Agência Moody’s retira grau de investimento do Brasil

by Diário do Vale

Rio – A agência de classificação de risco Moody’s retirou nesta quarta-feira (24) o grau de investimento do Brasil, o que funciona como garantia de que o país não dará calote na dívida pública. Ela rebaixou o Brasil para Ba2, a segunda nota do grau especulativo.

Entre as três maiores agências de classificação de risco, a Moody’s era a única que ainda não tinha tirado o selo de bom pagador, que estava em Baa3, último nível do grau de investimento.
Além do rebaixamento, a agência colocou o país em perspectiva negativa, o que significa que pode reduzir ainda mais a classificação do país nos próximos meses. Segundo a Moodys, um dos motivos que levou ao rebaixamento foi a perspectiva de maior deterioração dos indicadores de dívida do Brasil, em um ambiente de baixo crescimento, com a dívida do governo provavelmente superior a 80% do Produto Interno Bruto (PIB), em três anos.

A agência também citou as dinâmicas políticas desafiadoras, que devem continuar dificultando esforços de consolidação fiscal e atrasando reformas estruturais. De acordo com a agência, a perspectiva negativa contempla os riscos de deterioração adicional para o perfil de crédito do Brasil que emanando de choques macroeconômicos e de disfunção política mais profunda.

No último dia 17, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) voltou a rebaixar o país, cinco meses após retirar o selo de bom pagador do Brasil. A nota foi reduzida de BB+ para BB. A agência concedeu ainda perspectiva negativa. A S&P tinha sido a primeira a retirar o grau de investimento em setembro do ano passado. Em dezembro, a Fitch seguiu a decisão.

Banco Central

O rebaixamento do Brasil a grau especulativo pela agência de classificação de risco Moody’s “altera pouco a situação do crédito” no país, segundo avaliou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, que apresentou nesta quarta-feira (24) dados de empréstimos dos bancos, referentes a janeiro.

Para Maciel, o impacto no crédito oferecido pelos bancos é “indireto e difuso”.

– Tende a ser marginal tendo em visto que impactos dessa natureza já foram absorvidos por reclassificações anteriores (pelas agências Standard&Poors e Fitch). Não é isso que vai alterar o mercado de crédito no Brasil – enfatizou. Maciel também argumentou que a fonte de recursos para o crédito oferecido pelos bancos no Brasil é doméstica e não externo.

País preparado

O subsecretário da Dívida Pública do Tesouro Nacional, José Franco, disse que o órgão está preparado para gerir a dívida independentemente da perda do grau de investimento. Hoje, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota do Brasil de Baa3 para Ba2. A agência colocou também o país em perspectiva negativa, o que significa que pode reduzir ainda mais a classificação nos próximos meses.

Segundo ele, o Tesouro, responsável pelo controle e administração da dívida pública federal, trabalha com cenários que incluem vários fatores, inclusive, os negativos, como a notícia do rebaixamento da Moody´s.
“(O Tesouro) estava preparado porque isso é previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF) [da Dívida Pública] em um ambiente com a perda do grau de investimento”, disse José Franco. Segundo ele, o governo não alterará a estimativa sobre a dívida contida no PAF , em 2016, entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões.

Enfatizou que não acredita na saída de investidores estrangeiros após o rebaixamento. Segundo ele, o momento é de redução das taxas de juros no mercado internacional e os títulos brasileiros continuam atrativos sob essa ótica. Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) no Brasil está em 14,25% ao ano, ante 0,5% nos Estados Unidos.

O coordenador disse, também, que se alguns investidores estrangeiros decidirem não investir mais no Brasil, outros não residentes manterão as aplicações em títulos brasileiros. Segundo ele, existe uma rotatividade muito grande desse tipo de investidor no mercado e muitos diversificam as aplicações.

– O país perdeu o grau de investimento. Mudou de classe. Mas existem outros tipos de investidores para essa nova classe que vão comprar Brasil – disse.

De acordo com José Franco, é importante observar que mais de 75% dos credores do Tesouro são investidores domésticos. Ele falou sobre os efeitos do rebaixamento após anunciar, em Brasília, que a Dívida Pública Federal teve redução de 1,54% em janeiro, em comparação a dezembro. De um mês para o outro, caiu de R$ 2,793 trilhões para R$ 2,749 trilhões.

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