Missão Cassini entra na fase final dia 22 de abril

No dia 22 de abril a sonda espacial Cassini entra na fase final de sua missão de 20 anos no planeta Saturno. A nave de três bilhões de dólares partiu da Terra em 1997 e levou sete anos para chegar no sistema de luas de Saturno. Em 2004 a nave principal lançou a sonda Huygens que pousou suavemente na lua Titã, que tem uma atmosfera turva feita de gases como nitrogênio e metano e uma temperatura de mais de cem graus negativos. Por treze anos a nave orbitou Saturno, um mundo gasoso nove vezes maior do que a Terra, cercado por dezenas de luas e um sistema de anéis de partículas de gelo quase tão grande quanto a distância que separa a lua da Terra.

Saturno é o planeta mais bonito que se pode ver com um telescópio, aqui da Terra. A missão Cassini-Huygens mostrou que ele é ainda mais belo visto de perto. Uma beleza alienígena, totalmente diferente das paisagens terrestres com que estamos acostumados. A lua Titã, por exemplo, tem todo um ambiente com rios e mares, mas não são rios de água. Lá, a 160 graus negativos, é o gás metano que flui como água, criando lagos, riachos e chuva.

Outra lua de Saturno, Encelado, tem um oceano de água líquida, protegido por uma capa de gelo perpétua. Através de rachaduras no gelo vulcões de água quente ejetam vapor de água e nuvens de partículas que acabam capturadas pelos anéis do planeta. Saturno é um mundo gasoso, mas em seu polo norte as nuvens formam um imenso hexágono, maior do que o nosso planeta.

Saturno fica tão distante da Terra, a mais de um bilhão de quilômetros de distância, que os sinais de rádio levam mais de uma hora para chegar lá. Quando a nave envia uma mensagem para o centro de controle, em Pasadena, na Califórnia, leva entre 68 e 80 minutos para o sinal de rádio atravessar o espaço entre os dois planetas e ser recebido. Isso impede qualquer tentativa de dirigir a nave por controle remoto. Ela é programada para executar as várias funções e opera por conta própria, dirigida pelo seu computador de bordo.

Final: A nave vai entrar na atmosfera de Saturno em setembro

A fase final da missão, que vai do dia 22 de abril até setembro, está sendo chamada de Grande Finale. A nave vai passar a orbitar Saturno cada vez mais perto de sua atmosfera, passando pelo espaço vazio que existe entre os anéis e o topo das nuvens do planeta. Vista da Terra essa região parece vazia, mas é possível que existam partículas de gelo que podem atingir a nave com uma velocidade de 122 mil quilômetros horários. Para evitar danos a nave será posicionada de modo a evitar danos aos instrumentos eletrônicos situados atrás de sua antena parabólica.

Serão ao todo 22 órbitas onde os espectrômetros da nave poderão analisar os gases que formam o topo da atmosfera. Em setembro, ao final da última órbita, a nave se queimará na atmosfera de Saturno. Isso será feito para evitar que ela possa contaminar as luas de Saturno com bactérias terrestres que tenham se escondido dentro da nave, antes do lançamento em 1997. Pode até existir vida nos oceanos de Encelado e é importante evitar qualquer interferência nesta vida alienígena por micróbios vindos do nosso planeta.

Mesmo durante seu mergulho final, nas nuvens de Saturno, a nave será programada para manter sua antena parabólica apontada para a Terra. Que não passa de um ponto de luz azul no céu de Saturno. Assim a nave poderá transmitir suas últimas observações sobre o campo magnético, a temperatura e a composição dessas nuvens. Como Saturno é um mundo gasoso não é possível pousar lá. Mas no futuro a tecnologia poderá permitir passeios pelas nuvens de Saturno em alguma mistura de nave e balão dirigível.

Atualmente não existe nenhuma outra missão programada para o sistema de Saturno, em um futuro próximo. Mas as milhares de fotos enviadas pela Cassini vão ilustrar livros de astronomia pelo resto do século XXI.

2004: A Huygens descobriu lagos de metano em Titã

Mergulho: Sonda passará entre os anéis e o planeta

Por Jorge Luiz Calife

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