Ciência – As moradas do fogo

by Diário do Vale

Perigo: A nuvem piroclástica do Vulcão de Fogo

Os vulcões tem ocupado espaço no noticiário há mais de duas semanas. Primeiro foi o Kilauea no Havaí, cujos derrames de lava destruíram 600 casas na ilha principal do arquipélago. Apesar dos estragos não houve mortes. Já o Vulcão de Fogo, na Guatemala entrou em erupção na semana passada e matou dezenas de pessoas. Porque o Kilauea não matou ninguém enquanto o numero de mortes na Guatemala já passa de 20? Será que é porque a Guatemala é um país pobre? Nada disso. Trata-se de dois tipos diferentes de vulcões, um muito mais perigoso do que o outro.

Os vulcões havaianos, como o Kilauea, são do tipo “vulcão de escudo”. Eles produzem uma lava fluida, quase sem gases ou cinzas, que flui pelo terreno ao redor de forma lenta. Assim as pessoas podem sair do caminho e os danos são apenas materiais. Já o Vulcão de Fogo é um estratovulcão de um tipo semelhante ao do famoso Vesúvio na Itália. Vulcões desse tipo emitem grande quantidade de cinzas e nuvens de gás quente, que se movem a velocidade de 700km/h, assando suas vítimas antes que elas possam fugir.

As equipes de resgate na Guatemala falam que as vítimas do Vulcão de Fogo parecem ter virado “estátuas de pedra” o que dificulta a identificação. O que indica que aquelas pessoas foram mortas pela chamada “nuvem piroclástica”, a forma mais terrível e mortal de fenômeno vulcânico.

A nuvem piroclástica é uma nuvem de cinzas e gás aquecido a mil graus de temperatura que desce do alto da montanha com uma velocidade de 700km/h. Não adianta correr, nem com um carro fórmula 1 alguém conseguiria escapar da nuvem piroclástica. Quando atinge uma pessoa ela arranca as roupas e a pele, cozinhando o indivíduo quase instantaneamente com sua alta temperatura. Então as cinzas colam na carne e se solidificam, cobrindo os corpos com uma camada de matéria dura. É por isso com os mortos por esse tipo de fenômeno parecem ter virado estátuas de pedra.

Felizmente não temos vulcões no Brasil, isso acontece porque as “montanhas flamejantes” só aparecem nos pontos de encontro das placas tectônicas. Como o cinturão de fogo do Pacífico, do qual faz parte o território da Guatemala. Nosso planeta, a Terra, é mais ou menos como uma laranja, onde o chão sólido, onde pisamos, é a casca e o miolo da laranja é um mar de fogo, o magma incandescente. Mas ao contrário da fruta, a “casca da Terra” é formada por placas, como as seções de uma bola de futebol. Onde essas placas escorregam umas de encontro às outras ocorrem terremotos e se formam vulcões.

A concepção popular de que um vulcão é uma montanha que solta fogo está equivocada. Na verdade é o vulcão que dá origem a montanha. Geralmente ele começa como uma fenda no solo plano de onde começa a sair lava e gases. A cada erupção a lava vai se acumulando e virando pedra até que, depois de milênios de atividade, forma uma montanha com mais de dois mil metros de altura.

Os vulcões havaianos, como o Kilauea, não dependem da ação das placas tectônicas. Eles se formam em cima de “pontos quentes” onde o magma fura a crosta da Terra, que é mais fina no fundo dos oceanos. Como no caso dos vulcões continentais, as erupções vão acumulando material que forma uma montanha no fundo do mar. Com o tempo a montanha se torna tão alta que chega a superfície do oceano, criando uma ilha vulcânica. Foi assim que nasceram as ilhas do Havaí.

Aqui na Terra não tem jeito. Enquanto vivermos aqui, teremos que conviver com os vulcões. Mas para quem sonha em se mudar para Marte há uma boa notícia, os vulcões marcianos estão todos extintos e lá não tem erupção.

Por: Jorge Luiz Calife – [email protected]

Você também pode gostar

diário do vale

Av. Pastor César Dacorso Filho nº 57

Vila Mury – Volta Redonda – RJ
Cep 27281-670

(24) 99926-5051 – Jornalismo

(24) 99974-0101 – Comercial

(24)  99208-6681 – Diário Delas
.

Image partner – depositphotos

Canal diário do vale

© 2025 – DIARIO DO VALE. Todos os direitos reservados à Empresa Jornalística Vale do Aço Ltda. –  Jornal fundado em 5 de outubro de 1992 | Site: desde 1996