O juiz, o carrão do Eike e o lado negro do Brasil

by Diário do Vale
Luxo: Carros do empresário não foram para o depósito (Foto: Divulgação)

Luxo: Carros do empresário não foram para o depósito (Foto: Divulgação)

 

Todos nós, brasileiros, temos acompanhado a novela do nosso bilionário falido, o senhor Eike Batista. Pobre do Brasil, por aqui nada dá certo, nem os nossos bilionários. Há duas semanas a justiça brasileira mandou apreender os bens do empresário, seus carros de luxo e seu iate jamesbondiano. Tudo seria leiloado para pagar as dívidas do acusado. Mas o destino foi outro. Dois carros, um deles avaliado em 500 mil reais foi parar na casa do juiz encarregado do caso. Que saiu passeando de carrão, como se o veículo fosse seu.

O juiz já foi punido e afastado do caso, mas o mau exemplo foi dado. É um dos sintomas da falência moral do nosso país. As autoridades, que deveriam ter um comportamento exemplar são as primeiras a passar por cima da lei. Desde o policial que pede uma “cerveja” para liberar um carro na estrada até o juiz que sai pelas ruas no carro de 500 mil reais, que foi apreendido para leilão. E depois eles reclamam quando o cidadão comum cai na bandalha e não cumpre as leis. O exemplo deveria vir de cima.

É a lei do Gérson. O importante é “levar vantagem em tudo”. Políticos e executivos de empresas estatais já ganham salários fabulosos, mas eles sempre querem mais. Querem comissões, mordomias para as famílias, como as passagens de avião aprovadas semana passada. Querem acumular riqueza e ganhar um dinheiro extra a cada licitação e contrato que é assinado. E foi isso que levou a Petrobrás para o buraco.

Esta semana a agência Moody´s rebaixou em dois pontos a classificação da nossa gigante petrolífera. Que agora é considerada um investimento perigoso e especulativo. E a Presidente da República, em seu castelo de marfim, afirmou que a agência não conhece a situação da empresa. Quem parece não conhecer nada é ela. Mas um dia a casa cai.

Como já comentei aqui, nessa coluna, o problema do Brasil vem das origens. Nosso país já começou errado e nesses últimos quinhentos anos ninguém tentou corrigir isso. Países como Estados Unidos e Canadá, que são tão jovens quanto o Brasil, foram fundados por pessoas que tinham um projeto de nação. Gente que queria construir uma terra onde existisse justiça e todos pudesse viver de modo justo e digno. O Brasil não foi assim, desde o tempo das capitanias hereditárias que o Brasil está nas mãos de gente que só quer enriquecer, do modo mais rápido possível. Gente como esses funcionários da nossa estatal, que acumularam milhões de dólares em suas contas no exterior.

E com isso ficamos sem um projeto de nação. Quem está no poder só pensa em beneficiar seus familiares, em acumular fortuna, em levar vantagem. O país é espoliado, o dinheiro desviado acaba faltando nos prontos socorros e nos hospitais públicos. Não se investe na melhoria da educação, nem do sistema de transporte que encarece tudo. Não se pensa no futuro a longo prazo. O importante para os nossos governantes é curtir o momento, como o juiz que se sentou ao volante do imponente Porsche Cayenne e saiu “curtindo a vida adoidado” como aquele adolescente do filme dos anos sessenta.

É a síndrome do “você sabe com quem está falando”, daqueles que pensam que a lei e a ética são só para o povão, a autoridade brasileira está acima da lei e de qualquer suspeita. E enquanto isso o nosso triste país caminha em velocidade de dobra para um futuro negro e ameaçador.

Há algumas semanas comentei aqui sobre a ameaça da inflação e de uma recessão econômica. Na ocasião fui otimista dizendo que o comércio ia sofrer, porque as pessoas iam guardar o dinheiro para a alimentação básica. A realidade já é pior do que isso. Uma pesquisa recente mostra que a classe C já reduziu pela metade suas compras no supermercado. Não vai ter dinheiro nem para a comida.

Tenham medo, tenham muito medo.

Por: Jorge Luiz Calife

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11 comments

Marcelo 4 de março de 2015, 21:42h - 21:42

caros amigos.. Um teatro bem montado com personagens bem estruturados para enganar o nosso povo… Nunca uma pessoa com tal qualificação como um juiz iria pela sua sanidade deslocar se com um bem para o teu apt., ou sua moradia.. Absurdo como a manipulação se sobressai e ganha força.. Deixo meu pesar aos nossos amigos… Boa noite grande abraço a todos!!

Antonio Leocadio de Oliveira 4 de março de 2015, 19:30h - 19:30

Caro , o lado negro do Brasil foi submetido a trabalho forçado para ganhar honestamente o pão de cada dia, o lado negro do Brasil e aquele em que a mulher negra foi empregada domestica por varias decadas pois era o unico lugar que as nossas mães e avós podiam ter acesso ao trabalho digno, o lado negro do Brasil pode ser visto ainda hoje através das favelas ruas e ruas e ruelas das grandes cidades desta terra, isto se deveu a falta de acesso as escolas e a melhores empregos, PORTANTO SENHOR o titulo dado ao episodio foi totalmente infeliz e PRECONCEITUOSO.

valmir 4 de março de 2015, 10:35h - 10:35

Lado negro do Brasil ????? Vamos rever nossos conceitos!… wwww.valmirdealmeida.com.br

LEÃO DO SUL 4 de março de 2015, 09:25h - 09:25

Não entendo como algumas pessoas, como o autor do texto insistem em associar coisas ruins à cor negra. Lamentável!!!!!!!!!!!!!

