Estreia da semana é ‘A Odisseia de Alice’ no Cine Gacemss

Com o “Esquadrão Suicida” dominando o circuitão, a única novidade da semana é o filme francês “A Odisseia de Alice” da diretora Lucie Borleteau, que entra em cartaz no Cine Gacemss, a casa do filme francês aqui na nossa região. Quase todo passado a bordo de um velho navio mercante, o filme conta a história de uma mulher que é maquinista da marinha mercante. Em um mundo onde o machismo é coisa do passado, Alice convive sem problemas com seus colegas homens e ainda tem um romance com o capitão do navio.

“A Odisseia de Alice” teve sua estreia na Europa em 2014 e levou dois anos para ser exibido por aqui. Deve ter vindo no cargueiro da heroína. Alice é interpretada pela atriz grega Ariane Labed, que ganhou o prêmio César, de melhor atriz pelo seu desempenho no Festival de Cinema da França. O filme foi todo rodado dentro do Fidelio, um navio cargueiro de verdade, que visitou os portos de Marselha, Gdansk e Dakar no Senegal. A autora do roteiro, Clara Borreau, inspirou-se em uma amiga que é tripulante de navios mercantes.

“A Odisseia da Alice” é um filme de mulheres e sobre mulheres. Mas especificamente sobre a mulher ocidental moderna que tanto pode pilotar um avião a jato quanto ser tripulante de uma estação espacial. O que não quer dizer que seja um filme desinteressante para o público masculino. Como todo filme francês que se preza “A Odisseia de Alice” tem uma linda fotografia, uma história interessante e um ritmo lento, poético que contrasta com a correria sem fim dos blockbusters americanos.

Alice faz questão de dizer que “nunca será uma mulher comum”. Mas apesar de passar os dias vestida em um macacão azul, com as mãos sujas de graxa, Alice não deixa de ser feminina e de ter os sonhos típicos de uma mulher moderna e independente. Quando embarca no Fidelio, ela deixa em terra seu namorado, o sueco Felix (Anders Danielsen Lie) com quem mantém contato pela internet durante toda a viagem.

Alice embarca no Fidelio para substituir um maquinista que morreu. Ela logo descobre que os tripulantes filipinos são um tanto supersticiosos. E que o capitão do navio é Gael, seu primeiro namorado. Que agora é seu chefe e virou um homem casado. Os dois acabam tendo um relacionamento que obedece a uma regra simples ditada pela heroína: “O que acontece no mar fica no mar”.

Filmes sobre a vida a bordo de navios mercantes não são muito comuns. O último que tivemos por aqui foi o “Capitão Phillips” onde o Tom Hanks fez o papel de comandante de um cargueiro americano, com uma tripulação só de homens, que acaba sequestrado pelos piratas da Somalia. O capitão Phillips do Tom Hanks deve invejar a situação do seu colega francês. Que tem um navio velho, mas pode dormir com a ex-namorada e viaja por um oceano tranquilo, sem piratas ou tempestades pelo caminho.

Um dos aspectos mais interessantes de “A Odisseia de Alice” é a descrição da vida em um navio moderno. Onde os tripulantes tomam sol no convés quando não estão trabalhando e mantêm contato com seus parentes e amigos através da internet. Coisa que os marinheiros do passado não tinham. Se o leitor estiver curioso para saber como termina a história da marinheira com seus “dois maridos” deve aproveitar para ver esta semana. O problema com os filmes do Gacemss é que eles costumam ficar em cartaz durante apenas uma semana e depois somem sem deixar pistas.

Foi o caso do ótimo “Rock em Cabul” com o Bill Murray e a musa Zooey Deschanel, que foi exibido por apenas sete dias e agora só baixando da internet.  Uma pena já que mostrava uma visão bem humorada da guerra no Afeganistão. Enquanto isso as porcarias do cinemão ficam semanas em cartaz.

 

 

Por Jorge Luiz Calife

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