Da ficção para a realidade

by Diário do Vale

Estamos no século XXI e a ficção científica acompanha de perto a realidade em que vivemos. Num talk show da televisão uma cidadã brasileira anunciou outro dia que vai morar no planeta Marte. Ela faz parte do projeto Mars One lançado por uma sociedade europeia. Que por enquanto ainda não tem uma nave espacial pronta para a viagem. Mas isso pode mudar nos próximos anos com uma série de tecnologias, exibidas em filmes de ficção científica que já se tornaram viáveis.
Uma delas é a propulsão iônica. Que foi proposta na década de 1950 por dois cientistas, o alemão Ernst Stuhlinger e a americana Gail B Shuton. A ideia inicial era usar a energia nuclear para ionizar átomos de um gás, como césio, que escapariam em alta velocidade, impulsionando a nave a mais de 150 mil quilômetros horários. O problema é como refrigerar um reator atômico no espaço. Nas usinas terrestres usa-se água tirada dos rios ou mares, como é o caso das usinas de Angra dos Reis.
No espaço deixa-se o reator operar a temperaturas de 2300 graus centigrados, irradiando o calor para o espaço. Na ilustração, publicada pela empresa Lockheed, a nave reboca o reator incandescente com um cabo de uma milha de comprimento (1600 metros). O que protege os tripulantes da radiação. A ideia fez tanto sucesso que apareceu num selo postal do Panamá e no desenho animado do Anjo do Espaço.
Hoje em dia a Nasa já usa a propulsão iônica em suas sondas espaciais. Como a Dawn, que visitou os asteroides. A diferença é que as sondas da Nasa tiram a energia de painéis solares. Menos eficientes do que um reator nuclear, mas mais seguros. Atualmente a empresa italiana Thales Alenia projeta um rebocador espacial iônico capaz de fazer viagens entre a Terra e a Lua, levando astronautas. O projeto é da engenheira espacial italiana Martina Mammarela.
Outra ideia que pode virar realidade, nos próximos anos, é a espaçonave movida a fusão atômica. O filme “2010: O Ano Em Que Faremos Contato” de 1984 previu que a existência de uma nave de fusão, a Leonov, que levaria astronautas para o planeta Júpiter nesta década. Na época ninguém sabia como construir um reator de fusão capaz de funcionar na Terra, quanto mais no espaço. Ao contrário dos reatores atômicos comuns, que usam urânio como combustível, o reator de fusão queima isótopos de hidrogênio, como o deutério e o trítio.
No mês passado a empresa americana Princeton Satellite Systems anunciou que vai construir motores de fusão de baixo custo que poderão reduzir o tempo de uma viagem de ida e volta a Marte para 310 dias. Numa viagem só de ida, como a daquela brasileira da Mars One o tempo de voo cairia para algumas semanas. E os motores da PSS vão custar apenas 20 milhões de dólares o que os torna acessíveis para companhias de turismo espacial como a Virgin Galactic do empresário Richard Branson.
Outra ideia da ficção científica que está sendo discutida seriamente é a nave de propulsão fotônica. Em uma entrevista recente o físico Stephen Hawking sugeriu que a humanidade deve colonizar as estrelas usando naves impulsionadas por raios de luz. Que permitiriam atingir velocidade de um décimo da velocidade da luz. O projeto original de Eugene Sanger previa a aniquilação de matéria e antimatéria, como a nave Enterprise de Jornadas nas Estrelas, e isso também não está longe da realidade.
Outra ideia que está sendo cogitada é uma nave movida pela energia de um micro-buraco negro. Como a SS Sirius do romance Terra Imperial de Arthur C. Clarke. A energia emitida através da radiação de Hawking seria de 129 petawatts (1 petawatt igual a 10 quatrilhões de watts. E o micro-buraco negro seria criado concentrando-se energia num ponto do espaço.
As estrelas estão cada dia mais próximas.

Por Jorge Luiz Calife
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1 comment

Anderson 7 de julho de 2017, 05:34h - 05:34

Fascinante esta matéria e todas as que discutem a possibilidade de viagens interestelares. Uma pena mesmo que nossa geração não verá a chegada de uma sonda a outros sistemas estelares. Será um privilégio das futuras gerações.
Quanto ao Mars One, acredito que sejam um bando de charlatões, pois não possuem os recursos, nem muito menos a tecnologia para tal feito.
Outro propulsor interessante da ficção científica é o Epstein Drive, que propulsiona as naves interplanetarias do romance “Leviatã Desperta”, que deu origem à série de TV “The Expanse”.

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