Acessar informações e serviços públicos a partir do controle remoto. Este é o propósito do Projeto Brasil 4D que, por meio de um equipamento acoplado aos televisores, permite que beneficiários do Bolsa Família façam, em sua própria casa, consultas sobre vagas de emprego, capacitação profissional, serviços públicos nas áreas de saúde, educação, segurança e transporte, além de serviços bancários, cursos técnicos e de educação financeira.
Com um ano recém-completado, o projeto-piloto que vem sendo tocado em Brasília sob a coordenação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) tem levado, a cerca de 100 famílias de Samambaia, benefícios econômicos e sociais por meio de ferramentas para acesso a serviços públicos e de apoio à pessoa e à família. Em João Pessoa, onde o projeto-piloto já foi encerrado, o uso desse equipamento também proporcionou vantagens desse tipo para as famílias que testaram o equipamento, A constatação está documentada no relatório Brasil 4D – Estudo de Impacto Sócio Econômico sobre a TV digital Pública Interativa, publicado em 2013 pelo Banco Mundial.
“Esse relatório identificou uma economia de R$ 12 por mês com transporte e lanches, principalmente para aqueles que buscam empregos. Parece pouco, mas é muito, se considerarmos que o salário médio das famílias atendidas pelo Bolsa Família [público que recebeu os primeiros equipamentos nessa fase de testes] é R$ 173”, explica o coordenador-geral do Projeto Brasil 4D, o superintendente Executivo de Relacionamento da EBC, André Barbosa. Os autores do relatório chegaram a essa conclusão após um mês de uso do equipamento na capital paraibana. O relatório do Banco Mundial embasou um estudo feito pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que fez projeções e chegou à conclusão de que, caso o Projeto Brasil 4D seja estendido a 10 milhões de famílias, ele representará, em dez anos, uma economia de R$ 7 bilhões.
A expectativa é que cerca de 14 milhões de famílias sejam beneficiadas com a ajuda de parte dos R$ 3,6 bilhões em recursos obtidos como forma de compensação, pagos pelas empresas de telefonia móvel que usarão a faixa de 700 Mhz, também para a troca de transmissores e antenas das empresas de radiodifusão que terão de migrar da faixa, e para a divulgação dessa mudança.
“A experiência na Paraíba nos permitiu ver que – além de eficaz para reduzir a exclusão sociodigital e as despesas das famílias – o modelo Ginga [plataforma criada e desenvolvida no Brasil] funciona. De acordo com o Banco Mundial, das 100 famílias beneficiadas, 72% tiveram facilidade para usar a tecnologia; 64% reduziram as despesas da casa; e 12% tiveram aumento de renda, seja por meio dos cursos de capacitação ou das ofertas de emprego. Como essa pesquisa foi feita após apenas um mês de uso, é bem provável que os resultados sejam ainda melhores”, explicou Barbosa.
Também foi constatada melhora na relação entre os membros da família, uma vez que os jovens costumam ter mais facilidade para manusear o equipamento. Com isso, são eles que ensinam os pais a usá-lo. Ou seja, há mais diálogos entre eles. “Outra coisa bem curiosa aconteceu: esse equipamento ressuscitou o que, no passado, era chamado de ‘televizinho’. Com a boa qualidade da imagem e os serviços oferecidos pela TV 4D, as casas com o aparelho passaram a ser mais frequentadas”, disse o superintendente da EBC.
Foi o que aconteceu, em Brasília, com a faxineira Ana Moreira Silva, de 52 anos. Moradora de Samambaia, Ana foi uma das primeiras pessoas a receber o equipamento para teste da TV 4D, durante a implantação do projeto-piloto. A imagem nítida deixou moça e vizinhos impressionados. “Aqui na região o sinal das emissoras é muito ruim, mas na minha casa a imagem é sempre limpinha e sem risco. Os vizinhos começaram, então, a vir aqui, reclamando que na tevê deles não dava nem para ver o rosto das pessoas nos filmes e nas novelas. Eu gosto disso, porque faz as amizades ficarem mais fortes”, disse ela.