Uma profissão em extinção

Por Paulo Moreira

Quando os primeiros cartões para o pagamento de tarifas de ônibus surgiram, começaram as preocupações com a possibilidade de que isso tornasse desnecessário o trabalho dos cobradores – profissão que qualquer pessoa que tenha assistido ao primeiro “Velocidade Máxima”, ou a qualquer filme que mostre alguém usando ônibus urbano, sabe que não existe nos Estados Unidos.

Pois bem: agora aparece outro equipamento, capaz de ler cartões de crédito e débito diretamente. Se antes era preciso que as pessoas obtivessem o cartão que os sindicatos que representam as empresas de ônibus disponibilizavam aos usuários, agora qualquer um que tenha conta em banco poderá pagar a passagem sem a intervenção de cobradores.

Sim, sempre existirão as pessoas que carregam dinheiro para pagar a passagem, mas mesmo isso poderia ser resolvido com a compra antecipada de bilhetes, como ocorre nos metrôs e trens. Basta que as pessoas se acostumem com isso. Nos Estados Unidos, só para comparar, pode-se pagar em dinheiro diretamente ao motorista, mas lá as passagens custam valores redondos (geralmente, um dólar) e só se aceita a quantia exata.

 

Mais recentemente, também poderiam ter feito campanhas para que as empresas não abandonassem as máquinas de escrever elétricas em favor dos computadores. Afinal, quanta gente não ganhava a vida fazendo manutenção ou datilografando?

Computadores eliminaram várias funções, mas também fizeram surgir várias oportunidades de emprego

 

A questão do custo

 

Quando sai da garagem, atualmente, um ônibus carrega um motorista e um cobrador. O salário do motorista está, atualmente, na faixa de R$ 2 mil, com cerca de R$ 1.600 de encargos sociais mensais. Total, R$ 3.600. O cobrador ganha cerca de R$ 1.300 mensais, com cerca de R$ 1.000 de encargos sociais, totalizando R$ 2.300.

Assim, uma equipe de um ônibus custa R$ 5.900 por mês. Como cada ônibus usa duas equipes por dia, o custo mensal iria para R$ 11.800. A saída dos cobradores representaria uma redução de R$ 4.600.

Essa redução no custo da mão de obra iria para a planilha que determina o valor das passagens, e portanto acabaria sendo benéfica para a população em geral.

 

Risco e oportunidade

 

A reação que ocorre sempre que uma tecnologia substitui uma profissão é de pena pelas pessoas que supostamente perderão seus empregos. O que não se percebe é que, junto com as novas tecnologias, surgem novas oportunidades de trabalho.

Os computadores eliminaram muitas das antigas funções em escritórios, é verdade. Mas criaram uma variedade de ocupações, desenvolvedor de sistemas a blogueiro, que não existiriam sem eles.

Então, em vez de tentar emperrar o avanço tecnológico, talvez seja melhor buscar outras opções.

E antes que os motoristas comecem a se sentir muito mais seguros que seus colegas de trabalho, lembrem-se de que os primeiros ônibus autônomos já começaram a circular em fase experimental, sem necessidade de ninguém para dirigi-los.

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12 Comentários

Dr. Amaral 22 de agosto de 2019, 22:07h - 22:07

É isso aí.Nada detém o progresso.Essa profissão vai desaparecer como desapareceu o datilógrafo.
O cobrador que aprenda a dirigir ou então vai ser pedreiro carpinteiro ou mecânico.

Zé das Coves 23 de agosto de 2019, 16:40h - 16:40

O seu discurso é muito fácil …
vindo no caso de um Dr. que na maioria dos casos no Brasil vem de nascidos em berço de ouro.
Que em sua maioria não sabem o que é passar dificuldade… que sempre tiveram danoninho para comer.
Vivemos em um país com 13 milhoes de desempregados.

Laticinea 22 de agosto de 2019, 09:17h - 09:17

Até chegar a modernidade em nosso país ,os motoristas de ônibus fazendo ainda a função de cobrador.Quando no volante descobriu que deu troco a mais,imagina como fica a mente deste profissional.que até hoje as pessoas não colaboram com o dinheiro trocado para uma viajem no ônibus,e a lei do troco máximo é exorbitante até hoje a favor do usuário.

Zé do Aço 21 de agosto de 2019, 13:28h - 13:28

Se bem conheço o Brasil . Vão extinguir a profissão e a passagem vai continuar cara.
Vão desonerar o empresário e aí vão introduzir outras despesas a planilha de passagem.
Se foi o brasileiro que inventou a malandragem? eu não sei , mas que aqui a faculdade da esperteza é do nivel de havard. isso é !!!
O preço dos combustíveis no Brasil exemplifica a malandragem brasileira. Dez anos atrás o preço internacional do barril de petróleo estava na mesma base de agora e o litro da gasolina custava em torno de R$ 2,90 R$ 3,00. Aqui quando o petróleo sobe 10%, os combustíveis sobem os 10% ou mais … mas quando o petróleo cai 10% … se cair alguma coisa já é lucro.
Acredito que a lógica brasileira é a de que infelizmente o cobrador vai rodar e a passagem continuará o mesmo preço por que o pneu do ônibus tá caro, o diesel está caro, a renovação da frota…
Problema do Brasil é estrutural !!!
Só jogando uma bomba e começando do zero de novo !!!

