Flip aumenta número de bibliotecas em Paraty

by Diário do Vale

filpe paraty

Paraty –  Desde a primeira edição, em 2003, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) introduziu 40 mil livros na cidade. De acordo com a curadora das programações infantil e juvenil da festa, Izabel Costa Cermelli, antes do evento havia apenas uma biblioteca municipal e duas escolares.

– Estamos chegando a 40 mil livros doados em Paraty, que entraram na cidade com a Flip. O número de bibliotecas subiu para 44. Estamos fortalecendo a rede de bibliotecas comunitárias e a Secretaria de Cultura está dando força para uma rede municipal de bibliotecas – explicou a curadora.

O diretor-presidente da Associação Casa Azul, responsável pela organização da Flip, Mauro Munhoz, destaca que a escolha do homenageado, Mário de Andrade, proporcionou maior integração com a cidade.

– Na década de 1960, Paraty teve a experiência de receber intelectuais, o que deu essa identidade à cidade, que está muito relacionada com a Flip, como território que acolhe o evento. A escolha do Mário de Andrade teve essa reverberação interessante, integrando com as ações, como o trabalho de memória oral – explicou.

Nos intervalos entre as mesas e nos espaços públicos foram exibidos vídeos do projeto Museu do Território de Paraty, com depoimentos de paratienses. O curador do evento, Paulo Werneck, explica que a organização seleciona os temas a serem apresentados e discutidos na Flip, abrangendo assuntos além da literatura, e que as mesas científicas têm tido boa repercussão.

“Sempre teve mesas de ciência, não foi ideia minha. Não sei bem porque, mas ciência tem o envolvimento do público, no ano passado foi astronomia. Este ano tivemos o livro Amor e Matemática [do russo Edward Frenkel] como o quarto livro mais vendido”.

A Flip terminou ontem (5). A conferência de encerramento começou às 14h, com o escritor e compositor José Miguel Wisnick fazendo uma análise da obra de Mário de Andrade. A estimativa da organização é que o público presente tenha sido como o do ano passado, de 25 mil pessoas.

 Feira ajuda a promover escritores da cidade

Durante séculos, Paraty foi uma cidade que mantinha suas histórias por meio da tradição oral. Mas, com a chegada da Festa Literária Internacional (Flip), em 2003, a relação da cidade com a literatura passou para outro patamar.

Quem faz a avaliação é a secretária de Cultura do município, Cristina Maseda. De acordo com ela, a Flip é um marco na história de Paraty e na dinâmica cultural da cidade, pois, além de promover o incentivo à leitura e equipar a cidade e as escolas com mais bibliotecas, fomentou a produção literária local.

Para Cristina, o evento literário permitiu que a tradição da cidade saísse da oralidade e fosse para o objeto concreto, que é o livro. “Surgiram autores, surgiu uma editora independente, que edita livros de autores de Paraty. Isso seria impensável antes da Flip. Hoje são quatro pontos de livrarias, todas as escolas têm livros, com um acervo maior ou menor, mas todas as escolas têm um acervo”.

O responsável pelo Selo Off Flip, Ovídio Poli Júnior lembra que a editora independente surgiu da ideia que ele teve de lançar um prêmio literário associado à festa. O projeto saiu do papel em 2006, de forma independente da Flip, porém apenas em 2008 foi possível lançar a primeira coletânea com os contos e as poesias vencedoras.

“A gente começou como um selo, não era intenção de virar editora, era publicar os textos vencedores do prêmio Off Flip. Publicamos a primeira coletânea e resolvemos publicar o livro de um autor local, Flávio de Araújo. Nasceu assim o selo e, em 2009, começamos a publicar outros autores”.

De família de pescadores da Praia do Sono, Flávio era escritor antes mesmo da primeira edição da Flip, mas trabalhava como motoboy e se sentia excluído da festa. “Comecei a escrever para um jornal local, sem esperança de editar um livro. A maior festa literária da América Latina acontecendo no quintal da minha casa e eu não participar disso era muito frustrante”.

Após lançar seu primeiro livro de poesias, Zangareio, o primeiro da editora, Flávio teve a oportunidade de participar de eventos literários em outros estados e em outros países. Ele destaca que, além de uma realização pessoal, preserva a tradição da cidade de Paraty.

“Estamos em uma cidade turística, influenciada por vários movimentos, e o turismo deixa um legado às vezes bom, às vezes ruim. A cidade estava perdendo a sua oralidade e eu acho que contribui de alguma forma para preservar, reforçar essas raízes”, disse o escritor.

Para o editor Ovídio, a Off Flip é apenas um ponto de partida para os autores locais. “Não tenho dúvida de que daqui a um tempo vamos ter autores que surgiram nesse movimento, participando de mesas da Flip”.

Ele entende que os primeiros passos foram dados. “Hoje a gente é parceiro da Flip, eles divulgam o prêmio, têm um estande na Casa de Cultura desde o ano passado”, disse. Para ele, tudo isso é interessante porque a editora acabou virando uma janela para essa produção e para as culturas tradicionais.

 

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