As ‘Praças Onze’ e as oposições

by Paulo Moreira

“Vão acabar com a Praça Onze/Não vai haver mais escola de samba, não vai”… há mais ou menos oitenta anos, o compositor Herivelto Martins lançava esse samba, em que associava o fim da Praça Onze de Junho a um suposto fim dos desfiles de escolas de samba, que aconteciam no local. Pois bem, a Praça Onze acabou mesmo, mas em fevereiro do ano que vem as escolas de samba vão estar no Sambódromo, desfilando como o fazem há quase um século. Os desfiles só trocaram de lugar. E ficaram cada vez maiores.
A história vem a respeito das deduções (muitas delas equivocadas) que as pessoas costumam fazer a partir de parte de algo que foi informado. Ultimamente, com a troca de governo, muita gente vem se dedicando a esse exercício de previsão de consequências catastróficas de decisões que ainda não foram nem oficializadas.

A Praça Onze acabou; as escolas de samba, não (Foto:Tata Barreto/ RioTur  via Fotos Públicas)

Oposição sendo oposição

Tudo bem que função de oposição é criticar o governo. Isso tem que existir e é saudável para a democracia, evitando a concordância generalizada que acabaria por nos levar ao imobilismo.
Quem quiser apontar erros do governo pode e deve fazê-lo. Mas é feio (muito feio) apavorar as pessoas com perigos que nem se sabe se podem existir. Ou que se sabe impossíveis.

Décimo-terceiro

Um exemplo usado ainda durante a campanha foi o suposto fim do décimo-terceiro salário. Trata-se de um direito constitucionalmente garantido, e acabar com ele seria tarefa das mais complicadas. Mas as pessoas morrem de medo de perder esse dinheiro extra do fim de ano.
Se aproveitar desse medo é tão válido quanto chutar o tornozelo do pé de apoio do adversário durante uma partida de futebol: não é justo, é contra as regras, mas pode funcionar. E também pode render uma cotovelada no próximo lance, como retaliação.

A reforma da previdência

Todos os dias o colunista vê gente morrendo de medo de um monte de supostas medidas que serão tomadas pelo futuro governo. Uma delas é a reforma de previdência. Existe um projeto em andamento no Congresso Nacional, que está com cara de ser deixado como “abacaxi de boas-vindas” para a próxima legislatura.
A maioria das pessoas nunca leu nem o resumo do projeto. Só sabe a respeito dele as opiniões de que tomou conhecimento pela Imprensa ou pelas redes sociais. E mesmo assim se acha no direito de opinar como se soubesse de cada detalhe da proposta.
Melhor esperar e ver o que realmente vai acontecer.

A guerra contra a Venezuela

Essa durou pouco tempo, de tão absurda que era. Um dos filhos do futuro presidente disse, durante um ato de campanha na Avenida Paulista, que o General Mourão, na época candidato a vice-presidente da República e hoje vice-presidente eleito, teria dito que “a próxima operação de paz do Brasil será na Venezuela”.
Isso foi propagado pelos adversários do presidente eleito como uma intenção de guerrear contra o país vizinho.
Nada mais distante da realidade. Pra começar, uma operação de paz está bem longe de ser um ato de guerra. Ela ocorre por decisão da ONU, para levar ordem a países onde o governo não tem condições de se impor, como aconteceu no Haiti, recentemente.
Pra continuar, no Brasil não basta o presidente estalar os dedos para botar as Forças Armadas em ação. É preciso que o Congresso Nacional autorize, e mesmo que o futuro presidente estivesse “a fim de dar uns tirinhos”, provavelmente nossos parlamentares não permitiriam.

Quando vale descer a lenha

Quando se trata de uma decisão já concretizada, como a escolha de algum ministro, a oposição tem todo o direito de criticar, dizer que o cara é incompetente, desonesto e ainda tem axilas malcheirosas. Isso é lógico: se o cara fosse do agrado da oposição, não seria escolhido pelo governo.
O governo, por sua vez, tem todo o direito de explicar a escolha que fez. Mas, e é um grande “mas”, tem o direito. Não a obrigação. Uma resposta mal-educada perfeita seria: “Escolhi porque ganhei a eleição. Se tivesse perdido, quem estaria escolhendo seria meu adversário”.

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11 comments

Kid bengala 9 de dezembro de 2018, 02:52h - 02:52

O Brasil tem dono realmente ,seu capacho Trump vivandeira.

Jairselascando 7 de dezembro de 2018, 15:43h - 15:43

Assessor dos bolsonaros irrigando contas da famiglia,pode isso Arnaldo?

