Sindicalistas da região acreditam em recuperação dos níveis de emprego

by Diário do Vale
Retomada: Jerônimo acredita em recuperação do comércio no segundo semestre (Foto: Arquivo)

Retomada: Jerônimo acredita em recuperação do comércio no segundo semestre (Foto: Arquivo)

Volta Redonda – Depois de “comemorar” na última sexta feira, 01, mais um Dia do Trabalhador em todo o país, dados divulgados pelo Instituto Datafolha demonstram que os brasileiros estão mais preocupados com o desemprego e a economia do país do que em comemorar a data. Mas ao contrário da pesquisa da Datafolha, alguns representantes de sindicatos e associações trabalhistas em Volta Redonda, estão confiantes na recuperação de nossa economia.

A pesquisa, realizada no dia 11 de abril revelou que para 70% dos brasileiros a taxa de desemprego no país deve subir e apenas 10% dos entrevistados acreditam que a taxa sofrerá queda e 17% acham que vai ficar como está. Segundo a mesma pesquisa, para 58% dos brasileiros a situação econômica do Brasil vai piorar.

Na opinião da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Montagem e Construção Pesada do Sul Fluminense através do seu representante, Sebastião Paulo de Assis, avalia que a taxa de desemprego não aumentará. Muito pelo contrário, a expectativa é de aumento na oferta de emprego, principalmente na região, em função das obras previstas para acontecer ainda em 2015.

Obras no interior da CSN, a construção da nova rodoviária e a implementação do projeto de mobilidade urbana, todas em Volta Redonda,  assim como a construção da fábrica da Land Rover, em Itatiaia, além da construção de condomínios e da implementação do projeto Minha casa, Minha Vida em várias cidades da região são alguns dos investimentos previstos que vão promover o aumento da mão de obra e aquecer o setor da construção civil.

— Com essa demanda, acreditamos que irá faltar mão de obra especializada — completa o presidente da entidade, Sebastião Paulo.

Ele reconhece que a construção civil é um setor de alta rotatividade, com altos e baixos. No entanto, aponta que o setor imobiliário não foi afetado pelo desemprego.

— A crise de desemprego se instalou nas indústrias e afetou também a nossa região — avalia, acrescentando que as ações da entidade são educativas para que os trabalhadores fiquem atentos aos recrutamentos pelas empresas e mantenham seu cadastro atualizado no SINE e no Sindicato da sua categoria.

— A nossa maior bandeira de luta pelo não desemprego é contra o projeto de Lei 4.330, que amplia a terceirização — enfatiza o presidente, convidando todos os trabalhadores a se manterem organizados e mobilizados contra esse projeto que, se aprovado, ampliará a precarização da mão de obra, reduzirá salários e direitos dos trabalhadores. “Com certeza afetará consideravelmente o nosso setor, uma vez que somos uma categoria já terceirizada”, conclui.

Sicomércio demonstra confiança

Para o presidente do Sicomércio-VR, Jerônimo Pereira dos Santos, com certeza, há expectativa de uma melhora, porque tem se observado índices econômicos que apontam uma recuperação da economia. Além disso, datas como o Dia da Mães, Namorados, Dia das Crianças e Natal sempre impulsionam novas contratações.

– Temos acompanhado os índices do Ministério do Trabalho, por meio do Caged. Nos três primeiros meses do ano sempre há registro maior de desligamentos, porque os contratos temporários são encerrados, que aumenta o número de demissões nesta época do ano. Mas, a partir de junho, o quadro já começa a se reverter, porque muitas lojas antecipam as contratações para ter profissionais treinados para o fim do ano, quando o fluxo de clientes aumenta – afirma.

Segundo Jerônimo, os desligamentos nos primeiros meses são comuns, mas com a instabilidade econômica, muitas empresas tomaram medidas preventivas, com o objetivo de aguardar as mudanças do cenário econômico. Entretanto, enquanto alguns setores reduziram seus quadros, houve abertura de novas empresas, principalmente, no setor de gastronomia e prestação de serviço ou que contrabalançou o número de demissões.

