O céu não é o limite

by Diário do Vale

Em 1969, quando os primeiros astronautas andaram pelas planícies poeirentas da Lua, o engenheiro espacial Wernher Von Braun fez uma previsão ousada. No século XXI, ele disse, haveria mais gente vivendo no espaço do que na superfície da Terra. Von Braun, o gênio por trás da viagem a Lua, se inspirou nos ideais do pioneiro russo Konstantin Ziolkowski, cujo lema era: “A Terra é o berço da mente, mas não se pode viver eternamente no berço.” Este sonho não foi esquecido e astronautas, cientistas, escritores e cineastas continuam a sonhar com a vida nas estrelas, além das limitações e das misérias do planeta Terra.

Hoje, 45 anos depois, a ideia das colônias espaciais faz parte dos games de computador, aparece em filmes, romances e histórias em quadrinhos. Sua realização não vai acontecer tão rapidamente quanto Von Braun imaginava, mas os primeiros passos já foram dados. No dia 27 de março passado um foguete Soyuz decolou da base de Baikonur, no Cazaquistão, levando os astronautas Scott Kelly e Mikhail Kornienko para uma estadia de um ano na Estação Espacial Internacional (ISS). A estação espacial é, atualmente, a única residência humana no espaço. Pequena, desconfortável e feia, muito feia. O escritor Arthur C. Clarke disse uma vez que a ISS é tão bonita quanto um depósito de carros batidos. Mas é preciso lembrar que as primeiras habitações humanas aqui na Terra também não eram bonitas. Antes de se construir palácios é preciso aprender a viver em cabanas. Na estação espacial os astronautas treinam para viajar até os asteroides, para a Lua e o planeta Marte. E será na Lua, e nos asteroides, que nossos descendentes buscarão as matérias primas necessárias para construir suas vivendas orbitais.

Cidade espacial ‘Ilha Um’

A agência espacial americana Nasa já tem um projeto para uma cidade orbital para 1500 pessoas. Ele apareceu no filme de ficção científica Elysium e parece uma roda gigante com 1600 metros de diâmetro. Chamada de Ilha Um esta cidade espacial ficaria posicionada no ponto de Lagrange, onde a gravidade da Terra e da Lua se equilibram. A estrutura rodaria a 2,5 rpms para produzir uma “gravidade artificial” ao longo do torus, o pneu da roda. E teria uma blindagem antirradiação feita com rochas extraídas dos asteroides e da superfície lunar. Na verdade quase todo o material para a construção da roda espacial seria extraído da Lua e lançado no espaço com catapultas eletromagnéticas.

Ilha Um será uma vila espacial e poderá ser construída com a tecnologia disponível no final deste século. O passo seguinte seria a construção de metrópoles, habitats capazes de abrigar uma população de um milhão de pessoas. No romance “Ringworld” (Mundo Anel) escrito em 1970, o escritor americano Larry Niven imaginou uma estrutura habitável, em forma de anel, com 600 milhões de quilômetros de diâmetro. Construído por uma civilização extraterrestre avançada esse mundo anel circunda uma estrela azul. E foi construído com matéria de dezenas de planetas. É o que se chama de megaestrutura.

 Halo 3

O problema com o mundo anel de Niven é que ele é instável e acabaria se chocando com seu Sol. Por isso outros escritores aperfeiçoaram a ideia imaginando anéis menores como os Orbitais do escritor Iain Banks, que tem apenas 3 milhões de quilômetros de diâmetro. O trabalho de Banks inspirou os criadores do game “Halo”, que situaram o terceiro game da série Halo 3 na superfície de um desses anéis orbitais. Na minha trilogia de romances, “Padrões de Contato”, imaginei humanos do século XXXI vivendo em mundos-anel com 12 mil quilômetros de diâmetro, semelhantes a proposta do engenheiro espacial Forrest Bishop. Esses habitats reuniriam o melhor dos dois mundos. Neles as pessoas poderiam viver em um cenário de florestas, lagos e montanhas, com todos os confortos da Terra. E tendo acesso a energia e as riquezas do espaço sideral.

O editor da revista francesa Galaxies, me perguntou recentemente se acredito que esse futuro de colônias espaciais vai mesmo se tornar realidade algum dia. Respondi com as palavras do físico inglês Stephen Hawking. Se a humanidade sobreviver mais um século, tudo é possível.

Jorge Luiz Calife /[email protected]

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