Geninha 8 de dezembro de 2018, 16:49h - 16:49

Pode. É só ele pedir perdão ao Moro, como fez o Ducha Lorenzetti, sobre o caixa dois. Isso sem contar a investigação do MPF, sobre o enriquecimento do futuro ministro da fazenda, Paulo Guedes, com a manipulação dos fundos de pensão.
Pelos fatos vindos a baila, a oposição não terá trabalho nenhum………..

muamar gadaffi HA, HA , HA 5 de dezembro de 2018, 16:03h - 16:03

o sujeitinho é um projeto de ditadorzinho, sempre desejando o mal para quem não comunga da sua cartilha Justo Veríssimo , evolua alma penada e seja propositivo de forma viável , não com delírios vivandeiros.

Mão Santa ex guru intelectual 5 de dezembro de 2018, 06:50h - 06:50

Maldito o homem que confia em outro homem .

Kid bengala 4 de dezembro de 2018, 15:57h - 15:57

O discursinho direita volver do abastado Gutierrez vai ser pregação no deserto daqui há poucos meses,o novo governo vai matar o pobre de fome e o rico de vergonha.

Caçador de pela saco 4 de dezembro de 2018, 13:47h - 13:47

Sérgio Moro o herói do Banestado,o ser humano supera as sandices e bostejamentos.

VOTONULO 3 de dezembro de 2018, 18:24h - 18:24

Vai piorar muito!!!!

guto 2 de dezembro de 2018, 11:23h - 11:23

Os oposicionistas nem deixaram o Bolsonaro assumirem o poder e já fazem análises dizendo que Bolsonaro continuará com a corrupção, que nós vimos nos últimos anos, esquecendo que Bolsonaro colocou para comandar a justiça o verdadeiro herói brasileiro: o juíz Sérgio Moro, que combateu a corrupção dos empresários e dos políticos, conseguindo através da Operação Lava-Jato trazer de volta para os cofres públicos 14 bilhões de reais!
No entanto, 14 bilhões de reais é muito pouco perante o que Lula e os petistas roubaram, mas é um sinal para a população de que o juiz Sérgio Moro não aceita propinas e tem boas intenções no combate à corrupção, e que agora alçado à uma posição superior pode até recuperar mais dinheiro roubado pelos guerreiros do povo brasileiro, como gostam de dizer os petistas!
Só tenho um conselho para as pessoas que estão falando mal do Bolsonaro, antes mesmo dele assumir o poder: vocês perderam a guerra contra a Democracia, o tempo de vocês acabou! Está na hora de fazer as malas e partir para a Venezuela, pois lá seus companheiros continuam lutando contra a Democracia, os EUA, Israel, a moral cristã e a direita!
Vocês me lembram o personagem de Nicole Kidman, no filme “Os outros”, pois nesse filme ela e seus filhos ficam esperando pela volta do marido e pensam que pessoas estranhas (os outros) invadiram a casa dela, no entanto, no final do filme se descobre que ela e seus filhos estão todos mortos e que “os outros” são os verdadeiros donos da mansão!!!
Esquerdistas, acordem, vocês morreram e “os outros”, agora, são os donos do Brasil! Se manda cambada!!! O que dizer da ignorância dos esquerdistas, que ainda acham que podem dar palpites sobre reconstruir o Brasil, depois de terem criado a Maior Crise Econômica que o Brasil já teve, segundo os dados do IBGE?!!!
Como diria o ex-Senador Mão Santa: “A ignorância é audaciosa!”…

Recruta Zero 27 de novembro de 2018, 19:33h - 19:33

Sobre a reforma da previdência digo o seguinte, tive a oportunidade de ver não parte, mas a íntegra do que está proposto na reforma, e é chumbo grosso no lombo do trabalhador, os de sempre irão ficar de fora.

Paulão 25 de novembro de 2018, 21:55h - 21:55

Mas antigos entendidos em escola de samba diziam que nunca mais os desfiles foram os mesmos. Deixou de ser uma festa espontânea “Do povo, Pelo Povo, Para o Povo” para ser um evento oficial dos governantes e donos de escolas de samba.
Saindo da Praça XI para a dos Três Poderes, realmente fica difícil afirmar o que pode ou não acontecer, de bom ou de ruim, pois acho que o presidente eleito e sua equipe também não sabe e o que depender do Congresso fica no imprevisível, pois vai ficar a espera do “é dando que se recebe”, como sempre. Além disso parece que Bolsonaro não assume postura de estadista e continua em clima de campanha eleitoral no uso constante das redes sociais e a oposição, como nas últimas 3 eleições para presidente, porém agora também com partidos que eram situação até 2014, parece se preparando para um “terceiro turno”.

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