Com relação a medidas para conter o desemprego em VR, o representante do Sicomércio, lembrou que tem acompanhado, trabalhando junto com a Fecomércio-RJ, na luta para redução de impostos, melhorias de benefícios e orientados os empresários locais a planejarem melhor suas compras, realizarem campanhas promocionais e prazo para pagamento.

Já no caso das pessoas que estão buscando uma nova oportunidade de trabalho no comércio, Jerônimo afirma que primeiramente é preciso ter dom para trabalhar no comércio, se preparar, qualificar, porque hoje os clientes estão cada vez mais exigentes.

– E quem está em busca do primeiro emprego, antes de se candidatar a uma vaga, buscar, primeiro, pelo menos entender um pouco do que é preciso para atender bem um cliente, para ter um bom relacionamento interpessoal. Existem cursos de graça oferecidos pela CDL-VR, pelo Sebrae, dos quais somos parceiros, e até pela Prefeitura. A qualificação já é um grande passo para conseguir não só uma vaga, mas se manter no mercado de trabalho – conclui.

A economia na visão da Aciap

De acordo com o economista Divaldo Santa Rosa Oliveira, diretor de relações institucionais da Aciap (Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Volta Redonda) a economia do país é atrelada ao comportamento e ações das nações de primeiro mundo. Se a economia mundial vai mal, a do país fica um pouco pior, pois afeta nossas importações e exportações, ainda mais agravadas pela alta do dólar. Com isso, a produção diminui, as empresas demitem e com menor circulação de dinheiro no mercado, as vendas, de maneira geral caem, provocando também demissão no comércio. No caso de Volta Redonda, ela é particularmente afetada por esse comportamento, por ser polo de uma região de mais de um milhão de habitantes, onde muitos trabalham em outras cidades, mas moram e consomem aqui.

De uma maneira geral, as demissões tem sido crescentes, motivadas pela diminuição de consumo, que gera queda na produção.

Os fatores que contribuem para o desemprego são agravados pelo descrédito com a política econômica vinculada aos interesses políticos.

Projeto ‘Pensando Volta Redonda para os próximos 30 anos’

No caso de Volta Redonda, ela tem uma grande vantagem em relação às cidades vizinhas. É que ela tem a maior densidade populacional da região e mão de obra qualificada, oriundas da CSN, FEM, COBRAPI, e CECISA; e quando se tem conhecimento, fica mais fácil e se torna mais rápido vencer a inércia e buscar a retomada.

A ACIAP (Associação Comercial, Industrial e Agropastoril), entendendo dessa forma, lançará brevemente o projeto “Pensando Volta Redonda para os próximos 30 anos” para melhorar e consolidar a cidade como Polo Regional.

– Empresários e banco de ideias definirão que ações serão tomadas para dar início a novos investimentos, pois a preocupação não está só no momento que vivemos, mas o crescimento que já ocorre no eixo Itatiaia/Porto Real, que oferece grandes áreas de terras e boa topografia para novos empreendimentos industriais. Naturalmente, esse novo Eldorado atrai crescimento. Já crescemos, precisamos é de desenvolvimento; e o caminho é especialização na prestação de serviço qualificado, seja na educação, ensino, comércio e indústria. É o caminho, é o que a nossa limitação geográfica permite – ressalta.

Setor automobilístico é o mais atingido pela crise

Para o presidente do sindicato dos metalúrgicos da região Sul Fluminense, Sílvio Campos, o Brasil está caminhando para uma recessão e a tendência é o aumento do desemprego. Mas não se pode perder a esperança de que a economia melhore e volte a crescer ainda neste ano. No setor automobilístico do Sul Fluminense, ressalta Silvio, o sindicato está exigindo nas negociações do acordo coletivo a manutenção do nível de empregabilidade até o final do ano. Isso aconteceu na MAN Latin America (Volkswagen Caminhões); Nissan e PSA Peugeot-Citroën, além das empresas que fazem parte do complexo de fornecedores da indústria automotiva.

Sílvio confirma que segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), do Ministério do Trabalho e Emprego, foram demitidos em Volta Redonda 8.461 trabalhadores no primeiro trimestre de 2015. Neste mesmo período, ainda segundo dados do Ministério do Trabalho, a cidade registrou 7.202 admissões em empregos com carteira assinada. Desta forma, o saldo neste ano é negativo em 1.259 postos de trabalho.

