RIO DE JANEIRO–
Cerca de 250 metalúrgicos, trabalhadores do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio) e do setor naval protestaram de forma pacífica, no início da tarde desta quarta-feira (4), contra as demissões em massa de funcionários da categoria no país.
A maioria dos manifestantes vieram de Niterói, região metropolitana, e atravessaram a Baía de Guanabara de barca. Eles interditaram algumas ruas por volta das 11h, e meia hora depois chegaram à sede da Petrobras, na avenida Chile, no centro.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Edson Rocha, já chega a pelo menos 10 mil o número de trabalhadores demitidos no Brasil, sendo 3.500 só no Estado do Rio. Ele afirma que as demissões em massa estariam acontecendo na tentativa de acabar com o setor naval por conta dos desdobramentos da operação Lava Jato, da Polícia Federal.
“Trabalhador na rua, corrupto, a culpa é sua. Trabalhador na rua, Petrobras, a culpa é sua”, gritavam os trabalhadores em coro no protesto.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, Alex Santos, as demissões acontecem num efeito dominó desde que foi divulgado o escândalo de desvios da Petrobras. Ele diz que em setembro de 2014 aconteceram as primeiras demissões em massa.
Santos afirma ainda que, na última semana, 1.500 trabalhadores do setor naval foram mandados embora da Empresa Brasileira de Engenharia (EBE), que fazia módulo para plataforma da Petrobras. O número de estaleiros no Rio passou de 7 para 6. No total, ainda há 12 mil empregados da categoria, em Niterói.
Alex Santos disse que deve participar de uma reunião em Brasília, no final da tarde desta quarta-feira, para discutir o assunto com representantes do Ministério de Minas e Energia. Ele não confirmou se o ministro Eduardo Braga participará do encontro.
A reportagem tentou contato com o Ministério de Minas e Energia e com a Petrobras, mas não obteve retorno.
Por volta das 14h, os manifestantes entregaram ao diretor corporativo da Petrobras, Antônio Sérgio, uma carta de repúdio às demissões em massa e pediram que uma comitiva de pelo menos oito trabalhadores acompanhem as reuniões semanais da diretoria. “Nós nos oferecemos para acompanhar todo o processo junto com eles. Agora, vamos esperar uma resposta num prazo de 15 dias”, disse Edson Rocha.
GREVE PRORROGADA
Os trabalhadores do Comperj decidiram ainda prolongar a greve da categoria até a próxima segunda-feira (9), quando voltam a se reunir para discutir uma possível proposta patronal. Os trabalhadores iniciaram a paralisação no dia 25 de fevereiro durante uma assembleia.
Segundo o sindicato, a categoria rejeitou a oferta de aumento de 6% para quem ganha até R$ 5 mil e de 5% para os que recebem acima deste valor. Além da elevação para R$ 440 do vale alimentação, que é de R$ 410.