A China inaugurou esta semana a sua nova estação espacial, a Tianhe (Harmonia dos céus). Uma equipe de três astronautas, todos homens, decolou do centro espacial de Jiuquan, no noroeste da China, a bordo da cápsula espacial Shenzhou-12 (Nave divina 12), no final da noite de quarta-feira, dia 16 de maio. Noite aqui na América do Sul porque na China era a manhã de um novo dia (Como a Terra é redonda, quando é noite aqui no Brasil, é dia claro na China). O lançamento, no topo de um foguete Longa Marcha 2 foi tranquilo e a Shenzhou-12 se acoplou com a Tianhe na manhã de quinta-feira.
Os três taikonautas (nome que os chineses dão aos seus astronautas)são Nie Haisheng, Liu Boming, e Tang Hongbo. Eles vão ficar 3 meses a bordo do módulo espacial de 16,6 metros de comprimento, do tamanho de um ônibus, ativando os sistemas e testando os equipamentos. Quando ficar pronta, no ano que vem, a Tianhe vai ter três módulos, grandes painéis solares e um comprimento em torno dos 35 metros. O primeiro módulo, esse que os taikonautas estão usando como casa, foi lançado ao espaço no dia 28 de abril passado. Um mês depois a agência espacial chinesa lançou um rebocador espacial que se acoplou com a estação espacial por controle remoto. Ele tem painéis solares e fornece a energia para a Harmonia dos Céus.
No mesmo dia da inauguração da Tianhe, a China divulgou os planos para a base que pretende montar na Lua, em cooperação com a Rússia. A International Lunar Research Station (Estação de Pesquisa Lunar Internacional) segue um modelo muito semelhante ao do projeto Artemis norte-americano. A base lunar sino-russa vai ser formada por uma estação espacial em órbita lunar e um módulo habitável na superfície. Veículos robóticos farão o transporte dos astronautas da base para as várias regiões da Lua. Todavia,o comunicado oficial feito pela agência Roscosmos da Rússia, diz que não vai haver missões tripuladas nesta década. Um contraste com o projeto Artemis dos norte-americanos, que pretende desembarcar um homem e uma mulher na superfície da Lua ainda em 2024.
Por enquanto os chineses vão ficar restritos a missões em órbita da Terra. Desde 2016 que a China não enviava astronautas ao espaço. A última missão foi de dois homens e uma mulher que passaram algumas semanas a bordo da estação espacial Tiangong 2 há sete anos. O programa espacial da China usa uma tecnologia derivada do programa espacial da Rússia. As cápsulas espaciais chinesas usam o modelo básico da Soyuz russa com um módulo com painéis solares, um módulo de retorno e a capacidade para três tripulantes. As primeiras estações espaciais chinesas, as Tiangong 1 e Tiangong 2, lançadas na década passada, eram semelhantes aos módulos Salyut, que a antiga União Soviética orbitou na década de 1970. Já a nova Tianhe segue o modelo da Mir russa, que operou na década de 1990.
Com a inauguração da Tianhe a humanidade conta agora com dois postos avançados na fronteira do espaço sideral. O maior de todos é a Estação Espacial Internacional, que tem 90 metros de largura e o tamanho de um campo de futebol. Ela foi construída na primeira década do século 21 por um consorcio de 12 países que inclui Estados Unidos, Japão, Rússia, Canadá, Itália, França e outros países da União Europeia. Os chineses foram excluídos do projeto pela lei norte-americana e partiram para construir sua própria base espacial, a Tianhe, mais modesta, que foi inaugurada esta semana.
Jorge Luiz Calife