Jorge Luiz Calife
A sonda espacial Dawn entrou em órbita ao redor do planetoide Ceres na sexta-feira passada. Por enquanto a nave está sobrevoando o lado negro e escuro do pequeno mundo e ainda não pode observar as estranhas luzes que intrigam os cientistas. Nas próximas semanas os motores iônicos da espaçonave vão reduzir sua velocidade, fazendo com que ela se aproxime de Ceres em uma longa trajetória espiral. E então a nave poderá sobrevoar o lado iluminado e enviar novas imagens dos pontos brilhantes.
De uma coisa já sabemos, as manchas brilhantes de Ceres não tem luz própria, elas desaparecem durante a noite. Ceres tem um dia de nove horas e quatro minutos e quando os pontos brilhantes entram na escuridão da noite eles desaparecem completamente. O site americano Cnet ouviu os especialistas que apresentaram oito possíveis explicações para os pontos luminosos no mini planeta. Eles vão de explicações banais a possibilidade da maior descoberta da história da astronáutica.
Eis as possibilidades:
1 – Depósitos de sal – Os pontos brilhantes podem ser grandes depósitos de sais minerais, lançados na superfície de Ceres pelo impacto de um meteorito.
2 – Metais brilhantes – A cientista Caroline Raymond do projeto Dawn acha que a refletividade dos pontos brilhantes equivale a de prata ou alumínio polidos. Esses metais podem existir no minimundo, mas não está claro o que poderia polir esses metais para torna-los refletores de luz.
3 – Gelo na superfície – Ceres tem água em seu interior que pode congelar na temperatura de 73 graus negativos de seu lado noturno. Novamente o impacto de um meteorito poderia lançar esse gelo na superfície, onde ficaria brilhando ao Sol.
4 – Vapor de água – No ano passado o telescópio europeu Herschell detectou vapor de água escapando da mesma região de Ceres onde foram observados os pontos brilhantes. Ceres pode ter gêiseres como a lua Encelado de Saturno.
5 – Vulcões de gelo – Outra variação da hipótese acima. Criovulcões já foram observados na lua Tritão de Netuno.
6 – Alienígenas – Em 2008 o físico Freeman Dyson sugeriu que os asteroides e planetas anões seriam bons lugares para se procurar por vida extraterrestre. Para viver nesses lugares uma forma de vida precisaria desenvolver lentes e espelhos para concentrar a luz solar. Nesse caso veríamos a luz do sol se refletindo nos espelhos solares dessas criaturas do abismo estelar.
7 – Colonos geneticamente alterados de outra civilização. – É outra sugestão do Freeman Dyson. Ele acha que seres inteligentes poderiam usar engenharia genética para se adaptarem a vida no espaço. Como os seres humanos de um futuro distante. Eles cultivariam plantas capazes de crescer em núcleos de cometas e pequenos planetas como Ceres, plantas que usariam refletores parabólicos para captar a luz solar.
8 – As luzes são de uma nave alienígena estacionada em Ceres!.
Pessoalmente acredito mais na hipótese dos depósitos de sal ou de gelo, mas até que a sonda entre em sua órbita baixa podemos sonhar com todas as possibilidades. O problema com a propulsão iônica é que ela é muito eficiente, mas as naves aceleram e desaceleram muito lentamente. A Dawn só vai atingir a sua órbita baixa, a 13 mil quilômetros do miniplaneta no dia 23 de abril. Só então a nave poderá enviar imagens mais detalhadas de sua superfície.
Atualmente a sonda de 473 milhões de dólares encontra-se a uma distancia de 40 mil quilômetros e sobrevoando o lado escuro, o que faz com que Ceres aparece nas imagens como um crescente cheio de crateras. Durante 16 meses a sonda ficará em órbita do minimundo que tem 950 quilômetros de diâmetro, se aproximando cada vez mais de sua superfície. E então o mistério será resolvido.