Pagador de impostos 14 de agosto de 2019, 12:03h - 12:03

Fosse eu cobrador de ônibus, começaria a pensar em me qualificar para outra profissão, pois essa vai ser extinta. É uma questão de tempo. Não se pode lutar contra a modernidade. “Motorista” de elevador também.

dIARIOPROVINCIAN 13 de agosto de 2019, 11:02h - 11:02

Em diversas cidades isso causou – e ainda causa – muitos transtornos. Futuramente, tudo bem. Acho que é inevitável. Mas, por ora, e considerando o perigosíssimo trânsito das cidades brasileiras, não é viável para além do lucro maior para as empresas (vai me dizer que a passagem abaixou no Rio por isso e não pela pressão da população?). A transição não precisa ser de forma caótica como está sendo aqui

Laticinea 12 de agosto de 2019, 21:46h - 21:46

No Rio de Janeiro ainda a desordem na recarga é compra de cartão no VLT.

Emir Cicutiano 7 de agosto de 2019, 07:54h - 07:54

A utilização de cartões de crédito/débito é uma alternativa mais conveniente que o cartão proprietário das empresas de ônibus. O único porém seria o custo da maquineta junto à operadora do cartão… De início, poderia-se continuar utilizando os cartões proprietários convencionais, mas estes deveriam possibilitar recargas online ou mesmo em agências bancárias, mediante convênio. Facilitaria a vida do usuário e implicaria em menos despesas para as empresas do que colocar maquineta de crédito/débito em cada ônibus…

Paulo Roberto 6 de agosto de 2019, 22:38h - 22:38

Infelizmente no Brasil tem muito empresário que gosta de levar vantagem em tudo. Já estão retirando os trocadores e não estão facilitando a aquisição dos cartões.
V. Redonda por exemplo: Um passageiro de fora da região, ao descer na rodoviária e quiser embarcar em ônibus para o Retiro, vai a pé até o Pontual Shopping na Vila Sta. Cecília, único local na cidade para aquisição do cartão? E nem sei se fica pronto na hora. Metrô é um em cada estação.
Economizam na mão de obra, mas sem gastar com o equipamento que a substitui.
Outro detalhe, sem o trocador o desembarque pela porta traseira se tornou um risco. Já vi criança presa em porta fechada antes do momento certo e pessoas com dificuldades para descer aqueles degraus e o motorista acelerar para ir embora.
Observação: dizem que no início da história do ônibus, no Rio, o cobrador era o próprio motorista, mas dar o troco complicava e então criaram a função de trocador para facilitar a vida do motorista-cobrador. Tempos depois a função de cobrar passou para o funcionário do troco, que passou a entregar fichas aos passageiros, depositadas num recipiente próximo ao motorista-fiscal, na hora do desembarque.
E a saída era na porta da frente, com mais segurança para o usuário.

Jorge Salomão 7 de agosto de 2019, 00:47h - 00:47

Verdade. Já q o discurso da maioria desses elementos é q o que onera o empresariado são os direitos trabalhistas e a quantidade de empregados, se esse discurso fosse verídico, simplesmente já q cada coletivo, uma mesma pessoa faz trabalho de dois, nada mais lógico o preço das passagens ter uma redução drástica não é ? Mas não, estão cada vez mais caras, levando-se a crer q o chororo é mentiroso. É igual esse falso discurso dos supermercados de não fornecer mais sacolas plásticas por causa do meio ambiente, e cobrando por elas, balela pura, o valor das sacolas já esta embutido nos preços dos produtos. Moral da história, cobram as sacolas e não diminui o preço dos produtos, vc acaba pagando duas vezes. Preocupados c o meio ambiente, tá me engana q eu gosto.

alexandre lucas 6 de agosto de 2019, 10:00h - 10:00

gostei do assunto, a discordância fica so na questão da economia com o fim da profissão de cobrador, que não será repassado para os usuários e sim para aumentar a margem de lucro das empresas. No Brasil não há empresários de transporte que pense na qualidade do serviço.

Leitor 6 de agosto de 2019, 08:28h - 08:28

O cobrador no Brasil, além de receber, serve para por ordem na bagunça.

Tem horários que fica lotado de arruasseiros e o motorista tem sua atenção desviada ao dirigir.

Dependendo da linha e do horário isso é muito comum.

Também é comum sentarem no preferencial.

Assim como ninguém levantar para uma grávida barriguda sentar, ao ponto do cobrador dizer: Se ninguém ceder lugar o ônibus não sai!

É um problema de educação!

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