Jorge Luiz Calife
Domingo passado comentei no Espaço Aberto sobre o filme “Robinson Crusoé em Marte” que vai ganhar um remake, não oficial, ainda este ano. O filme do diretor Byron Haskin previu muita coisa que a ciência acabaria descobrindo em Marte. A existência de água subterrânea no planeta, de rochas que produzem oxigênio e até a cor vermelha do céu marciano. O que mostra, mais uma vez, que a ficção científica pode ser profética, mesmo sem intenção. Na época em que o filme foi produzido os cientistas acreditavam que o céu marciano seria de uma cor azul profunda e que a atmosfera do planeta era tão densa que os astronautas poderiam andar por lá usando apenas uma máscara de oxigênio.
Esta foi uma previsão que o filme errou. No mesmo ano em que o filme chegou aos cinemas sonda espacial Mariner 4 sobrevoou o planeta vermelho pela primeira vez. E mostrou que a atmosfera marciana é tão rarefeita que o sangue de uma pessoa ferveria sem proteção. Um náufrago marciano jamais poderia tomar banho só de sunga como o coronel Kit Draper (Paul Mantee) no filme. Ele precisaria de um traje pressurizado hermético o tempo todo.
Mas o filme acertou em outras coisas. Filmando no Vale da Morte, no deserto de Nevada, Byron Haskin achou que um céu azul daria uma aparência demasiado terrestre as cenas do filme. E pediu que a equipe de efeitos especiais colocasse um céu cor de laranja. Em 1976 a nave robô Viking pousou em Marte e transmitiu as primeiras fotos da superfície do planeta. Para surpresa da equipe da Nasa as fotos mostraram que o céu marciano é cor de rosa, e não azul anil como se imaginava.
Abandonado em Marte o herói do filme descobre que pode extrair oxigênio aquecendo as rochas marcianas. Puro palpite do roteirista Ib Melchior. Foi outra previsão correta. Em 2007 o robô Phoenix desceu em Marte e detectou a presença de percloratos, compostos químicos feitos de cloro e oxigênio. Na Terra os percloratos são usados como oxidante em combustíveis de foguete e para fabricar fogos de artifício. E seria realmente possível produzir oxigênio aquecendo essa substância.
Um problema inesperado é que os percloratos podem contaminar a água e afetar o funcionamento da glândula tireoide. Assim o herói do filme teria que ser cuidadoso ao beber a água do subsolo marciano, que poderia estar contaminada pelos percloratos. Em 1964 suspeitava-se da existência de água nos polos marcianos, devido às calotas polares brilhantes do planeta. A existência desta água foi confirmada e outras fontes de água marcianas encontradas pelas sondas espaciais. Hoje sabemos que o subsolo marciano tem uma camada de água congelada que brota das crateras abertas por meteoritos. Um deles atingiu Marte em 2008 e produziu um buraco que se encheu de gelo rapidamente.
Atualmente uma nova versão da história do astronauta abandonado em Marte está sendo filmada pelo diretor Ridley Scott. Trata-se do romance “Perdido em Marte” do escritor Andrew Weir que narra uma história bem semelhante a do filme de 1964. O herói do novo filme, astronauta Mark Watney, consegue produzir água queimando hidrazina. Um combustível de foguete que também é tóxico como os percloratos marcianos.
“Perdido em Marte” foi rejeitado pelas editoras, mas fez sucesso quando o autor passou a publica-lo em capítulos na sua página da internet. A pedido dos leitores ele criou uma versão no site Amazon kindle que podia ser baixada por 99 centavos. Em três meses ele vendeu 35 mil cópias o que levou as editoras a se interessarem pelo livro. Best-seller no mundo inteiro o livro teve seus direitos comprados para o cinema e está sendo filmado com Matt Damon e Jessica Chastain nos papéis principais.
1 comment
… é o começo do fim de tatas religiões….não estamos sós no universo..
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