Felipe Melo revela racismo de jogador uruguaio

São Paulo(SP) – O Palmeiras viveu um verdadeiro jogo de Copa Libertadores nesta quarta-feira. Com catimba adversária, gols perdidos e vitória chegando no último segundo, os alviverdes tiveram uma verdadeira amostra do que é o torneio sul-americano. No entanto, de acordo com Felipe Melo, a situação extrapolou em campo, e o volante foi vítima de racismo na partida.

– O cara que fez o gol deles (Gastón Rodríguez) ficou durante muito tempo me chamado de macaco. Macaco para cá, macaco para lá. Eu acho que a televisão dá para pegar bem ele me chamando de macaco. Sou preto mesmo, acho que ele deve ter algum problema, a mulher dele já teve ter traído ele com algum negão, alguma coisa assim. Mas o importante é que ganhamos o jogo-, disse o volante, antes de descartar qualquer denúncia.

-Não vou denunciar nada. Acho que isso excede ao futebol. De repente, se fosse o Felipe de algum tempo atrás, eu já virava um socão nele, ou alguma coisa assim. Mas ainda bem, Deus tem me regenerado, tenho aprendido muito. Estou controlando mais o meu ânimo e isso eu pude provar hoje-, completou o camisa 30, que ainda revelou que a delegação do Peñarol presente no Estádio Palestra Itália pediu desculpas oficialmente pelo ocorrido.

– situação é a seguinte: o perdão é bíblico, tudo é perdoável. O importante é reconhecer o erro de coração. Eu não sei do coração dele, mas ele me pediu desculpas e eu perdoei. O que mais tem que fazer? A gente não tem que levar isso adiante. Vamos tacar pedra no cara? Ele pediu desculpas. O mal tem de ser cortado pela raiz, não pode enraizar. Acabou, foi cortado o mal.

Por fim, Felipe Melo falou novamente sobre a polêmica declaração de que iria “dar tapa na cara de uruguaio” se fosse necessário. Em entrevista coletiva na última terça-feira, o volante já havia se desculpado pela declaração e dito que foi mal interpretado. Após o triunfo épico, o camisa 30 detalhou o que quis dizer.

-Esse é o tapa na cara de uruguaio que eu falei. Não é literalmente falando, me desculpei, mas é isso que eu me referi. É um time muito aguerrido, demonstraram aí, mas nós tivemos muito mais oportunidades de gols do que eles. No final de tudo, não conseguimos fazer os gols, mas foi o que eu falei, na força ninguém vai ganhar da gente não. A gente pode perder, mas vamos sair de cabeça erguida. Essa intimidade que eu falei lá atrás que está sendo criada foi o que fez a gente ganhar o jogo-, finalizou.

Inspiração em Verón

Apenas três meses após sua apresentação no Palmeiras, Felipe Melo já se considera ídolo do Verdão, e é visto desta forma por grande parte da torcida do Palmeiras. Em alta, o volante serve como modelo para muitos jovens, e revelou quem é o atleta em que se inspira para atuar em alto nível.

– Eu gostava muito do Verón. Para mim, ele sempre foi um jogador referência. Jogou em clubes de menor expressão na Europa, brilhou e foi para equipes gigantes, onde brilhou também. Sem contar o que ele fez pela seleção argentina, pelo país. Para mim ele sempre foi um meio-campista fenomenal-, disse o camisa 30 do Palmeiras, que ainda falou sobre as características de ‘La Brujita’.

– Procuro errar o mínimo de passes, como Verón. O diferencial dele, entre outras coisas, é que não era um “jogador caranguejo”, desses que só toca para o lado ou para trás. Passava para frente. Treino muito isso. Me espelho muito nele, passe longo e curto tem muita eficiência-, completou o jogador.

Felipe Melo pode vir a enfrentar seu mentor na Copa Libertadores, já que o meio-campista argentino abandonou a aposentadoria neste ano, após duas temporadas, para voltar a defender o Estudiantes, clube do qual também é o presidente. Se o palmeirense se espelha em Verón, certamente quem mais tem o camisa 30 como modelo são seus próprios filhos. Isso não significa, porém, que as quatro crianças serão jogadores de futebol.

– Um deles tem (chances de virar jogador). O outro está jogando tênis, fazendo jiu-jitsu, vamos ver. O terceiro ainda tem quatro anos, vamos esperar ele crescer um pouco mais para ver se vai ter vontade de jogar futebol. O David tem (vontade), ele joga, passou por grandes clubes e já tem até um currículo melhor que o meu (risos). Espero que Deus possa abençoá-los independente do que eles façam. Espero que eles possam ser prósperos-”, concluiu.