Sonhei que o mundo estava acabando.
Todos aflitos e desesperados tentando fazer tudo aquilo que quiseram em toda a vida e nunca fizeram.
Queixaram-se todos por não terem sidos avisados, pediram mais um tempo porque a lista de afazeres era grande e ainda não tinham vivido nada.
Pedidos negados chegou o dia do julgamento.
– Que fizeste com a vida que recebeste?
– Estudei, trabalhei, servi o exército, fui à igreja, casei, tive filhos, comprei um carro, fiz umas viagens eventuais e pontuais, fiquei velho. Aí já não tinha mais muita saúde para fazer algumas coisas diferentes.
– Pois bem, pela vida que viveste declaro-te escravo eterno.
– Mas por quê? Sempre disseram que quando eu aqui chegaste a vida seria melhor.
– E estavam certos, entretanto eu sempre quis e desejei que fosse livre e gozasse a vida na suprema liberdade.
– A esses, aqui nada mais é do que a continuação do seu paraíso particular.
– Aos outros que se ausentaram da sua liberdade viveram um inferno e uma vida sem o total sentido. Quanto a esse grupo, sinto, mas o inferno lhes seguirá.
– Ora, então era isso?
– Sim, simples assim.
Fizeram-te acreditar que a liberdade era um erro, justamente para não te deixarem viver num paraíso.
E para isso disseram em todos os momentos que não fosses dono de si.
Desculpe, mas deixei o vento, a borboleta e os passarinhos; para lhes servirem de amostra quanto a ser livre.
– Tudo bem, se é assim.
– A que horas começo?
Geisler Vanil Alves da Silva | [email protected]