Crônica: Carinha feliz.com

by Diário do Vale

Essas carinhas que a gente envia nas conversas via rede social representam o ícone máximo da falta de comunicação.  Nada substitui um sorriso, um abraço ou um aperto de mão.

Entretanto, algumas pessoas acreditam cegamente na premissa que “tudo o que é novo não presta”. Enquanto afirmam categoricamente que essa juventude não sabe se comunicar satisfatoriamente, os jovens vão descobrindo, cada vez mais, novas maneiras de conectarem-se à distância.

Há uns dias, tentando agradecer um presente recebido, enviei um e-mail para um amigo. Acontece que talvez eu tenha exagerado no tom dos agradecimentos, e meu amigo, que recebeu o texto frio do e-mail, sem ter visto meu sorriso de satisfação, sem ter partilhado do momento da entrega do presente, acreditou que as palavras que lhe enviei via internet, tivessem um tom de piada ou deboche. Ah se eu tivesse mandado uma carinha feliz!

Quando estamos de frente para nossos interlocutores favorecemos a empatia. Nossas reações, expressões faciais, posições corporais, todo e qualquer detalhe de nossa postura, mesmo que inconscientemente, influenciam a interpretação das frases que produzimos. A mesma palavra que com um sorriso pode ser bem aceita, acompanhada de outra expressão pode indicar desleixo ou antipatia.

Enquanto estamos presentes, certamente a pessoa com quem falamos perceberá se estamos sendo sinceros ou se estamos de alguma forma sendo irônicos. A grande questão é: e quando estamos distantes, como as pessoas recebem nossas mensagens?

A palavra amor, por exemplo, pode levar aos céus se a pessoa que a recebe estiver apaixonada. Entretanto, a mesma palavra, enviada para uma pessoa a quem não se tem apreço, pode indicar deboche.

As redes sociais ampliaram e muito as relações humanas. Se antes sua rede de contatos incluía uma dúzia de pessoas, hoje, você pode se conectar com um número infinito delas. O que pode parecer bom por um lado, por outro representa a deterioração das relações interpessoais. Hoje você está ligado a um número muito maior de pessoas, entretanto, os laços de união são cada vez mais tênues. Diante disso, algumas pessoas preferem ignorar a tecnologia, outras, sequer sabem se comunicar de outra forma. Enquanto algumas pessoas valorizam unicamente as relações pessoais, outras parecem imersas no universo virtual e ignoram as pessoas a sua volta em detrimento da telinha do celular. É a presença de quem está ausente e a ausência de quem está presente.

Sem maniqueísmo, redes sociais são poderosas ferramentas de comunicação, nem maiores nem melhores do que um sorriso ou um abraço, apenas mais ou menos eficientes em algumas situações que em outras, e, por incrível que pareça, aquelas figurinhas sorridentes, tornaram-se uma das mais interessantes armas de comunicação moderna. Imagens rupestres, encontradas nas cavernas, tem significado até hoje. Por que desvalorizamos então, uma carinha triste ou feliz recebida no celular?

Na ausência de um sorriso, para que uma frase não seja mal recebida, muito melhor enviar aquelas imagens do que ser mal compreendido. Aquelas carinhas amarelas não substituem o calor de um abraço ou a rispidez de um esporro, mas representam, sem nenhuma sombra de dúvida, um novo jeito de se comunicar. São formas rápidas e eficientes de transmitir mensagens e, mais ainda, sentimentos.

Leonardo Bentes/ [email protected]

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