As origens perdidas da Millenium Falcon

by Diário do Vale
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Feio: O modelo original, criado em 1975
(Foto: Divulgação)

“Chewie, estamos em casa!”, diz o velho Han Solo ao reencontrar sua nave perdida no novo filme de Star Wars. Não só o Han, mas seu intérprete, o ator Harrison Ford, deve se sentir a vontade naquele cenário, onde atuou em nada menos do que quatro longas-metragens. Produto de uma complicada evolução, a Millenium Falcon é um das naves mais populares da ficção científica. Na verdade ela só é menos conhecida do que a Enterprise de “Jornada nas Estrelas”.

Ao contrário da “Enterprise”, a Millenium Falcom quase não passou por mudanças nesses 35 anos em que a saga do George Lucas esteve nos cinemas. No último filme, “O Despertar da Força”, dá para notar que a antena de radar mudou da parabólica para uma antena quadrada. A primeira antena foi perdida durante a batalha contra a segunda Estrela da Morte em 1982, durante o terceiro filme da série, “O Retorno do Jedi”.

Isso é o que dá para notar nos filmes. Na verdade a Millenium Falcon passou por uma grande transformação durante a produção de “Guerra nas Estrelas”. O desenho original nem lembrava o disco voador que conhecemos. Era uma nave linear, mais parecida com a Tantive 4, que conduz a princesa Leia no primeiro filme da saga.

Seu criador foi um jovem e talentoso maquetista britânico chamado Colin Cantwell. Cantwell tinha trabalhado com o cineasta Stanley Kubrick durante a produção do clássico “2001: Uma odisseia no espaço” de 1968. Quando George Lucas resolveu filmar sua “Guerra nas Estrelas” nos estúdios de Londres, chamou logo aquele rapaz habilidoso, que tinha em seu currículo uma contribuição ao maior filme espacial de todos os tempos.

Cantwell não só fez uma série de desenhos de naves e caças espaciais, como construiu uma série de maquetes para mostrar para Lucas. O jovem cineasta ficou impressionado com as maquetes, principalmente dos caças e dos destroyeres estelares dos vilões. Mas não gostou da ideia de Cantwell para a espaçonave do anti-herói: O pirata e contrabandista espacial Han Solo. Lucas achava essa primeira Millenium Falcon muito parecida com as Eagles do seriado “Space 1999” que estava sendo exibido na TV britânica naquele ano de 1975.

Mesmo assim o modelo da feia e dilapidada Millenium Falcon foi entregue ao artista Ralph McQuarrie, encarregado de pintar uma série de quadros, retratando cenas do filme. As pinturas seriam usadas por Lucas para “vender” seu projeto aos grandes estúdios de cinema. McQuarrie pintou duas cenas com a nave de Solo. O embarque de Luke e Obi Wan Kenoby no espaçoporto de Mos Eisley. E a chegada na cidade das nuvens de Bespin, onde a princesa Leia estava detida.

Nessa época Star Wars ainda se chamava “As aventuras de Luke Starkiller”. E não havia Estrela da Morte, a prisão para onde Leia era levada ficava na cidade das nuvens. Um ano depois a Fox Films deu sua aprovação ao projeto, que seria filmado com um orçamento de 10 milhões de dólares. Outro desenhista de naves, Joe Johnston, entrou no projeto e recebeu a missão de “melhorar” a Millenium Falcon. Lucas fazia um lanche rápido quando Johnston perguntou: “Mas afinal, como você quer a nave?”. O diretor deu uma mordida em um hambúrguer e mostrou para o desenhista. “Assim!”. Inspirado no hambúrguer mordido Johnston criou uma nave circular. Que deveria voar na vertical como um peixe lua nadando no oceano.

O cockpit seria móvel, girando na ponta de um braço tubular. Era radical demais. Lucas fez a nave voar na horizontal, mas Johnston aproveitou a ideia da cabine giratória para o caça B-wing. Com a transformação completa, Ralph McQuarrie foi obrigado a pintar uma nova versão do seu quadro, “embarque em Mos Eisley”, para a divulgação do filme. Com a Millenium Falcon que todos conhecemos.

Toda essa história nos lembra que os filmes de sucesso são o resultado do trabalho de dezenas de técnicos anônimos, que trabalham nos bastidores para a glória do diretor.

 

Por Jorge Luiz Calife

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1 comment

Letícia 18 de janeiro de 2016, 08:30h - 08:30

Excelente matéria !

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