Al Fatah 4 de março de 2015, 21:27h - 21:27

E desde quando a cor negra é sinônimo de raça negra? Muito antes disso já era sinônimo de escuro, trevas, lugar nebuloso, onde não se pode ver e se teme instintivamente por não conhecer os perigos que encerra… Essa demagogia do politicamente correto disfarçada de proselitismo racial só faz reavivar as diferenças e sentimentos negativos tanto de um lado quanto do outro. Quando dizem que loiras são burras ninguém se ofende ou diz que é racismo!…

Fábio Luiz 5 de março de 2015, 00:20h - 00:20

Sr. “Al Fatah, não existe “cor negra”, mas sim cor PRETA!

Al Fatah 5 de março de 2015, 07:53h - 07:53

Sr. Fábio Luiz, isso é discurso demagógico dos mais simplórios e sem cabimento. Pesquise em qualquer dicionário o significado da palavra “negro” e constate por si próprio. Aliás, o mais apropriado é dizer “raça negra” mesmo, não “raça preta”…

ÊTA POVINHO 3 de março de 2015, 13:58h - 13:58

Eu faço coro com o Al Fatah. Eu também não concordo com o “exemplo deve vir de cima”. Ao contrário, meus caros, O EXEMPLO DEVE VIR É DE BAIXO. É o eleitor comum que elege quem está “lá em cima”, no poder. Enquanto falam e brandam que eles estão “lá em cima”, os daqui de “baixo” pensarão que nada podem fazer, só ficando na lamentação e reclamação por achar que estão “por baixo”, ou então repetirão o que os politiqueiros fazem (vejam os 250 caloteiros do IPVA, cujos carros foram apreendidos). Esperar os pilantras e politiqueiros darem exemplo pode esquecer que Vc é um cidadão e patriota. Isso nunca vai acontecer como não acontece desde Platão e Aristóteles há 500 anos antes de Cristo.

Concordo sim que não temos um projeto de nação, mesmo depois de quinhentos anos, e olhe quantos especialistas temos neste pais continental, mas que são incapacitados de se imporem contra pensamentos estrangeiros por falta de apoio, inclusive da mídia, talvez a serviço dos estrangeiros.

Como os americanos e canadenses citados, precisamos mostrar o quanto somos melhores para que o nosso povo tenha discernimento e tomem o nosso rumo. Veja como somos incapazes: a comissão especial para discutir a Reforma Política despreza os 200 milhoes de brasileiros e vão ouvir um professor para saber como é o sistema eleitoral da França e Alemanha? Falta ou não o sentimento de pertença de Brasileiros na mente deles?

Vejam que bela matéria do jornalista Aurélio sobre os marimbondos do DETRAN? É isso que o povo precisa para ter um norte, um caminho. Um povo que tem credibilidade num jornal, lê mais esse jornal. De que adianta eu indicar uma notícia no DV se só ouço que o DV não tem credibilidade?

Gente, vamos nos libertar do cabresto do estrangeiro e tomar o arreio! Não vamos esperar o EXEMPLO VIR DE CIMA ou comprar exemplos prontos do exterior!

OBS: Eu sinceramente não sabia que o Calife entende de economia para dar prognósticos. embora o DV precise de um jornalista econômico. O prognóstico de ameaça de recessão econômica é de semanas atrás? O meu é de meados de 2012 em comentários aqui mesmo.

hildebrando ferreira dos santos 3 de março de 2015, 12:52h - 12:52

No Brasil ha varias leis inuteis e o IPVA e uma delas. Esse imposto foi criado com o objetivo de a arrecadacao ser aplicada na educacao, saude, seguranca publica, etc. Ora, se a educacao e da pior especie, a saude esta moribunda e a seguranca inexiste, nao ha sentido em se continuar pagando esse maldito IPVA. Outro detalhe: sabe-se que ha muita roubalheira nos detrans e esses orgaos nunca foram devidamente fiscalizados e auditados. E o pagamento de tantos DUDA? Pra onde vai tanto dinheiro?

LUCIANO RIBEIRO VASCONCELOS 3 de março de 2015, 10:10h - 10:10

Parabéns, muito bom o artigo e verdadeiro. Esperamos que um dia agente consiga ver este tipo de coisa mudar no nosso país.

Att,

Luciano.

Al Fatah 3 de março de 2015, 09:01h - 09:01

Boa matéria, mas não concordo com esse jargão que diz “o exemplo vem de cima”. Juiz, deputado, funcionário público, presidente da república, policial, enfim, ninguém é alienígena, são todos brasileiros iguais a qualquer outro dos mais de 200 milhões, tendo as mesmas origens, falando a mesma língua e tendo a mesma cultura… Aliás, essa nossa cultura é que valoriza a ostentação da riqueza e da beleza, não importando de onde veio. Isso explica a idolatria de pessoas bem sucedidas e notórias, ainda que não sejam exemplos de caráter ou mesmo tenham “background” criminal… A diferença entre o juiz fanfarrão e um assistente administrativo num escritório de contabilidade é que esse último não tem a faca e o queijo nas mãos, mas isso não o impede de cometer pequenos desvios…

Eike perdeu a chance de ser nosso Batman ou Homem de Ferro, mas ainda pode conseguir uma ponta de Luthor ou Duende Verde…

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