Um país no fundo do abismo

Por Diário do Vale

Modernidade: Nos Estados Unidos o combustível vem de trem

Um problema com previsões pessimistas é que a realidade sempre se revela pior do que tínhamos imaginado. Há alguns meses este cronista advertiu que o Brasil corria o risco de mergulhar numa crise igual a da vizinha Venezuela, na ocasião eu imaginava que ainda tínhamos um ou dois anos antes de chegarmos ao fundo do abismo. Estava errado. Já estamos vivendo uma situação digna do país do Nicholas Maduro: Greve, motoristas desesperados tentando conseguir combustível nos postos. Falta comida nos supermercados, não há aula nas escolas e universidades, hospitais cancelam cirurgias e pacientes correm o risco de morrer por falta de medicamentos. A produção agropecuária apodrece por falta de transporte. Não temos um ditador como Maduro, mas nem é necessário, o caos ronda a terra das palmeiras e dos sabiás.

É o resultado de um país que apostou num meio de transporte caro e ineficiente, as estradas e carretas, e agora vira refém de uma categoria. Como de costume quem vai pagar a conta vai ser o povo. E vai pagar caro. O governo falido já não tem dinheiro para a segurança, a saúde e a educação, e agora vai ter que subsidiar óleo diesel para caminhoneiro. Segundo estimativas iniciais o custo será de quatro bilhões de reais até o fim do ano. Como o governo não pode fabricar dinheiro esses quatro bilhões terão que ser retirados de algum lugar. Não existe almoço grátis, alguém terá que pagar a conta.

O governo fala em reoneração da folha de pagamento das empresas. E vocês sabem o que os patrões fazem quando fica mais caro manter um empregado? Eles simplesmente demitem. Num país que já tem 13 milhões de desempregados o número vai aumentar ainda mais. Porque ficará muito mais caro criar empregos e manter aqueles que existem. Também se fala no aumento de impostos, algo que o governo anda relutando em admitir, mas que é inevitável. Já temos um rombo enorme nas contas públicas, agora o governo vai subsidiar combustível para caminhoneiro, o que significa não só aumento de impostos como redução no orçamento disponível para saúde, segurança e outras coisas.

Esse modelo, que consiste em baixar artificialmente o preço dos combustíveis, quase levou a Petrobrás a falência durante os governos petistas. Hoje a situação não é diferente, a crise no Oriente Médio mantem o preço do barril de petróleo nas alturas. O real não para de ser desvalorizado em relação ao dólar, diante desse quadro nossa estatal do petróleo não pode vender combustível a preço de banana. O governo terá que pagar a conta, tirando dinheiro de outras fontes.

A situação seria diferente caso o Brasil tivesse investido em outros meios de transporte. Se uma carreta gasta dois litros e meio de óleo diesel para transportar uma tonelada de carga por um determinado percurso, um trem gasta meio litro para levar a mesma carga pela mesma distância. E uma balsa de transporte fluvial gasta menos ainda. Só o escoamento da safra de soja por caminhões sai quarenta por cento mais caro do que se fosse feito por ferrovia. O que resulta num prejuízo bilionário todo o ano. Prejuízo que só vai aumentar com o clima atual de greve e insegurança.

Infelizmente nossa malha ferroviária foi sucateada, e dos 35 mil quilômetros que existiram no passado, hoje só restam dez mil. Lembram da ferrovia Norte-Sul, que a Dilma inaugurou em 2014, com toda a pompa? Está abandonada até hoje e nenhum trem passou por lá. Os investidores estrangeiros já estão fugindo do Brasil devido à ineficiência de nossa infraestrutura. Agora vão correr daqui com a insegurança provocada pelas greves e a instabilidade política.

Mas está tudo bem. Mês que vem tem Copa do Mundo e se a seleção ganhar o povo fica satisfeito.

