante que toda a população continue sendo abastecida e as pessoas utilizem a água racionalmente, pensando no próximo. “Se isso acontecer, todos teremos água por um bom tempo. Com a situação neste estado, bem crítica, estamos priorizando totalmente o abastecimento humano. Mas, é claro que as grandes empresas leiteiras da região sofrerão mais ainda se a situação persistir”, observou.
Em Barra do Piraí o prefeito Maércio de Almeida (PMDB) destaca a oportunidade de adequação dos pontos de captação de água bruta nas estações da Carola, beco da Carola na Rua Assis Ribeiro; Coimbra, bairro Artur Cataldi, conhecido como ‘Coimbra’, e Nelson Carneiro, em Santa Cecília no Rio Paraíba do Sul, projetando uma vazão ainda menor, de até 30 m³/s após a Usina Elevatória de Santa Cecília. “A verba será aplicada no projeto da Cedae para realizar as adequações orçadas em R$ 1,662 milhão”, ressaltou.
O prefeito ainda frisou que o maior problema no abastecimento em Barra do Piraí está na captação de água bruta. De acordo com ele, o governo municipal aguarda, além das adequações citadas, que a estação de tratamento do Campo Bom, que está sendo construída acima da usina elevatória de Santa Cecília pela Cedae, entre em operação. “Com esta nova ETA do Campo Bom a captação não será mais afetada, já que acima da barragem o nível da lâmina d’água do Rio Paraíba do Sul sofre pequenas alterações”, destacou.
Ainda de acordo com ele, a administração municipal tem um projeto específico para o Rio Paraíba do Sul. Já licitada pela Caixa Econômica Federal (CEF) a primeira estação de tratamento de esgoto (ETE) que será construída para atender bairros à margem direita do Rio Paraíba do Sul. O custo desta ETE e da rede de esgoto ficará em torno de R$ 25 milhões.
– Os bairros à margem esquerda ainda estão aguardando a licitação da CEF, e o custa também ficará em torno de R$ 25 milhões. Serão R$ 50 milhões investidos no tratamento de esgoto que hoje é despejado no Rio Paraíba do Sul – lembrou.