Rio – O Produto Interno Bruto do Brasil teve queda de 1,9% no segundo trimestre de 2015, na comparação com o primeiro trimestre, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador mostra que a soma das riquezas produzidas no Brasil nos meses de abril, maio e junho foi R$ 1,428 bilhão.
Nos primeiros seis meses de 2015, a retração acumulada da economia brasileira foi 2,1%, segundo o IBGE. O Produto Interno Bruto do segundo trimestre de 2015 ficou 2,6% abaixo do que foi registrado no mesmo período do ano passado. A queda do PIB em relação ao trimestre anterior é a maior desde o primeiro trimestre de 2009.
A maior queda foi registrada na indústria, que teve redução de 4,3% na comparação com o primeiro trimestre deste ano. A agropecuária teve queda de 2,7% e o setor de serviços recuou 0,7%. O consumo do governo cresceu 0,7%.
As exportações de bens e serviços aumentaram 3,4% no segundo trimestre, em relação ao três primeiros meses do ano, e as importações caíram 8,8%. A despesa de consumo das famílias caiu 2,1%, quando comparada ao trimestre anterior.
Indústria e serviços
A retração da indústria foi mais intensa na construção civil, que apresentou desempenho 8,4% menor que no primeiro trimestre. A indústria da transformação teve queda de 3,7%. A indústria da construção e a indústria da transformação respondem juntas por 75% do volume industrial brasileiro.
No setor de serviços, o comércio caiu 3,3%, os serviços de transporte, armazenagem e correio recuaram 2% e os serviços de informação, 1,3%. Os serviços de administração, saúde e educação pública tiveram a maior alta, de 1,9%.
Agricultura
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o setor agropecuário foi o único a apresentar alta, de 1,8%. De acordo com o IBGE, o bom desempenho de alguns produtos com safra no segundo trimestre e a produtividade contribuíram para o resultado. Em um ano, houve crescimento de 11,9% para a soja, 5,2% para o milho e 4,4% para o arroz. A produção de café e feijão caiu 2,2% e 4,1%, respectivamente.
A queda da indústria em relação ao ano passado chegou a 5,2%, puxada pela indústria de transformação, que recuou 8,3%. O setor de serviços caiu 1,4% em relação a 2014, com queda de 7,2% no comércio atacadista e varejista.
O desempenho das exportações e importações na comparação interanual foi influenciado por uma desvalorização cambial do real de 38% entre o segundo trimestre de 2014 e o deste ano. As exportações de bens e serviços subiram 7,5% e as importações caíram 11,7%.
As despesas de consumo das famílias também tiveram queda maior na comparação com 2015 em relação aos primeiros meses de 2014. De acordo com o IBGE, o indicador recuou 2,7%, a segunda queda consecutiva. Fatores como inflação, juros, crédito, emprego e renda pesaram para que o resultado fosse negativo.
Investimentos
O indicador que mede investimentos feitos pela economia brasileira também registrou queda, pelo oitavo trimestre seguido, no segundo trimestre de 2015. A Formação Bruta de Capital Fixo caiu 8,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2015 e 11,9% em relação ao segundo trimestre de 2014. A retração registrada em relação a 2014 foi a maior da série histórica do IBGE, que começou no primeiro trimestre de 1996.
O resultado fez com que a taxa de investimentos caísse para 17,8% do PIB, contra 19,5% no ano anterior e 20,7% em 2013. A coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca de La Rocque Palis, explicou que a queda nos investimentos é influenciada por baixos índices de confiança, juros mais altos e crédito menos abundante. “Vários bens que são considerados investimentos são bens de um preço unitário elevado e que dependem de um financiamento”, disse.
Recessão
O resultado do Produto Interno Bruto do segundo trimestre de 2015 mostra que a economia brasileira está há cinco trimestres consecutivos sem crescer. De abril a junho de 2015, a soma das riquezas produzidas pelo Brasil caiu 1,9% em relação a janeiro, fevereiro e março, a maior queda desde o primeiro trimestre de 2009. Nos três primeiros meses deste ano, a economia caiu 0,7% em relação aos últimos meses de 2014.
O segundo semestre do ano passado foi marcado por taxas estáveis. No quarto trimestre, não houve variação do PIB e, no terceiro, a economia variou positivamente 0,1%, o que não é considerado crescimento pelo IBGE.
Já no segundo trimestre de 2014, houve uma queda de 1,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior, o último de crescimento da economia brasileira, que subiu 0,7%.
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Rocque Palis, disse que todas as atividades econômicas foram afetadas. “O PIB é a medida síntese da economia. Existe uma deterioração de praticamente todos os indicadores econômicos”, destacou. “Existe uma turbulência política e indicadores econômicos fracos que estão tendo impacto importante sobre praticamente todas as atividades econômicas”, acrescentou.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o PIB caiu 2,6%, quinta retração seguida nos números trimestrais e também a mais intensa desde o primeiro trimestre de 2009.