Por: Jorge Calife

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23 Comentários

Smilodon Tacinus 3 de junho de 2018, 11:50h - 11:50

O rombo é falácia. Quando o Governo Federal desonera por um lado ganha pelo outro, a não ser que o caminhoneiro guarde dinheiro no colchão… Se o cara ou a empresa for consumir o dinheiro que lhe sobra, o que é inevitável, estará indiretamente recolhendo impostos para o governo (IPI, IRPF, IRPJ, IOF, COFINS, CSLL, etc.) além dos impostos municipais e estaduais, como ICMS e ISS… O governo perde por um lado e ganha pelo outro, ainda que por fontes diferentes…

O governo é como aquele cara que ganha bem mas está sempre na pior, porque gasta mal. Há um dreno imensurável de recursos através de contratos fraudulentos, mazelas administrativas, falta de controle e corrupção… Quando vc tem mais de 40% dos recursos de um país nas mãos, vc não pode reclamar de falta de dinheiro…

VAI VENDO 3 de junho de 2018, 20:14h - 20:14

Os especialistas em Administração Pública geralmente falam que o maior problema dos governos é o desconhecimento e despreparo para a função pública. Olhe ao redor para ver se encontra um especialista em Administração Pública no setor público, seja executivo, seja legislativo.

Em VR por exemplo, tivemos como prefeito nos últimos 30 anos Baltazar, médico; Neto, comerciante esportivo; Gotardo, médico; Neto comerciante esportivo; Samuca, contador. Eles podem ser ótimos profissionais em suas áreas de atuação, mas SÃO UMA TRAGÉDIA na Administração Pública. Na CMVR não é diferente. Lá tem até vereador e assessores que são semianalfabetos.

Dos pré-candidatos, seja a presidência, a governador, a deputado estadual ou deputado federal, até agora não apareceu um que conheça da área. Se NÃO CONHECE, tbm, NADA ENTENDE do assunto.

Resultado: dividas monstruosas, cujos juros são tirados dos benefícios ao povo. Juros que nunca mais voltam para a sociedade.

Gomes 2 de junho de 2018, 13:10h - 13:10

Marcelo Bretas : Já falei p a Miriam Leitão do DV (kkkkkkkkk, essa é ótima), quem fala muita besteira acaba dando bom dia a cavalo. Eles simplesmente repetem o discurso dos milionários que, no seu subconsciente, pensam ser.
Longe de respeitar opiniões contrárias, como sempre, ofendendo quem não compartilha c seus pensamentos, esbravejam como q as suas verdades fossem absolutas.

guto 2 de junho de 2018, 19:51h - 19:51

Então os equinos já devem te considerar um irmão! Vocês correm juntos?!

gomes 4 de junho de 2018, 11:38h - 11:38

O seu comentário só confirma o q foi dito kkkkkkkkkk

Indignada 2 de junho de 2018, 08:05h - 08:05

Esse povo merece.

VAI VENDO 1 de junho de 2018, 23:48h - 23:48

D. PEDRO II: Lembram de mim?

Em 1876 a ferrovia do Brasil Império era maior ou igual a dos EUA. Escoávamos café e outros produtos de onde o judas perdeu as botas dentro do país diretamente para os portos, o que nos deu muita grana dos europeus e de centenas de países que adoravam o nosso café.

Que tal voltarmos a monarquia?

VAI VENDO 2 de junho de 2018, 08:13h - 08:13

Favor não confundir Brasil Império com Brasil Colonial.

Smilodon Tacinus 3 de junho de 2018, 11:59h - 11:59

E olha que o custo de implantação de ferrovias no Brasil era e é bem maior que lá, devido ao nosso relevo acidentado. O projeto do trem-bala literalmente morreu na Serra das Araras… Rios navegáveis e planícies nós só temos no Centro -Oeste e Norte do país, onde a presença populacional é esparsa… São Paulo, que tem um relevo melhorzinho, não à toa é nosso estado mais rico. A questão do transporte no Brasil não é algo fácil nem barato de ser resolvido…