– A crise econômica no país é a grande responsável por essas demissões, sendo que o setor automobilístico é o mais atingindo pela crise. Em relação a CSN, já enviamos a nossa pauta de reivindicação e estamos aguardando a resposta da empresa. Na pauta, estamos solicitando o INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor) e mais um aumento real, além de outros benefícios – explica.

É para melhor enfrentar uma possível demissão ou afastamento do seu trabalho, o presidente Sílvio aconselha aos trabalhadores que busquem qualificação profissional para desta forma entrar melhor preparado no mercado de Trabalho. “O próprio sindicato dos metalúrgicos possui convênios para a capacitação dos trabalhadores. É só buscar informação na sede do sindicato (Rua Gustavo Lira, 9, Centro de Volta Redonda). Ou pelo telefone: 2102-2800”, orienta.

Caged demostra saldo negativo de emprego em VR

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) demonstrou nos últimos 12 meses um saldo negativo de -271 empregos com variação negativa de -0,38% no município de Volta Redonda.

O total de admissões nos últimos 12 meses entre todos os setores de atividade econômica dentro do município de Volta Redonda foi de 32.424. Já o total de desligamentos foi de 32.695.

Setores:

– O setor de extrativa mineral, em 12 meses realizou 15 admissões, com 15 desligamentos, apresentando um saldo zero ou variação de 0,00%.

– O setor indústria de transformação, em 12 meses realizou 6.219 admissões, com 6.036 desligamentos, apresentando um saldo de 184 e variação de 1,03%.

– O setor de serviço industrial de utilidade pública, em 12 meses realizou 325 admissões, com 112 desligamentos, apresentando um saldo de 213 e variação de 25,66%.

– O setor de construção civil, em 12 meses realizou 3.494 admissões, com 4.151 desligamentos, apresentando um saldo negativo de 657 e variação de -11,54%.

– O setor do comércio, em 12 meses realizou 10.877 admissões, com 10.855 desligamentos, apresentando um saldo positivo de 22 e variação de 0,13%.

– O setor de serviços, em 12 meses realizou 11.455 admissões, com 11.489 desligamentos, apresentando um saldo negativo de 34 e variação de -0,11%.

– O setor de administração pública, em 12 meses realizou 08 admissões, com 12 desligamentos, apresentando um saldo negativo de 4 e variação de -5,19%.

– O setor de agropecuária, em 12 meses realizou 31 admissões, com 26 desligamentos, apresentando um saldo de 05 e variação de 8,20%.

Julio Amaral/ [email protected]

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3 comments

JORGINHO LTQ 10 de maio de 2015, 01:54h - 01:54

AINDA EXISTE FEM, COBRAPI E CECISA? A CSN AINDA EXISTE MAS TÁ FICHANDO QUALQUER UM POIS SE FICHAR QUALIFICADOS TEM QUE DAR SALÁRIO TUDO O QUE ELA NÃO QUER.SAUDADES DOS TEMPOS DA ETPC

SANDRO GAMA 10 de maio de 2015, 01:48h - 01:48

EU TAMBEM ACREDITO NA RECUPERAÇÃO DO EMPREGO.SÓ NÃO ACREDITO NA RECUPERAÇÃO DOS SALÁRIOS QUE POR SINAL JÁ ESTÃO PRÓXIMOS DO MÍNIMO.

ÊTA POVINHO que não olha o horizonte 9 de maio de 2015, 23:19h - 23:19

O presidente do sindicato e demais entrevistados não devem se lembrar que a crise financeira mundial (começada em 2008 nos EUA, diga-se de passagem) ainda está prejudicando a maior e mais estável economia do planeta, que é os EUA, fora o estrago que está fazendo na Europa e começando na Ásia (daqui uns dias veremos a Rússia pedir moratória). Se lá está assim desde 2008, imagina aqui no Brasil? E eles falando em recuperação?

Realmente, eu estou convicto que nossos dirigentes e empresários não tiram a vista do umbigo.

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