Crítica: O mal do século e seus remédios (Foto: Divulgação)
Como as roupas e as músicas, os problemas mentais dos seres humanos mudam com o passar das épocas. O início do século vinte foi à era da histeria, e mulheres histéricas figuram como pacientes de destaque dos primeiros psicanalistas, como Freud. Depois, o período que se seguiu a Segunda Guerra Mundial foi a “era da ansiedade”. As pessoas procuravam os médicos em busca de remédios para tratar da ansiedade provocada pelas pressões da vida moderna. Nos anos de 1980 e 1990 foram à era da depressão, e os laboratórios farmacêuticos faturaram fortunas com a venda de antidepressivos. Hoje, no século XXI, o distúrbio mental da moda é a bipolaridade.
No livro “Simplesmente Bipolar” o psicólogo Darian Leader, autor do best-seller “O que é Loucura” questiona esses diagnósticos. Em 136 páginas ele põe em dúvida esta súbita proliferação de diagnósticos de bipolaridade e vai além fazendo uma pergunta que poucos já fizeram. Será que este aumento da bipolaridade seria um fenômeno real ou uma jogada de marketing dos fabricantes de remédios. Hoje em dia qualquer pessoa com problemas de comportamento tem o tal distúrbio bipolar. Os jornais falam de celebridades, como artistas de cinema, que sofrem do problema. Até crianças são diagnosticadas como bipolares e recebem doses cada vez maiores de remédios para tratar do problema.
Lançado pela editora Zahar “Simplesmente Bipolar” é uma crítica interessante à doença da moda. A tradução é de Vera Ribeiro e o livro vai interessar não somente aos profissionais da psicologia e da psicanálise, mas a todas as pessoas que tem um parente diagnosticado com esse distúrbio.
Leader acha que o diagnóstico de bipolaridade está sendo muito generalizado. E que os profissionais de saúde precisam procurar uma compreensão mais profunda dos altos e baixos da depressão e das manias. Antes de procurar a solução mais simples de apelar para a tal da bipolaridade e sair receitando remédios para crianças e pacientes adultos. O livro custa R$ 35 reais na edição imprensa e também está disponível na versão eletrônica, por apenas vinte reais.
Jorge Luiz Calife – [email protected]
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