Alexsander 3 de junho de 2018, 19:35h - 19:35

Concordo contigo Al Fatah, mas esta coisa do relevo é relativa…tive a oportunidade de ir de trem de alta velocidade Paris-Genebra, e a despeito do relevo, as viagens são rápidas e ininterruptas. No que diz respeito ao transporte fluvial, numa vagem da França até a Bélgica a gente observa vários canais (que não por acaso são margeados por rodovias e estradas de ferro – as quais aproveitam as mesmas pontes!); estes canais foram abertos na época de Napoleão e, até hoje, garantem um fluxo de mercadorias entre estes países.
Eu penso que o que falta ao brasileiro é senso de investimento, pois somos muito imediatistas. Fazemos uma casa nova, mas não colocamos painel solar pq é caro atualmente, mas não pensamos que o custo se dilui ao longo do tempo…assim como não investimos em gnv no automóvel – e daí arrumamos um monte de desculpas que só quem possui gnv sabe que é balela; deixamos de investir em uma escola de real qualidade para os filhos – que vai garantir uma bolsa integral ou mesmo uma vaga numa universidade federal…
A Europa desenvolvida que tive oportunidade de conhecer a trabalho ou a passeio – (Inglaterra; França; Alemanha; Holanda; Bélgica; Itália; Suíça) com exceção deste último país, passou por duas guerras e mesmo assim eles estão a uns dois séculos à frente de nós…é muito triste de se ver isto, de coração! Temos tudo pra sermos melhores, mas o problema é o nosso povo: mal acabou a greve dos caminhoneiros e um supermercado tava vendendo tomate a 14 reais! E tinha gente comprando!!!

VAI VENDO 4 de junho de 2018, 00:32h - 00:32

Alexsander

Precisamos ajudar o nosso povo que além de ser analfabeto funcional é analfabeto político. Logo mais veremos muitos afirmarem que o candidato dele é o melhor sem saberem que são analfabetos políticos. São especialistas em política sem abrir um livro sobre o assunto ou estudar minimamente Ciência Política.

Precisamos ajudá-los pq numa sociedade caminhamos todos juntos, e se continuar deixando eles darem as cartas vamos cada vez mais afundando no buraco. Precisamos tomar a frente e guiá-los para o outro lado.

Joao Nascimento 1 de junho de 2018, 22:37h - 22:37

Ferrovias nunca darao certo no brasil enquanto o licenciamento ambiental para elas for absurdo do jeito que esta. O custo do trem bala entre Rio e Sao Paulo ficou equivalente ao do mestro trem bala entre Paris e o afeganistao. Os orgaos ambientais e interesseiros de plantao oneram desnecessariamente qualquer investimento no brasil.

Cidadão 1 de junho de 2018, 22:16h - 22:16

Texto comentando a realidade . Apesar de polêmico

Paulo Roberto 1 de junho de 2018, 17:24h - 17:24

O que tem a dizer a iniciativa privada sobre transporte ferroviário? Por que tem que ser o poder público para executar. Só um exemplo: Na região do retão da Dutra em Resende e Porto Real tem a Peugeot-Citroen, Nissan, Man-VW, Galvasud, Guardian, uma grande distribuidora de refrigerantes e uma fábrica de bebidas e a linha férrea passa logo ali, do outro lado da Dutra e não tem ramais para as indústrias citadas e nem um terminal ferroviário de cargas mais próximo do que Floriano, ou seja, em média mais uns 12 km de transporte rodoviário para completar o frete. Em tempo: lembrando que a rede ferroviária está com o setor privado e junto com a indústria pode investir no transporte por trens. Exite até projeto de vagão “cegonha” fechado para trasnsporte de carros.

Donald Trump 1 de junho de 2018, 14:44h - 14:44

O Brasil na verdade é o abismo inteiro. Para sair dessa só um milagre de Deus que acho que nao haverá. Esse país é a tempestade perfeita. Justiça lenta, seletiva e muitas vezes ineficiente. Políticos corruptos e salafrarios. Educação de péssima qualidade. Infraestrutura precária. Impostos e mais impostos. O povo dividido entre direita e esquerda, votando como quem torce para um time de futebol. É uma pena. Potencial tem mas…..

Maniac 1 de junho de 2018, 13:40h - 13:40

Quem impos o atual modelo rodoviário em nosso país foram os americanos, ansiosos por montar e vender aqui seus automóveis e caminhões. Compravam o aço a preço de banana na CSN, pagavam a mão de obra barata de nosso povo e vendiam carrinhos mixurucas aqui a peso de ouro. Eles estão ricos e nós cada vez mais desorganizados, pobres de dinheiro e principalmente de mentalidade.

