Flip começa com debate sobre Mário de Andrade

by Diário do Vale

flipe

Paraty – Com o tema As Margens de Mário, a conferência de abertura da 13ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) reuniu três autores que pesquisam a vida e a obra do ícone do modernismo brasileiro. O curador da Flip, Paulo Werneck, disse que esta edição da festa foi feita com muito amor para Mário de Andrade, respeitando a intimidade do poeta. “Mário é uma figura enorme, é uma esfinge que a gente decidiu não decifrar, mas conviver amorosamente com ele durante este ano todo”.

A argentina Beatriz Sarlo comparou o momento histórico vivido pelos dois países no surgimento do modernismo, com a Semana de Arte Moderna de 1922. Segundo ela, tanto o Brasil quanto a Argentina ainda não tinham o conceito de pátria definido e duas obras ajudaram a introjetar a identidade nacional nos dois países: Macunaíma, de Mário de Andrade, e Dom Segundo Sombra, de Ricardo Güiraldes. “A geração paulista de 1922 e a geração argentina de 1920 são muito contemporâneas cronologicamente e também estavam saindo ao mesmo tempo os livros de Mário e de Güiraldes”.A professora da Universidade de São Paulo (USP) Eliane Robert Moraes falou do aspecto erótico que permeia a obra de Mário de Andrade, desde as “brincadeiras” de Macunaíma, a fräulein de Amar, Verbo Intransitivo, a poesia e o que Mário chamava de “pornografia desorganizada”, dispersa no bumba meu boi, nas modinhas, rapsódias e quadrinhas da cultura popular, que envolvem o proibido e o jogo de palavras sugestivas.

Ela destacou que, agora, os pesquisadores podem falar abertamente do que, por muito tempo, ficou como um tabu na vida e obra do modernista: a sexualidade. “Cabe a nós hoje falar o que ficou tanto tempo proibido. O nosso grande modernista Mário de Andrade era homossexual, era gay e há resquícios dessa homossexualidade em toda a obra dele”. Eliane, no entanto, ressaltou que, a partir dessa constatação, não se pode reduzir a obra do escritor à sua sexualidade. “Esse é o desafio que nos cabe hoje, e é nesse fio que temos que nos equilibrar, sabendo, como nos ensinou Mário, que o buraco sempre é mais embaixo”.

Biógrafo de Mário de Andrade, Eduardo Jardim destacou a diversidade de gêneros literários e de atividades que Mário desenvolveu, indo do romance à poesia, passando por dramaturgia e ópera, além de ser um líder, agitador e também excepcional gestor na área cultural. “Vou citar uma carta que ele escreveu a Manuel Bandeira e que dizia: ‘Manu, eu ficaria satisfeito e contente se as iniciativas que estou tomando no meu tempo fossem eficazes, não estou interessado em ser conhecido em 1985’. Bom, estamos aqui hoje desmentindo o poeta”, diz Jardim, ao fazer referência à anulação do ego do poeta demonstrada na entrega que ele fazia aos trabalhos.

Após Roberto Saviano cancelar a participação na Flip, a organização anunciou hoje que a mesa que o italiano participaria passa a se chamar Jornalismo de Guerrilha, com os jornalistas mexicanos Ioan Grillo e Diego Osorno, especialistas na cobertura da guerra entre cartéis mexicanos de tráfico de droga.

As informações são da Agência Brasil.

You may also like

diário do vale

Rua Simão da Cunha Gago, n° 145
Edifício Maximum – Salas 713 e 714
Aterrado – Volta Redonda – RJ

 (24) 3212-1812 – Atendimento

(24) 99926-5051 – Jornalismo

(24) 99234-8846 – Comercial

(24) 99234-8846 – Assinaturas
.

Image partner – depositphotos

Canal diário do vale

colunas

© 2024 – DIARIO DO VALE. Todos os direitos reservados à Empresa Jornalística Vale do Aço Ltda. –  Jornal fundado em 5 de outubro de 1992 | Site: desde 1996