O que leva tantas pessoas a aceitarem os riscos de uma viagem espacial? Uma resposta esta no livro “Em órbita” do astronauta britânico Tim Peake. Fotógrafo experiente ele passou seis meses a bordo da Estação Espacial Internacional e documentou toda a beleza e a fragilidade do nosso planeta. São imagens belíssimas que mostram a visão privilegiada de que desfrutam os astronautas enquanto giram ao redor do nosso planeta azul. A estação espacial esta longe de ser um hotel de luxo, mas a vista das janelas compensa. Sem falar na sensação de liberdade, de poder voar como um pássaro, proporcionada pela ausência de gravidade a bordo.
“Em órbita” esta disponível em uma bela edição da Paralela, com tradução de Alexandre Boide. É um dos raros livros sobre o assunto disponíveis nas livrarias brasileiras. As imagens captadas pelo fotógrafo espacial incluem os picos nevados do Himalaia, a noite iluminada de Dubai, o pôr do Sol no oceano Pacífico, a incrível aurora polar e os mais de cinquenta tons de azul das ilhas Bahamas. Peake também fotografou o rio Amazonas serpenteando pela floresta e o Rio de Janeiro, com a ponte Rio-Niterói cruzando a Bahia.
E o autor destaca a fragilidade do nosso planeta, suspenso no vazio negro e mortal do oceano do espaço. Como a atmosfera, que estamos poluindo, parece fina como uma casca de laranja quando vista do espaço. É interessante lembrar que a preocupação com o meio ambiente começou com as fotos trazidas pelos tripulantes das naves Apollo, que viajaram para a Lua. William Anders, que fotografou a Terra como uma bolinha azul, acima do horizonte lunar, comenta como conseguia tapar o mundo com o dedo polegar. Infelizmente, numa era de negação da ciência a humanidade ainda não adquiriu a perspectiva cósmica que essas imagens proporcionam. Os esforços para a preservação da nossa bolinha azul esbarram em interesses econômicos poderosos e na má vontade de alguns governantes. Que preferem acumular armas para ameaçar seus vizinhos no lugar de preservar o meio ambiente. “Em órbita” documenta a beleza deste mundo ameaçado, o único lugar onde podemos viver sem um traje espacial. Um paraíso ameaçado de extinção.
Jorge Luiz Calife
2 Comentários
…mas o homem ainda não pisou na lua.
Se o fez, por que não consegue repetir a façanha 50 anos de avanço tecnológico depois????
Gerardo Mendes
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