Marcelo Bretas 2 de junho de 2018, 11:53h - 11:53

Perfeito, Maniac. Esses papagaios repetem o que as Organizações Esgoto ( globo) despejam em seus ouvidos.. Em cada ida aos fundos monetários da vida para negociar nossas dívidas nos obrigavam a comprar, mudar, adiar ou esquecer nossas reais necessidades. Só um acéfalo acha que uma Alemanha vai nos emprestar dinheiro para montar trilhos numa CSN e deixar de comprar caminhões da Mercedez, ou os EUA reduzir as vendas da Ford ou GM. Um país submisso como nossa elite deseja não permite que escolhemos nosso destino. Deixar de ler nossa história faz muito mal. Toda vez que algum governo quis mudar isso foi derrubado. Getúlio, Jango, Juscelino, Lula e Dilma.

guto 1 de junho de 2018, 11:41h - 11:41

A culpa da situação do Brasil atual é do próprio povo, que vota em bandidos e safados, que mentem descaradamente e todos os anos recebem milhões de votos, pois as pessoas tem preguiça de pesquisar o passado do candidato e além do mais a grande maioria acha que todos os políticos roubam, logo não precisam pesquisar, basta votar e evitar a multa eleitoral!
É um povo que aceita esmolas e se o político foi preso e comprovadamente é bandido, não importa, o que importa é que ele vai continuar distribuindo esmolas!
Já se passaram dezenas de anos, contudo a definição do Brasil dada pelo estadista francês continua valendo: “Brasil não é um país sério!”…
Como diria Boris Casoy: “Isso é uma vergonha!”….

Marcelo Bretas 1 de junho de 2018, 22:27h - 22:27

Mais uma vez a Mirian Leitão do DV dá sua opinião. Democracia é assim meu camarada, vai se apurando e trocando os eleitos.Estamos longe de um voto consciente mas é fruto de uma democracia jovem e quebrada de 30 em 30 anos . Nosso problema não está no legislativo e sim no judiciário. Veja essa aberração do Gilmar Mendes. Só esse mês ele soltou quatro corruptos e ninguém solicitou uma passeata ou coisa parecida. Nossa justiça é corrupta, parcial , conservadora e partidária. E pelo amor de Deus não repita essa história do Charles de Gaulle. Quem disse isso foi justamente um ex embaixador brasileiro na frança em 1962 no conflito conhecido como guerra da Lagosta. Lá naquela época já sofríamos do complexo de vira latas, essa doença que você , colunistas desse jornal e entreguistas que estão nesse governo golpista sofrem. Santa ignorância!!!

Pagador de impostos 1 de junho de 2018, 10:15h - 10:15

Meu caro Calife. É a chamada marcha da insensatez, o que nossos governos fizeram, quando investiram tudo no transporte rodoviário, em detrimento do modal ferroviário. Ainda vamos pagar muito caro por todas essas decisões erradas. E ainda temos que sustentar privilégios mil em todos os escalões e em todos os poderes da República. Dá pra aceitar algo como auxílio moradia ou auxílio paletó, pra ficar com apenas dois exemplos ?

BM-VR 1 de junho de 2018, 08:52h - 08:52

Podíamos começar revendo os salários e benefícios dos nossos pobres políticos…

Filipe74 2 de junho de 2018, 14:28h - 14:28

Discordo do autor que fala que o país está falido.
O problema é a priorização dos recursos da fazenda. Só tem prioridade as despesas da Federação que não geram nada:
3,6 Bilhões para o fundo partidário
Auxílios moradia e outros só para quem ganha muito bem
Carros oficiais
Milhares de vereadores e secretários e outros cargos em cidades minúsculas

VAI VENDO 2 de junho de 2018, 21:51h - 21:51

Lembrando que quem PAGAR A MULTA eleitoral o dinheiro vai para o Fundo Partidário para ser distribuido aos candidatos. Os maiores beneficiados serão o PMDB, PT, PSDB, e PP, todos esses partidos que acolhem bandidos.

Quem PAGAR A MULTA vai contribuir para os candidatos bandidos.

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