A verdadeira origem do Quarteto Fantástico

by Diário do Vale

Erro: Portal dimensional não substitui a magia do espaço (Foto: Divulgação)

Jorge Luiz Calife
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Todo mundo odeia o “Quarteto Fantástico”. Pelo menos na sua nova versão cinematográfica. O filme do diretor Josh Trank já virou piada na internet. Os fãs dos quadrinhos detestaram e os críticos arrasaram com o filme. Peter Travis, da revista americana “Rolling Stone”, criou uma nova cotação, “zero estrela” para esta última versão dos heróis do Stan Lee. E o estúdio que produziu esta bomba vai ficar com o prejuízo. “Quarteto Fantástico” custou 120 milhões de dólares e só arrecadou 30 milhões na primeira semana de exibição. O elenco vai ter que arrumar alguma outra coisa para fazer porque não teremos uma continuação.
Uma coisa que os estúdios de Hollywood precisam aprender é respeitar a cultura pop da qual se nutrem. Histórias de super-heróis têm milhões de fãs no mundo inteiro. Fãs que conhecem a fundo as origens e as características dos seus personagens favoritos. Desrespeitar esse conhecimento é uma receita garantida para o fracasso e a rejeição do filme. Toda releitura e atualização dos personagens só funciona se ficar melhor do que o original, o que não é o caso do novo filme do Quarteto.
O “Quarteto Fantástico” surgiu em 1961, em plena era espacial. Na história original Reed Richards e seu grupo construíam um foguete espacial tripulado para o governo americano. Mas o lançamento da nave era adiado. Temendo que os inimigos da América (a União Soviética) passassem a frente na corrida para o espaço, o quarteto rouba o foguete e decola para o espaço sideral. Mas a espaçonave tinha uma blindagem insuficiente contra a radiação e eles foram expostos aos raios cósmicos e gama. Viraram mutantes, com poderes variados.
O filme do diretor Tim Story, em 2005, modernizava um pouco esta trama sem abandoná-la. No lugar de “pegar emprestado” um foguete da Nasa o grupo participava de uma missão comercial ao espaço. Para realizar experiências em um laboratório orbital do Victor Van Doom. Onde eram atingidos pela radiação cósmica. O filme rendeu 154 milhões de dólares, não foi um sucesso, mas pelo menos pagou os custos da produção, orçada em 100 milhões.

Moderninho

Já o filme do Josh Trank abandona as origens espaciais do grupo e cria um tal de “portal quântico”. Que transporta os personagens para outra dimensão. A explicação é que o espaço sideral não é mais uma região inexplorada. Onde tudo pode acontecer como nos anos de 1960. Por isso o comitê de roteiristas resolveu modernizar a história, levando os personagens para um outro universo.
Foi uma péssima ideia que vai custar caro aos envolvidos no projeto. Na verdade se o espaço é um oceano, os seres humanos mal molharam os pés nesse mar infinito. Robôs já visitaram todos os planetas do nosso sistema solar, mas isso não significa que sabemos tudo sobre eles. Os astronautas visitaram a Lua, mas só exploraram uma fração da sua superfície. E a ameaça da radiação cósmica para a saúde dos viajantes espaciais ainda é uma das grandes preocupações dos projetistas de veículos tripulados.
Um erro semelhante condenou a última tentativa de adaptar outro herói clássico, o Flash Gordon para a televisão. Em 2004 a TV canadense produziu um seriado com o mais famoso herói espacial dos quadrinhos, mas eliminou os foguetes e as naves espaciais. Flash Gordon sem foguetes e como um cowboy sem cavalo. Perde toda a graça e o charme. E o resultado é que o Flash canadense, que viajava através de portais dimensionais (como o novo Quarteto Fantástico) não passou de uma dúzia de episódios.
Depois desse fiasco os quatro fantásticos vão passar um bom tempo sem aparecer nas telas. Talvez façam um novo filme na próxima década. E o que o público espera é que eles mantenham suas características básicas. E entrem em cena vestidos com trajes espaciais e pilotando algum ônibus espacial futurista.

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1 comment

Icaro 13 de agosto de 2015, 14:22h - 14:22

Jessica Alba praticamente salvou os dois filmes precedentes do QUARTETO FANTÁSTICO!
Este novo… eu sequer me dei a trabalho de assistir. E o pessoal de Pinheiral – cidade pequena porém decente – que assistiu deve ter achado também fraco, mesmo sem necessariamente conhecer a verdadeira origem dos quatro super-heróis!

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